
Com uma receita sustentável à base de abóbora, inspirada no pai, Maria Angélica, moradora de Marília (SP) representou o Brasil no país europeu após conquistar o segundo lugar em uma competição nacional. Pizzaiola de Marília que só provou pizza aos 23 anos representa o Brasil em campeonato mundial na Itália
Arquivo Pessoal
Maria Angélica Pereira Matos tem 35 anos. Aos 23, entre idas e vindas e após a família passar por dificuldades financeiras, pôde experimentar sua primeira pizza. Depois disso, virou pizzaiola e confeiteira e viajou para Parma, na Itália, onde representou o Brasil no maior concurso mundial de pizzas, o Pizza World Champions.
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Apaixonada por culinária desde a infância, Maria é moradora de Marília, no interior de São Paulo, e diz que o fato de ter experimentado uma pizza após a fase adulta é algo simbólico para ela.
“Eu acho que isso é muito significativo, considerando também que eu, até os meus 23 anos, nunca tinha comido uma pizza, né? Tô com 35, então a pizza é algo até recente na minha vida”, conta.
Angélica conquistou uma vaga para o campeonato internacional ao ficar em segundo lugar no Selection SP, uma competição nacional de pizzaiolos. O Pizza World Champions ocorreu entre os dias 8 e 10 de abril em Parma, a 400 quilômetros de Roma.
A competição é dividida em diversas categorias. Angélica competiu com sua especialidade, a Pizza Romana in Pala, mesma receita com a qual venceu sua categoria na etapa brasileira.
“A Romana in Pala é um estilo muito comum em Roma, já bem difundido aqui na Itália, mas ainda pouco conhecido no Brasil. É uma pizza mais alta, com mais massa, e vendida por pedaço. Aqui, é refeição do dia a dia”, explicou ela.
Apesar de não ter ficado entre os finalistas, Angélica avaliou sua participação como extremamente positiva por estar ao lado de grandes nomes da gastronomia e ter adquirido ainda mais conhecimento.
“Ganhar não é o principal. É uma competição muito disputada, com os melhores pizzaiolos do mundo, de grandes pizzarias, inclusive vencedores de outras edições. Só estar aqui já é uma conquista enorme”, afirmou.
‘Pizza ecológica’ com sabor de afeto
O tema deste ano na competição foi a pizza ecológica, conceito que propõe o uso integral dos ingredientes, sem desperdício.
Inspirada no pai, que a criou sozinho e sempre aproveitou todos os alimentos disponíveis, Angélica desenvolveu uma receita sustentável. Sua criação foi uma pizza de abóbora com pepperoni feita a partir da casca do legume.
“Fiz uma base de creme de abóbora, pesto com sementes da abóbora e um pepperoni com a casca. E olha, os jurados gostaram! Teve um que até pediu outro pedaço”, contou, animada.
Pizza Romana in Pala feita por moradora de Marília (SP) em concurso internacional na Itália
Arquivo Pessoal
Campanha para chegar até Parma
A ida à Itália foi possível graças a rifas, vaquinhas e apoio de empresas que cederam espaço para os pizzaiolos treinarem. Chegar com antecedência foi fundamental, já que a farinha italiana tem características diferentes da brasileira.
“As pizzas que faço no Brasil não saem iguais com os ingredientes daqui. Por isso precisei vir antes, testar tudo. E ainda assim, a gente só descobre se deu certo na hora”, explicou.
Pizzaiola que só provou pizza aos 23 anos representa o Brasil em campeonato mundial na Itália
Arquivo Pessoal
Do magistério à panificação
Formada e com mestrado em pedagogia, Angélica se reinventou durante a pandemia da Covid-19, ao não conseguir emprego na área.
Começou vendendo pães artesanais com fermentação natural e, com o sucesso, abriu uma padaria onde também vende suas pizzas de massa artesanal.
“Assim que finalizei o mestrado, não consegui emprego. Passei outro período difícil, e foi aí que me reinventei. Uma semana depois de abrir a padaria, participei do Selection e ganhei. Isso me levou até Parma.”
Pizza Romana in Pala feita por moradora de Marília (SP) em concurso internacional na Itália
Arquivo Pessoal
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