Que os polvos são fascinantes, ninguém pode negar! Com seus oito tentáculos conectados diretamente às cabeças, eles habitam todos os oceanos da Terra, mudam de cor e até amputam partes do próprio corpo espontaneamente — um processo conhecido como autotomia.
Com habilidades tão únicas, não é à toa que muitos os consideram “animais de outro mundo”, incluindo alguns cientistas. Essa crença foi a base para um estudo publicado na revista científica Science Direct.
Estudo sugere que polvos são extraterrestres
O estudo, conduzido por mais de 30 pesquisadores, sugere que a vida na Terra pode ter se originado a partir de micróbios e bactérias de origem extraterrestre.
Para o astrônomo Chandra Wickramasinghe, a Explosão Cambriana — evento ocorrido há cerca de 500 milhões de anos e que marcou o surgimento de formas de vida diversificadas no planeta — poderia ter raízes alienígenas.
Segundo os pesquisadores, a chegada de micróbios vindos do espaço teria permitido o desenvolvimento de formas de vida mais complexas, como o polvo. “O genoma do polvo possui um nível impressionante de complexidade”, apontam os cientistas, destacando ainda o cérebro altamente desenvolvido e os olhos ágeis desses cefalópodes.
Eles sugerem que a evolução das lulas para os polvos pode ter sido influenciada por genes trazidos à Terra por vírus extraterrestres.
Uma das teorias mais ousadas sugere que ovos de polvos teriam sido criopreservados por alienígenas e trazidos ao nosso planeta em cometas.
Cientistas dividem opiniões sobre possível ligação entre polvos e extraterrestres
Essas ideias, no entanto, dividem opiniões. O astrobiólogo Ivan Paulino Lima, em entrevista ao Globo, criticou duramente as conclusões. “Afirmar que algo é tão complexo que só pode ter vindo do espaço é até infantil. Existem genomas muito mais complexos do que o dos polvos”, argumenta.
Lima também destaca que estudos baseados na teoria da panspermia — ideia de que a vida na Terra se originou fora dela — carecem de comprovações científicas robustas. Ele lembra que Chandra Wickramasinghe, um dos defensores dessa hipótese, é alvo de críticas na comunidade científica por insistir em provar o conceito a qualquer custo.
O paleontólogo Mark Carnall, do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, também se manifestou. Em sua conta no X (antigo Twitter), classificou o estudo como “sem noção” e desrespeitoso aos fundamentos da biologia e da evolução dos cefalópodes.
“Há algumas palavras bonitas e referências legítimas, mas a conclusão deveria ser rapidamente descartada”, escreveu.
A associação entre polvos e extraterrestres: uma obra de ficção científica?
Embora a ficção científica frequentemente associe polvos e lulas a extraterrestres, até o momento não há nenhuma comprovação científica para sustentar essa ideia.
Suas características impressionantes, como a capacidade de adaptação, são explicadas pela evolução — um processo tão extraordinário quanto a própria possibilidade de vida alienígena.