A personalidade inquieta, bem como a curiosidade que o impulsionava a buscar mais conhecimento para procurar entender e analisar o que se passa no mundo ou, em especial, em Santa Catarina, acabou levando Moacir Pereira a participar de diversos projetos paralelos à sua trajetória como jornalista.
Academia Catarinense de Letras, curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Histórico e Geográfico foram algumas dessas conhecidas incursões do colunista. Os mais jovens com certeza não sabem e muitos até vão desconfiar. Mas sim, o jornalista de posicionamentos fortes e críticos em relação à atuação de segmentos sindicais que considera muito engajados politicamente já foi um sindicalista.
Mais do que isso, foi o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Em 1975, no auge da ditadura militar, o nomeado então eleito para a presidência do órgão de classe foi vetado pelo governo, e o jovem Moacir assumiu a presidência. Formava, ao lado de lideranças históricas do jornalismo nacional, como Audálio Dantas (SP), Carlos Castelo Branco (DF) e colegas de outros Estados, uma frente de jornalistas que questionava a censura imposta aos veículos de comunicação.
Mas foi na ACI (Associação Catarinense de Imprensa) que o colunista político concentrou a maior parte do tempo em que não estava apurando notas para a coluna ou pesquisando para escrever os seus livros. A ACI foi criada em 1932 pelo jornalista Altino Flores, no Centro de Florianópolis, mais especificamente na rua Tiradentes.
Nos anos da ditadura Vargas e nos tempos da Segunda Guerra Mundial, a associação não se reuniu, mas em 1968, sob a batuta de Alírio Bossle, foi fundada a Casa do Jornalista, que reunia no mesmo local o sindicato, a associação dos profissionais de jornalismo e a de cronistas esportivos.
Com Osmar Teixeira, já nos anos 2000,foi formatado o regimento atual, coma ACI sendo um centro de convivência, incentivo e capacitação para os jornalistas. A sede da associação de imprensa passou a ser ponto de encontro de entidades e lideranças que buscavam uma troca de ideias com a categoria.
Moacir Pereira foi o presidente da entidade entre 2004 e 2007. Entre as novidades que marcaram sua gestão estava um acordo com o então chefe do executivo estadual, Luiz Henrique, para conceder as entrevistas coletivas do governo na sede da ACI.
Com Moacir Pereira, ACI teve negociações com o governo e sedes regionais
Durante esses eventos, as conversas entre o governador e a diretoria da ACI levaram às negociações, onde se buscava encontrar uma solução ao problema de espaço para a entidade, pois as salas no Centro da cidade já não comportavam mais as atividades.
O governo estadual se comprometeu a ceder e preparar uma área subutilizada no bairro Agronômica, com o compromisso da ACI de levar adiante um projeto para perpetuara memória da comunicação catarinense.
Ainda na gestão de Moacir Pereira, o governo iniciou as reformas. Seu grande companheiro nesses primeiros momentos de grandes transformações na entidade, o jornalista Ademir Arnon, sucedeu Moacir na presidência da ACI por 12 anos e teve o privilégio de inaugurar a nova sede da entidade, em 2018.
Ademir Arnon também deu sequência a uma ideia que surgiu na gestão de Moacir: se a entidade se chamava Associação Catarinense de Imprensa, porque não contar com sedes regionais? Em 2008, foram instaladas as sedes de Joinville, Chapecó, Blumenau e Criciúma. A caminhada para a construção do Memorial da Comunicação Catarinense foi muito mais árdua do que pensavam Moacir Pereira, Ademir Arnon e alguns obstinados.
Nova gestão e novos desafios
O grupo que sucedeu a essa combativa turma, presidido por Déborah Almada, passou a ter dois grandes desafios: ocupar efetivamente a nova (e grande) casa, para que se tornasse um centro de criação, apoio e convivência da categoria; e transformar em realidade o sonho do Memorial.
Palestras, workshops, lançamentos de prêmios, reuniões, eventos com entidades parceiras, para a comunidade, entrevistas, confraternizações, enfim, a diretoria está se empenhando para ocupar da melhor maneira possível o novo e belo espaço. A outra grande demanda, a instalação do Memorial, está sendo encaminhada.
O projeto museológico está concluído, a ACI se qualificou junto aos órgãos de fomento à cultura nos diversos níveis e está na fase de captação. A expectativa é de que a sobras se iniciem brevemente. Ademir Arnon, Moacir Pereira, Osmar Teixeira e tantos outras “lendas” do jornalismo catarinense continuam firmes, acompanhando tudo como integrantes do Conselho Superior da ACI.