
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (13) que não houve qualquer exceção em relação às tarifas comerciais anunciadas em sua nova política econômica.
A afirmação foi feita por meio de publicações na plataforma Truth Social, dois dias após o governo confirmar medidas de retaliação comercial contra diversos países.
“Ninguém se livrará das balanças comerciais injustas e das barreiras tarifárias não monetárias que outros países usaram contra nós, especialmente a China, que, de longe, nos trata pior”, escreveu Trump.
Em outra publicação, ele afirmou que os Estados Unidos não serão “reféns de outros países” e destacou a necessidade de reforçar a produção doméstica.
As declarações ocorreram após rumores sobre possíveis concessões feitas a países aliados, como México e Canadá, gerando dúvidas sobre a uniformidade da aplicação das tarifas.
A mensagem de Trump tem como objetivo reiterar sua posição diante das especulações e reafirmar que a política tarifária será aplicada sem flexibilizações amplas.
As medidas foram apresentadas pelo presidente em 2 de abril, em um evento classificado por sua equipe como o “Dia da Libertação”.
A ação incluiu tarifas recíprocas contra mais de 180 países, com alíquotas entre 10% e 50%. O argumento central é a correção de supostos desequilíbrios nas relações comerciais.
Entre os países afetados, o Brasil recebeu a alíquota mínima de 10%. Já a China, principal alvo da política, foi submetida a uma tarifa adicional de 34%, somada a uma já existente de 20%. Alguns setores foram atingidos de forma específica, como o aço e o alumínio (25%) e os automóveis (também com 25%).
Em resposta às retaliações chinesas, que elevaram as tarifas sobre produtos norte-americanos para até 125%, Trump anunciou, na última quarta (9), o aumento das tarifas contra produtos chineses para o mesmo patamar. A elevação se somou a taxas anteriores, totalizando 145%.
No mesmo dia, o governo norte-americano anunciou uma redução temporária das tarifas para 10% para todos os países, com exceção da China, durante um período de 90 dias. México e Canadá receberam isenções parciais para produtos cobertos pelo acordo comercial USMCA, mas mercadorias fora do tratado continuam sob taxas de 25%.
A escalada comercial teve impacto imediato nos mercados financeiros. No dia 4 de abril, o Ibovespa recuou 2,96%, e bolsas nos Estados Unidos perderam, juntas, US$ 6 trilhões em valor de mercado.
O dólar subiu para R$ 5,83 no mesmo período. Após o anúncio da pausa de 90 dias, os mercados esboçaram recuperação, embora o cenário siga instável.
Repercussão
No Brasil, o Senado aprovou a chamada Lei da Reciprocidade Econômica, autorizando o governo a adotar medidas de retaliação. O Executivo ainda não anunciou ações concretas, mas indicou que busca negociações bilaterais para proteger setores como etanol, aço e alumínio.
A China prometeu ampliar as medidas contra os Estados Unidos, com tarifas que passaram de 84% para 125% no sábado (12). Autoridades afirmaram que continuarão respondendo enquanto a política tarifária americana permanecer em vigor.
A União Europeia também sinalizou possíveis contramedidas. Líderes de países como França e Itália demonstraram preferência por negociações, na tentativa de evitar uma nova escalada no conflito comercial.
A OMC (Organização Mundial do Comércio) estima que o conjunto de tarifas pode provocar uma retração de 1% no comércio global ainda em 2025. Analistas econômicos têm comparado as medidas às tarifas Smoot-Hawley de 1930, que precederam a Grande Depressão nos Estados Unidos.