Pela primeira vez na história, cientistas capturam sons emitidos por tubarões

Por muito tempo, acreditava-se que os tubarões eram completamente silenciosos, utilizando a furtividade para caçar e evitar predadores.

No entanto, um novo estudo publicado na quarta-feira (26), na revista Royal Society Open Science, revelou algo surpreendente: cientistas conseguiram gravar os sons dos tubarões pela primeira vez.

Pesquisadores escutaram pela primeira vez os sons dos tubarões-de-plataforma

Pesquisadores registram pela primeira vez os sons dos tubarões – Foto: Paul Caiger/Reprodução/ND

Os pesquisadores estavam conduzindo experimentos comportamentais no Leigh Marine Laboratory, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, quando perceberam que tubarões-de-plataforma (Mustelus lenticulatus) — pequenos tubarões que vivem no fundo e são nativos do país — produziam cliques distintos ao serem manuseados debaixo d’água.

O fenômeno foi observado em 10 jovens da espécie, e os sons eram frequentes nos primeiros contatos, mas diminuíam conforme os testes avançavam.

A autora principal do estudo, Carolin Nieder, da Woods Hole Oceanographic Institution, explicou que os cliques podem estar relacionados a respostas defensivas ou sinais de estresse.

Segundo ela, na natureza, esses sons podem funcionar como uma distração momentânea para ajudar os tubarões a escapar de predadores.

De onde vêm os sons dos tubarões?

Segundo o portal Live Science, diferentemente de muitos peixes, os tubarões não possuem bexigas natatórias, órgãos usados por diversas espécies para produzir sons.

Com isso, a principal hipótese dos pesquisadores é que os sons sejam produzidos pelo estalo dos dentes quando as mandíbulas se fecham rapidamente.

Essa espécie possui uma dentição em formato de placas, ideal para esmagar presas com casca dura, como caranguejos, o que pode estar relacionado à geração desses sons dos tubarões.

Ainda não está claro se os cliques são produzidos intencionalmente ou se são apenas um reflexo involuntário ao estresse. Nieder ressaltou que mais pesquisas serão necessárias para entender melhor o fenômeno e descobrir se outras espécies de tubarões também produzem sons semelhantes.

Outro ponto intrigante é que os tubarões possuem um alcance auditivo extremamente baixo, enquanto os cliques registrados apresentam frequências mais altas. Isso indica que, provavelmente, os sons não servem para comunicação entre indivíduos da mesma espécie.

No entanto, predadores naturais do tubarão-de-plataforma, como o lobo-marinho-da-nova-zelândia (Arctocephalus forsteri), são sensíveis a essas frequências e podem se assustar com os sons dos tubarões.

Pesquisas futuras devem explorar se espécies próximas ao tubarão-de-plataforma também possuem essa capacidade e se esses sons podem ser uma forma de comunicação dentro do mundo subaquático.

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