As últimas décadas do século XX foram marcadas por uma série de mudanças nas práticas e papéis sociais, atingindo várias esferas que compõem o cotidiano. Uma delas foi a família: não por acaso, é comum nos dias de hoje escutarmos as pessoas dizerem que antigamente a maternidade era mais fácil no que diz respeito à criação dos filhos. E um estudo recente comprova a tese.
Especialmente aquelas mães que vêm das gerações anteriores comentam as diferenças entre ter uma criança na atualidade e no passado. Muitos são os questionamentos feitos sobre a criação dos filhos na contemporaneidade e entre os fatores contrastantes entre “o hoje e o ontem”.
Podem ser citados maiores índices de violência, assim como a maior carga de trabalho, sendo que muitas mulheres ainda não haviam adentrado o mercado profissional também. Outro aspecto frequente, com o qual é necessário lidar, diz respeito à tecnologia e a exposição excessiva dos pequenos às telas, que costuma entrar nos lares muito cedo.
Além disso, como apontam especialistas, acontece igualmente uma cobrança excessiva acerca da maternidade. Essa cobrança parte das próprias mães e de outras pessoas do círculo social, uma vez que uma espécie de “busca por resultados” traz mais ansiedade e insegurança.
A lista do que deve ser feito para uma mulher ser considerada uma boa mãe pode ser grande e não é incomum encontrarmos na internet modelos prontos para isso. Pertinente ao assunto, em nosso último estudo, 58% das mulheres disseram considerar que há 10 anos atrás era mais fácil ter filhos.
O estudo aponta que especialmente na faixa etária dos 35 aos 39 anos e dos 40 aos 44 anos, elas disseram que sim, era mais fácil no passado, com 71%.Entre os homens, 44% afirmaram também crer que foi mais fácil para as gerações anteriores. Ao todo, 65% das mulheres com filhos destacaram isso, contra 48% das mulheres sem filhos. E também 58% das gestantes apontaram que na atualidade é mais difícil ter filhos.
A tarefa mais difícil da maternidade
Em meio às dificuldades presentes quando se fala em ter filhos na sociedade atual, conciliar o trabalho e as crianças continua sendo apontado como uma das tarefas mais difíceis para elas. A rotina corrida é a maior queixa das mães, que também não se sentem valorizadas pela dedicação ao cuidado com os filhos.
Uma pesquisa recente feita pelo aplicativo Peanut, nos Estados Unidos e no Reino Unido, revelou que esse sentimento de falta de reconhecimento é quase unânime entre todas que já tiveram filhos. Das 3.615 mulheres que participaram da pesquisa, 95% dizem se sentir desprestigiadas e “invisíveis” na sociedade.
Já no Brasil, um estudo feito pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), sobre a chamada “economia do cuidado”, mostrou que 65% do trabalho doméstico, o que inclui o cuidado com os filhos e com idosos, é feito por mulheres.
O assunto gerou vários debates, vindo a ser também o tema da redação do Enem de 2023. E afim ao tópico, 71% das participantes do nosso estudo afirmaram que consideram difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo hoje em dia.
De onde a ajuda deve vir?
Ao tornarem-se mães, as mulheres recebem uma nova função — por vezes, se elas não contam com ajuda, de fato, na criação dos filhos, é como se fosse um “novo cargo”, só que não remunerado.
Para além disso, no mundo do trabalho, a mulher-mãe precisa ser boa profissional. E em nosso estudo perguntamos quem poderia melhorar a situação nesse sentido, para haver uma conciliação maior entre a família, a casa e o ofício.
Conforme 38% das integrantes da pesquisa, essa responsabilidade seria do governo, sendo que 25% delas afirmaram que isso caberia à família, 19% aos empregadores, 13% responderam que a outros e 6% disseram que a ninguém.
Entre as participantes que responderam que caberia ao governo auxiliar nessa conciliação, tal parcela se concentrou nos 30 aos 34 anos, com 40% delas. Além disso, 39% das mulheres responderam que seria o governo, contra 28% dos homens.
Entre as participantes que responderam caber à família, a maioria se concentrou na faixa etária dos 25 aos 29 anos, com 25%.Entre aquelas que responderam “empregadores”, 25%delas estão na idade entre os 35 e 39 anos, com 25%.
Ranking dos Estados em que participantes afirmaram ser difícil cuidar da casa, filho e trabalho, nos dias atuais
1.Tocantins
2.Rondônia
3.Roraima
4.Rio Grande do Norte
5.Piauí
6.Alagoas
7.Rio Grande do Sul
8.Mato Grosso do Sul
9.Amazonas
10.Pernambuco
11.Ceará
12.Distrito Federal
13.Paraíba
14.Pará
15.Bahia
16.São Paulo
17.Rio de Janeiro
18.Sergipe
19.Santa Catarina
20.Amapá
21.Minas Gerais
22.Goiás
23.Acre
24.Espírito Santo
25.Paraná
26.Maranhão
27.Mato Grosso