Aumento no estado foi de 257% no primeiro semestre em relação ao ano anterior, mas índice ainda está longe do surto de 2022. Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico.
NIAID via AP, File
Dados enviados pela Secretaria Municipal de Saúde mostram que Campinas (SP) voltou a registrar casos da mpox (antiga varíola dos macacos). Até essa quinta-feira (15), a metrópole havia confirmado 8 casos da doença.
O índice é maior que o observado em todo o ano passado, quando apenas um paciente foi infectado na metrópole. Em todo o estado de São Paulo, de janeiro a julho de 2024, foram 257% mais ocorrências do que em 2023.
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Na quarta-feira (14), a OMS anunciou que a mpox é, mais uma vez, Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Vale destacar, porém, que isso não classifica o cenário como uma pandemia (entenda abaixo).
No Brasil, 709 casos e 16 mortes por mpox foram notificados este ano — e, com os temores de um novo problema de saúde pública, o Ministério da Saúde convocou uma reunião para discutir a questão. A pasta deve atualizar as recomendações e o plano de contingência.
Campinas volta a registrar casos de mpox
Quem são os infectados?
Somando os últimos três anos, 105 casos de mpox foram confirmados em Campinas, de acordo com a Prefeitura. Com relação aos pacientes, os homens foram maioria quase absoluta: apenas 9 mulheres contraíram a doença no período.
Ainda segundo o levantamento, 43,8% dos pacientes tinham entre 30 e 39 anos. Outros 38% estavam na faixa de 20 a 29, seguidos pelo público de 40 a 49, com 9,5%. Os grupos de 10 a 19 e 50 a 59 representam 8,5%.
Apesar do alerta, não há motivo para alarde
O alerta da OMS é importante porque busca desencadear uma resposta internacional coordenada, além de desbloquear financiamento para colaboração no compartilhamento de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico. É uma questão técnica e não declara uma pandemia.
A principal razão da declaração da OMS é o surgimento de uma nova variante do vírus, que causa maior mortalidade e que está circulando, até o momento, apenas na África Central. Os casos confirmados em Campinas e em todo o país são da outra variante, a mesma dos últimos anos.
Para a infectologista Valéria Almeida, o aumento na metrópole está ligado, na verdade, ao aumento na testagem. “Os profissionais de saúde, ouvindo falar desses casos que estavam aumentando, começaram a pedir mais exames. Por isso é importante saber que está em circulação um vírus novo”.
“As pessoa estão diagnosticando mais. Essa cepa que a gente tinha em circulação dava uma doença, as vezes, pouco sintomática, restrita. Ela tinha uma característica de ser mais na transmissão sexual e, muitas vezes, dava poucas lesões”, completa.
O que é a mpox e quais os sintomas?
A mpox é uma zoonose viral: uma doença que foi transmitida aos humanos a partir de um vírus que circula entre animais. Antes do surto de 2022, ocorria principalmente na África Central e Ocidental, sobretudo em regiões perto de florestas, pois os hospedeiros são roedores e macacos.
Entre os principais sintomas da doença, estão:
febre,
dor de cabeça e dores no corpo,
dor nas costas,
calafrios,
cansaço,
feridas na pele (erupções cutâneas) e
gânglios inchados (que comumente precedem a erupção característica da doença)
As complicações são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico. Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.
Tem cura? Pode matar?
A mpox pode, sim, matar. No entanto, a taxa de mortalidade na cepa que circula atualmente no Brasil é considerada baixa em comparação ao novo tipo. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, o tratamento dos casos de mpox tem se sustentado em medidas de suporte clínico com o objetivo de:
aliviar sintomas
prevenir
tratar complicações
evitar sequelas
A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves e moderados. Até o momento, não se dispõe de medicamento aprovado especificamente para mpox.
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