Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19. Clube dos Surdos e Ateal já atenderam milhares de surdos na cidade. O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em Jundiaí (SP) se deve a Germano Gonçalves. Ele estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19, no Rio de Janeiro, e trouxe os conhecimentos adquiridos para a sua cidade, onde fundou a Associação Clube dos Surdos.
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“A gente precisa trabalhar com as duas línguas, tanto a Libras quanto com o português. Claro que a primeira língua será a Libras, estimulada desde bebês, e conforme crescem vão tendo também o contato com o português, na modalidade escrita, como segunda língua”, diferencia Luciane Cruz, chefe de gabinete do Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos
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O legado segue, agora com o filho, Luciano Gonçalves. Conforme as suas contas, a entidade já atendeu a mais de mil surdos.
“Já nasci no berço da Libras, porque tanto meu pai quanto minha mãe tinham a comunicação em libras como primeira língua. A Língua Brasileira de Sinais é a minha língua materna, assim digamos. Porém eu também sou uma pessoa ouvinte, que tem a língua portuguesa.
A Ateal é outro centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí. São 40 anos de um trabalho multidisciplinar. Das cabeças desses profissionais saem ideias que melhoram a comunicação de crianças e jovens surdas. A entidade atende desde o bebê em triagem neonatal até a terceira idade.
Há 40 anos, Ateal é centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí
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“Nossa preocupação é que eles tenham acesso a qualquer informação, a todo momento. Por isso esse núcleo busca muito ir atrás dessas informações, com uma rede de contatos, WhatsApp, outras associações que também trabalham com surdos, buscando o melhor caminho da informação chegar até eles”, pontua Carolina Cyrillo, supervisora de tradutores da Ateal.
“Quando eu era criança não tinha essa sinalização e informação. Às vezes eu era o único surdo ali e as pessoas ouvintes tentavam me explicar uma coisa ou outra. Era difícil. Quando eu fui crescendo e me desenvolvendo, e tive filhos, eu vi a necessidade de passar essa informação para eles. Trabalhando com as crianças surdas, eu crio para elas o que eu queria para a minha infância”, continua Leandro Ramalho, consultor de Libras da instituição.
Ele é o responsável por elaborar projetos para integrar as crianças da Ateal e criar sinais – como o que representa o nome de uma pessoa. No caso da Libras, apenas um surdo pode fazer isso. O que significa que a língua está em constante mudança.
Libras, depois português
Primeira língua dos surdos é a de sinais, e não o português
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A primeira língua dos surdos é a de sinais. Não é o português. Isso porque o português é fonético, ou seja, a pessoa o reproduz até aprender, mas a Libras é visual. Para comparação: a frase “o carro bateu na árvore” tem sujeito, verbo e predicado. Em Libras não existe essa ordem. Primeiro vem o sinal da árvore, depois a ação, “o carro bateu”.
O ensino de Libras às crianças nas escolas é garantido por lei. A advogada da Ateal, Roseli Maestrello, observa que, se o direito não for atendido espontaneamente pelos municípios, deve ser exigido na Justiça. “Para que o Poder Judiciário determine ao município que ele vá cumprir e contratar um intérprete que esteja na sala de aula com a criança”, pontua.
Ensino de Libras às crianças é um direito garantido por lei
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Conforme a gestora de Educação de Jundiaí, Vasti Ferrari Marques, as escolas municipais do município devem atender individualmente ao perfil de cada criança. “No caso de crianças surdas, a que usa aparelho ou implante, oralizada ou não, todos os aspectos do desenvolvimento dela são considerados para que tenha um tratamento individualizado e personalizado, e uma característica de cuidado e educação diferenciados para o seu melhor desenvolvimento”.
Educar em português e em Libras exige atenção aos detalhes. Em um passeio na natureza, como na Serra do Japi, existe apenas um sinal para árvore. Não há sinais para definir espécies. Por isso, a Ateal criou um guia em que as características de cada espécie são descritas em sinais.
Ensino por paixão
Na escola do Luis Felipe Santos Silva, de 10 anos, a língua de sinais é ensinada duas vezes por semana. “Aqui na escola, as crianças sabem Libras, os amigos, todo mundo. Eu me sinto feliz”
Nataniele ensina Libras para o aluno Luis Felipe, de 10 anos
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A ideia de ensinar Libras para as crianças foi da Nataniele da Silva, intérprete que acompanha diariamente o garoto nas aulas.
“Falar de Libras, para mim, é uma paixão. Você vê eles inseridos na comunidade e todos a sua volta tendo essa comunicação e acessibilidade é maravilhoso. Acho que todos deveríamos aprender Libras desde criança”.
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