Desde a posse como presidente dos Estados Unidos em janeiro de 2025, Donald Trump prendeu mais de 8 mil imigrantes ditos ilegais. O intuito é uma deportação em massa – mas algumas dessas pessoas voltaram aos EUA em um programa de monitoramento.
Julia Ainsley fez uma reportagem exclusiva para a NBC News e descobriu as informações com cinco fontes ligadas às operações de prisão e deportação dos imigrantes nos EUA.
Problemas logísticos
Um dos desafios de prender 8 mil pessoas por imigração ilegal nos EUA é: onde elas vão ficar? Entre a detenção e a deportação para os países natais, os imigrantes são responsabilidade dos Estados Unidos, e ficam sob a tutela do Estado.
Segundo o veículo de notícias, a infraestrutura do Immigration and Customs Enforcement (ICE, Imigração e Fiscalização Aduaneira) é limitada a cerca de 41 mil leitos e não suporta o volume de detentos levados por agentes federais nas últimas semanas.
Por isso, as agências precisaram liberar diversos desses presos nos “mutirões” federais, ao invés de mantê-los até o processo de deportação.
Quantos imigrantes foram liberados?
Embora o ICE compartilhe diariamente o número de presos por agentes federais, nenhuma das redes sociais do órgão fala sobre as solturas e nem informa volume de deportações.
Um agente disse à reportagem estadunidense que, além disso, caso o país natal da pessoa se recuse a recebê-la de volta, ela não pode seguir presa indeterminadamente nos EUA, e isso pode ser um dos motivos da liberação.
“Os agentes de lei federal fazem o que podem para manter as comunidades a salvo. Em alguns casos, a ICE precisa liberar alguns dos estrangeiros sob custódia,” disse um dos informantes.
“Prende e solta” de Trump
Durante o discurso de posse, Trump prometeu “acabar com a política de prende e solta” supostamente praticada nos governos anteriores. Dirigiu-se, principalmente, aos imigrantes liberados, após serem presos na fronteira com o México, e ficarem soltos durante análise de caso.
Porém, a prática atual da ICE é usar uma manobra conhecida há mais de uma década nos EUA: “detenção alternativa.” Basicamente, é um programa de monitoramento por tornozeleiras ou pulseiras eletrônicas.
As pessoas usam esses equipamentos para poderem ser monitoradas e traqueadas durante o processo de imigração e deportação. Outra maneira é contato telefônico constante.
Quem fica preso, quem é solto
A maioria dos detidos hoje é de pessoas presas na fronteira, informou a NBC. Enquanto isso, os “soltos” foram presos já morando nos Estados Unidos.
Outro ponto de análise do ICE é entender quais imigrantes ofereceriam um risco maior – e mantê-los sob custódia nos centros. Criminosos convictos têm mais chance de permanecerem encarcerados, mas não há parâmetro totalmente conhecido para a escolha.
Um terceiro fator é: o país de origem é conhecido por não aceitar de volta os cidadãos? A Venezuela é um dos países que menos aceita deportados, então um venezuelano sem fichas criminais deve ser prioridade na soltura.
Ainda, cuidadores e responsáveis por crianças e pessoas doentes têm prioridade para usarem monitores e poder sair das facilidades do Estado.
Violência nas prisões
Desde o início da “caça” de agentes federais e da ICE, moradores dos Estados Unidos compartilham vídeos mostrando a violência das detenções.
Muitas vezes, os responsáveis pelas prisões chegam munidos com arma de fogo e truculência, causando medo nos imigrantes e preocupação nos estadunidenses, como vizinhos e patrões dos alvos. Assista aos vídeos aqui.