‘Temos que dar o dobro para nos destacar’, diz bailarina negra que sonha integrar companhia contemporânea


Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Gabriella divide a rotina de estudante com as aulas de balé e vem se destacando em festivais do país. Gabriella Lincoln – bailarina de Juiz de Fora
Santanas fotografia/Divulgação
Muitas meninas sonham em fazer balé e danças no geral ainda na infância e com Gabriella Lincoln, de 18 anos, não foi diferente. A jovem, nascida em Juiz de Fora, começou a dançar aos 4 anos e, ainda pequena, já sabia que queria viver de arte quando crescesse.
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Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Gabriella divide a rotina de estudante com os ensinamentos de balé na Corpus Núcleo de Dança.
Desde que começou as aulas, a jovem tem se destacado em festivais de dança no país, conquistando primeiras colocações em solos de contemporâneo e variações de repertório de ballet clássico.
“Participo de festivais já tem um bom tempo e posso falar que tenho bastante experiência e, sim, sou uma das poucas bailarinas pretas que se destaca nos festivais”.
Gabriella Lincoln em apresentação de balé
Santanas fotografia/Divulgação
A jovem conquistou o primeiro lugar em três categorias do ‘Amadança Juiz de Fora 2024’, sendo consagrada a melhor bailarina do festival. Também ficou em segundo lugar no solo neoclássico do Royal Academy of Dance (RAD) e conquistou bolsa de 100% para o evento em 2025.
Agora, Gabriela aguarda o fim do ensino médio para começar a se preparar para integrar uma companhia de dança contemporânea:
“Este é o meu maior sonho”, disse
Portas fechadas para bailarinas negras
Bailarina Gabriella Lincoln
Santanas fotografia/Divulgação
Nos últimos anos, os bailarinos negros vêm revolucionando e ganhando cada vez mais espaço no mundo do balé, no entanto, Gabriella conta que a dança, principalmente o balé clássico, é um que ainda tem muitas portas fechadas para bailarinas negras:
“À medida que fui crescendo, fui vendo que era aquilo que queria para vida minha, mas realmente é um espaço limitado para nós bailarinas pretas e, com isso, temos que dar o dobro para nos destacar”, disse.
A artista ressalta que nunca vivenciou alguma situação de preconceito na dança, mas já presenciou e, por isso, é preciso que todos entendam que o racismo ainda é muito presente em todos os lugares, mesmo com espaços já conquistados.
Referências do balé
No mundo da dança, por exemplo, há grandes nomes que influenciaram na representatividade afro no ballet clássico, como Mercedes Baptista, primeira negra a fazer parte do corpo de balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1948.
Ingrid Silva também é referência. Foi do projeto social ‘Dançando Para Não Dançar’, na Vila Olímpica da Maré, e hoje ocupa o cargo de primeira bailarina da companhia Dance Theatre of Harlem, em Nova York.
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