Micael Sales, fisioterapeuta e missionário de Governador Valadares, viajou para Roma para acompanhar a canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo millenial. Ele havia acabado de desembarcar em Roma quando ouviu as sirenes anunciando a morte do papa Francisco. Micael Sales, de 29 anos, é natural de Governador Valadares, e foi ao Vaticano para acompanhar a canonização de Carlo Acutis
Arquivo pessoal
O fisioterapeuta e missionário Micael Sales, natural de Governador Valadares, chegou a Roma na manhã desta segunda-feira (21) com a expectativa de participar de um momento histórico para a Igreja Católica: a canonização de Carlo Acutis, o primeiro beato considerado “santo millennial”. Mas o que era para ser uma viagem de celebração se transformou em um dia de luto coletivo no Vaticano.
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“A gente escutou as sirenes tocarem […] A gente não sabia o que era, porque a gente não conhece, né? A gente achou que era alguma coisa com relação ao jubileu. Mas assim que tocou a sirene, os sinos tocaram também. Foi aí que a gente viu a notícia pelo Instagram do Vaticano” afirmou.
A viagem foi planejada meses antes por um grupo de cinco missionários brasileiros que se mobilizaram para acompanhar de perto a canonização de Carlo Acutis, beatificado em 2020 e considerado um símbolo da juventude católica moderna. A cerimônia, no entanto, foi suspensa após o anúncio da morte do Papa Francisco, o que transformou a peregrinação dos fiéis em um momento de silêncio e homenagem.
“Viemos prestigiar o nosso amigo Carlo, mas acabamos no velório de outro amigo”, disse Micael.
Ao saberem da morte do pontífice, Micael e os demais missionários seguiram para a Praça de São Pedro, onde viram a comoção se espalhar entre peregrinos de todo o mundo. Segundo ele, muitos ainda não sabiam da notícia quando chegaram ao local, e era possível observar o exato momento em que as informações começavam a circular entre os presentes.
“As pessoas na fila não sabiam. A gente viu as pessoas recebendo as notícias pelo celular, pessoas do mundo todo olhando pelo celular e vendo a notícia […] Pessoas começaram a prestar homenagens, com camisas, com velas, rezando o rosário.”
Em 2023, Micael foi escolhido como um dos sete líderes mundiais da saúde a atuar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa
Arquivo pessoal
Além de missionário, Micael é fisioterapeuta e tem um histórico de participação em grandes eventos da Igreja Católica. Em 2023, foi escolhido como um dos sete líderes mundiais da saúde a atuar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, onde foi responsável pela logística de acessibilidade de autoridades religiosas e peregrinos com deficiência.
O compromisso com essa causa vem de sua própria vivência familiar. Micael perdeu o irmão, que era deficiente, aos 13 anos, e desde então passou a atuar ativamente dentro da Igreja em defesa da inclusão de pessoas com deficiência nos espaços religiosos.
“O papa pedia muito a inclusão de pessoas com deficiência na igreja […] E para mim isso foi muito especial, porque meu irmão era uma pessoa com deficiência. Então eu sempre lutei na igreja para inclusão de pessoas com deficiência também”, contou.
Questionado sobre como definiria Francisco, Micael foi categórico.
“Para mim, ele é um representante de Cristo, um representante de Pedro na Terra. Então, para mim, ele foi um bom católico, assim como todos os papas. […] O sentimento que tenho hoje é de tristeza, principalmente por ele ter acreditado em mim de forma particular.”
Morte do papa Francisco
Papa Francisco esteve em Aparecida, em 2013
Bruno Miani/A Tribuna Jornal
O Vaticano anunciou, na manhã desta segunda-feira (21), a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. O pontífice cupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos. Ele se recuperava de uma pneumonia nos dois pulmões após ter ficado 38 dias internado.
Francisco foi eleito em março de 2013, tornando-se o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro da Companhia de Jesus, ordem dos jesuítas. Nascido Jorge Mario Bergoglio, ele ficou conhecido por seu estilo simples, aproximação com os mais pobres e defesa de uma Igreja mais acolhedora e próxima das periferias sociais e geográficas.
De acordo com informações reveladas pelo Vaticano, a morte dele foi causada por um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
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