Avião que caiu em Vinhedo estava em “parafuso chato”; entenda o termo

Avião ATR-72 é gravado sem controle durante quedaImagem de aplicativo de mensagem

Três oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) informaram ao UOL que o avião envolvido no acidente em Vinhedo (SP) perdeu sustentação e desceu girando até o impacto com o solo. Essa condição é conhecida como “parafuso chato”, um tipo de descida vertical rotacional que ocorre quando o ar que passa sob a asa da aeronave não é suficiente para mantê-la no ar. Para a aeronave se manter voando, é crucial que o ar que passa sob a asa seja mais rápido que o ar que passa sobre a asa, o que requer deslocamento horizontal.

O “parafuso chato” é uma situação perigosa e sua recuperação é extremamente difícil em baixa altitude. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está conduzindo a investigação para determinar as causas do acidente, mas ainda não há um prazo para a divulgação do relatório preliminar ou do relatório final.

No momento do acidente, o avião estava a uma altitude de 17 mil pés às 13h20. Apenas dois minutos depois, a altitude havia reduzido para 4.000 pés, e o sinal de GPS foi interrompido. O avião envolvido era um ATR-72, que transportava 57 passageiros e quatro tripulantes. O voo partiu de Cascavel (PR) e tinha Guarulhos (SP) como destino.

Este acidente é o primeiro registrado pela companhia VoePass desde sua mudança de nome de Passaredo, e é o mais mortal na aviação comercial brasileira em 17 anos.

O Cenipa confirmou a recuperação das duas caixas-pretas do ATR-72. Uma caixa-preta registra as comunicações dos pilotos, enquanto a outra grava dados da aeronave, como velocidade e altitude. Estas serão analisadas em laboratórios especializados para extrair as informações relevantes para a investigação.

Técnicos do Canadá e da França foram convocados para ajudar nas investigações, seguindo o protocolo para assistência de fabricantes de aeronaves e peças.

Caso haja dificuldades na obtenção dos dados, existe a possibilidade de que as caixas-pretas sejam enviadas para o exterior.

Até o momento, o Cenipa não confirmou se a formação de gelo pode ter contribuído para o acidente. O brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, explicou que as informações meteorológicas estavam disponíveis para os pilotos durante o planejamento do voo. A aeronave ATR-72 estava certificada para voar em condições de gelo, e possui sistemas para prevenir a formação de gelo nas superfícies.

Relatos não confirmados indicam que o controle aéreo pode ter negado o pouso em um aeroporto alternativo. O Cenipa ainda não confirmou essas informações, e o órgão continua a investigar todos os aspectos do acidente.    O avião, operado pela Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, decolou às 11h56 de Cascavel e caiu em Vinhedo às 13h25, na Rua Edueta, próximo ao número 2.500 e à rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324). A aeronave transportava 58 passageiros e quatro tripulantes. Todos morreram.

“Flat spin”

O termo “parafuso chato” refere-se a uma condição de voo perigosa conhecida como “flat spin” em inglês. É uma situação em que uma aeronave entra em uma rotação descontrolada ao redor de seu eixo vertical enquanto está em uma atitude de inclinação quase horizontal. Isso pode ocorrer quando a aeronave perde controle durante manobras extremas ou devido a erros de pilotagem.

Durante um “parafuso chato”, a aeronave pode girar rapidamente, o que pode levar a uma perda significativa de altitude e velocidade, tornando difícil para o piloto recuperar o controle. O “parafuso chato” pode ser causado por vários fatores, incluindo:

  • Perda de sustentação: Se a aeronave perde a sustentação de uma ou ambas as asas, pode entrar em uma rotação descontrolada.
  • Ação inadequada dos controles: Movimentos errados ou excessivos dos controles podem induzir uma rotação descontrolada.
  • Estabilidade inadequada: Algumas aeronaves têm menos estabilidade em certas condições, tornando-as mais propensas a entrar em um parafuso chato.

Recuperar de um parafuso chato geralmente requer técnicas específicas de pilotagem, como aplicar a potência adequada, ajustar os controles e usar técnicas de recuperação de emergência. Treinamento adequado e compreensão das características da aeronave são essenciais para evitar e lidar com essa condição perigosa.

   

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