Infusão a 94°C, sucção e cusparada: saiba como é a degustação dos melhores cafés do país


Belo Horizonte sedia a Semana Internacional do Café, evento que vai escolher o Coffee of The Year, o melhor café do país neste ano. Veja os processos e curiosidades do café
Vice-Governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões, degusta café em área de ‘cupping’
SIC/Divulgação
☕Vai um cafezinho aí? Presente na mesa de quase todo brasileiro, a semente do fruto da planta produz bebidas quentes e geladas. Pela manhã ou fim de tarde, uma xícara de café tornou-se um hábito que faz parte da rotina da maioria das pessoas. E há quem prefira tomar no período noturno, antes de dormir.
A Semana Internacional do Café (SIC), que acontece no Expominas, em Belo Horizonte , recebe expositores de todo o país. Um dos pontos altos é a premiação Coffee of The Year que elege o melhor café do Brasil.
Degustadores provam amostras de todo o Brasil. As 15 melhores classificadas vão para a final do concurso (10 amostras de arábica, 5 de canéfora).
“A parte de olfato é a primeira avaliação que é feita, a gente avalia a fragrância a seco e quando é adicionada a água, após a infusão, nós avaliamos o aroma. Então nesse intervalo entre o pó seco e o café já com água, a gente tem que avaliar se ele manteve a consistência ou se ele mudou, pra poder dar uma nota”, explicou Lucas Louzada Pereira – Diretor de Operações do Mió Coffe Limited, no Brasil.
Especialista avalia grãos de café torrado
Marcus Desimoni/Reprodução

Sucção e cusparada
No local da avaliação, ocorre uma análise sensorial descritiva, muito utilizada na indústria de alimentos para controle de qualidade e verificação baseados em normas.
A sucção consiste em espalhar o café dentro da boca, pelo palato e pela língua, para que o avaliador sinta diferentes características, como amargor, doçura, acidez e corpo (textura).
“Do ponto de vista prático, é a única forma de avaliar qualitativamente a mercadoria, pra ver se ela enquadra num grupo de café especial ou comercial (que são cafés bons, mas que não figuram numa prateleira de concurso de competição)”, falou Lucas.
Padronização e protocolos de análise
Vice-Governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões, degusta café em área de ‘cupping’
SIC/Divulgação
.
Existem protocolos internacionais que normalizam o processo. O mais famoso deles é o da Specialty Coffee Association of America (SCAA), que é um processo para avaliação de café espécie arábica:
É feita a infusão da água em 94°C.
Avaliadores esperam quatro minutos, fazem a quebra da crosta que se forma e limpam a xícara.
Quando a bebida está na temperatura de 55 a 52°C, começa a avaliação, com 12 ou 13 minutos após a infusão da água.
Todo processo dura cerca de 30 minutos.
Para o canéfora, o protocolo padrão é pelo Coffee Quality Institute (CQI), que também tem um protocolo próximo ao arábica, porém com algumas características sensoriais distintas, por conta da espécie ser diferente e ter descritores que lembram.
Ela tem notas mais acentuadas de doçura, menor acidez, e até mesmo maior percepção tátil por conta da carga de lipídios e composição química.
Como o café é feito?
“Para os arábicas, nós usamos dez gramas de café para 175 ml de água, para os canéforas, nove gramas para 175 ml de água. Então a moagem também segue um padrão de granulometria, nem tão grosso e nem tão fino,” contou Lucas.
Segundo o especialista, após a granulometria tem uma pesagem representativa de cinco xícaras, que representam uma amostra. Tudo isso é feito às cegas, para que o avaliador não tenha acesso às informações sobre quem é o produtor, de qual região é o café e qual o tipo de processo feito no pós-colheita, para não haja nenhum preconceito durante a avaliação.
O vencedor do Coffee of The Year, competição mais importante do evento, será conhecido nesta sexta-feira (22).
LEIA TAMBÉM:
Como tomar café pode fazer bem à saúde
Brasil registra recorde de exportação de café em outubro, com mais de 4,9 milhões de sacas, aponta Cecafé
Forma de preparo do café pode tornar bebida prejudicial para quem tem colesterol alto; entenda o cafestol
Entenda a diferença entre café extraforte, tradicional, gourmet e especial
Por que o preço do café está tão caro?
Café a R$ 40 o quilo: como a seca histórica está ajudando a deixar o produto mais caro
Uma xícara de café pode ser boa para você; entenda
Governo divulga mais lotes de café impróprios; entenda quais impurezas são vetadas e as permitidas por lei
Café em números
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil é o maior produtor mundial de café. O arábica representa cerca de 70% da produção nacional.
Minas Gerais, São Paulo e Paraná são os principais estados produtores.
Outra espécie de café brasileiro é o canéfora, dividido em duas variedades: conilon e robusta. Aproximadamente 30% da produção de café nacional é de conilon, produzido principalmente por Espírito Santo e Rondônia, também produtor do tipo robusta.
Exportação
De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa (SCRI), o Brasil exportou US$ 7,17 bilhões em café, de janeiro a agosto deste ano. Este valor é 45% superior ao registrado no mesmo período de 2023.
Ainda segundo a SCRI, o todo, foram comercializadas 1,82 milhões de toneladas, um aumento de 43% em relação às 1,27 milhões de toneladas exportadas no ano anterior.
As exportações alcançaram 152 países. Os principais compradores são:
Estados Unidos – US$ 1,16 bilhão
Alemanha – US$ 1,01 bilhão
Bélgica – US$ 671 milhões
Itália – US$ 589 milhões
Café verde
Globo Rural/Reprodução
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, mostram que o café verde é o principal produto exportado, representando cerca de 85% do total. Já o café solúvel (após torra e moedura), teve um aumento de 3% no montante exportado em relação ao mesmo período do ano passado.
Veja os vídeos mais assistidos do g1 Minas

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.