
A fusão entre PSDB e Podemos, aprovada por unanimidade pela Executiva Nacional tucana na última terça-feira (29), foi articulada para criar uma legenda de centro com estrutura suficiente para disputar protagonismo nas eleições gerais de 2026.
Com 28 deputados federais e sete senadores somados, o novo partido — provisoriamente chamado de PSDB+Podemos — se posiciona como a sétima maior bancada da Câmara e empata com o União Brasil como a quarta maior do Senado.
O objetivo é lançar candidatura própria à Presidência da República, ampliar a representação no Congresso e disputar governos estaduais. A sigla trabalha com a meta de eleger ao menos 40 deputados federais.
O nome mais cotado para a corrida presidencial é o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que votou a favor da fusão, mas ainda avalia se continuará na nova legenda.
Uma convenção nacional do PSDB foi convocada para 5 de junho, quando será debatido o novo estatuto e o programa partidário.
Em seguida, uma convenção conjunta das duas siglas elegerá a direção nacional e definirá nome, número e símbolo da nova legenda. O processo deve ser encerrado até julho, com o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O número 20, utilizado pelo Podemos, deve substituir o 45 do PSDB. Há possibilidade de o tucano ser mantido como símbolo gráfico da nova sigla. A presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), é o nome indicado para assumir a presidência do novo partido.
Em nota, as direções partidárias informaram que o programa manterá a linha social-democrata, com diretrizes liberais na economia e foco em “pragmatismo político”.
O cientista político Marcelo Alves, em entrevista ao iG, analisou: “O PSDB tem a rejeição da esquerda por ter sido um adversário histórico do PT e também dos bolsonaristas, por causa do ex-governador João Doria, que se colocou contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) na pandemia, e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que apoiou publicamente o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022. O partido precisou encontrar uma maneira de suavizar sua imagem diante do eleitor e essa fusão é o caminho”.
O cientista explica que o PSDB usará o número do Podemos e quer um novo nome para não diminuir sua rejeição. “Lideranças do partido entenderam que eles não conseguiram ser mais o PSDB do passado, que monopolizou a direita durante décadas”, relembrou.
“A morte do Bruno Covas e a derrota em São Paulo, em 2022, foram pesadas e o partido não soube se movimentar, tanto que se enfraqueceu no Congresso. Essa fusão com o Podemos é uma forma de recuperar poder, recursos financeiros e se realocar no jogo”, completou Marcelo Alves.
Negociações

A legenda já negocia federação com o Solidariedade, com foco em ampliar a base nos estados e buscar puxadores de voto regionais, como Marília Arraes (PE).
Segundo Marcelo Alves, “com os recursos do Podemos e a estrutura do PSDB, a tendência é que esse novo partido seja competitivo em 2026 para deputados estaduais e federais e até mesmo senadores”.
Resistências
A fusão, contudo, enfrenta resistências regionais em estados como Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, onde as siglas têm alianças divergentes.
Lideranças como a governadora Raquel Lyra (PE) e o governador Eduardo Riedel (MS) já deixaram ou avaliam sair do partido, respectivamente.
Um abaixo-assinado com 111 assinaturas liderado por Mário Covas Neto foi entregue à Executiva Nacional do PSDB pedindo a preservação da identidade tucana.