COP29 termina sem consenso sobre como financiar combate ao aquecimento global


Os países mais pobres – e mais vulneráveis ao aquecimento global – esperavam que os mais ricos e poluidores se comprometessem com um investimento anual acima de 1 trilhão de dólares para projetos ligados à crise climática. Mas o número apresentado hoje aqui na COP é bem menor. Último dia da COP29, no Azerbaijão
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O último dia da Conferência do Clima da ONU, no Azerbaijão, terminou sem consenso sobre um acordo para financiar o combate ao aquecimento global.
Nessa reta final, cada palavra importa. As discussões que duraram duas semanas, até aqui, precisam agora caber em um papel. É o momento mais importante, o de fechar o acordo, e que separa o que é de fato compromisso e o que é “blá blá blá”.
Nessa COP do Azerbaijão, nenhum outro assunto superou a disputa em torno do financiamento. Os países mais pobres – e mais vulneráveis ao aquecimento global – esperavam que os mais ricos e poluidores se comprometessem com um investimento anual acima de 1 trilhão de dólares para projetos ligados à crise climática. Mas o número apresentado nesta quinta-feira (21) na COP é bem menor.
A proposta dos países ricos foi aumentar o valor prometido, dos atuais 100 bilhões de dólares por ano, para 250 bilhões até 2035. Esse número parece grande, mas é menos de um quinto do que os países emergentes esperavam.
O Brasil e outras nações em desenvolvimento defendem 1 trilhão e 300 bilhões por ano. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que acompanha as negociações da COP, criticou o valor proposto nesta quinta-feira (21).
“É insuficiente. Os países em desenvolvimento estão pedindo meios para implementar medidas que são em benefício de todo o planeta, inclusive dos países desenvolvidos”, diz a ministra do Meio Ambiente.
O dinheiro em questão vai ajudar países como o Brasil a enfrentar fenômenos extremos, que são consequência das mudanças climáticas. Além disso, vai financiar a transição das nações em desenvolvimento para uma matriz energética mais limpa.
O negociador-chefe do Azerbaijão – país-sede da COP29 – disse que o número não corresponde às metas climáticas e que vai insistir pela evolução do acordo.
Entidades da sociedade civil demonstraram indignação.
“Nossa expectativa era baixa, mas isso é um tapa na cara”, disse um especialista em política climática da África.
Marina Silva, na COP29, no Azerbaijão
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O brasileiro Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, disse que o documento apresenta falhas. Não deixa claro, por exemplo, de onde vai sair o dinheiro.
“Ele diz de forma genérica que será uma mistura de fontes públicas e privadas de recursos. Mas vale lembrar que o setor privado não é signatário desses acordos, né? Então, precisa ter claro quanto de recurso público vai ser alocado para isso”, afirma Tasso.
Essa é outra demanda dos países em desenvolvimento. Eles querem que a maior parte da ajuda climática seja financiada com recursos públicos das nações ricas. Seria uma fonte mais segura, no lugar, por exemplo, de empréstimos em bancos internacionais, que poderiam causar endividamento.
A COP oficialmente terminaria nesta sexta-feira (21), mas as negociações se estenderam madrugada adentro. A expectativa é de que os países desenvolvidos façam uma nova proposta. O acordo pode ser fechado nas próximas horas… ou dias.
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