
Nove biofertilizantes que já existem no mercado estão sendo testados em uma fazenda experimental da Ufes, em São Mateus, no Norte do estado. Produto que atua com ‘protetor solar’ para folhas de pés de café é testado em São Mateus
A região Norte do Espírito Santo é a que tem a maior produtividade de café conilon do estado, mas, nos últimos meses, o calor extremo, com temperaturas máximas se aproximando dos 40° C, os cafezais acabaram sofrendo impactos que podem prejudicar a formação dos grãos para a próxima colheita, prevista para começar em maio.
Para tentar minimizar os problemas dessa e de colheitas dos próximos anos, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) realiza uma pesquisa com o apoio de alunos de Agronomia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para avaliar a eficiência de bioinsumos, que funcionam como uma espécie de protetor solar para as folhas de um pé de café.
O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. Em 2024, foram mais de 11 milhões de sacas produzidas.
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Pesquisadores testam eficiência de ‘protetor solar’ em pés de cafés em São Mateus, no Espírito Santo, para evitar impacto das altas temperaturas.
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Nove produtos diferentes estão sendo testados em uma fazenda experimental da universidade em São Mateus.
O objetivo é avaliar a capacidade destes protetores solares de minimizar o excesso de radiação no processo fotossintético e na produção de grãos.
Por enquanto, os resultados são positivos, como explicou a pesquisadora do Incaper, Sara Dousseau.
“A ideia desse projeto é desenvolver um plano de manejo para conseguir produzir café mesmo em condições de temperaturas altas e ambientes mais secos. A gente já tem resultados que apontam para a diminuição em cerca de 1°C da temperatura. Isso considerando a planta como um todo é uma grande minimização de temperaturas elevadas”, disse.
Além das altas temperaturas, os testes simulam um cenário de seca.
“Nessa lavoura, a gente simula também uma redução da quantidade de água irrigada, para imaginar o que acontece em um cenário de seca. Então, os testes são feitos para conseguirmos ver a tecnologia mais adequada e com melhor resposta tanto diante de temperaturas extremas, como em ambientes de limitações hídricas”, detalhou Sara.
Aplicação com pulverizadores e drone
Pesquisadores testam eficiência de ‘protetor solar’ em pés de cafés em São Mateus, no Espírito Santo, para evitar impacto das altas temperaturas.
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A aplicação do protetor solar nos pés de café acontece com pulverizadores tradicionais e também com o uso de drone, sempre no final da tarde. Três dias depois, os pesquisadores fazem uma nova avaliação da eficiência fotossintética.
“A gente tem avaliações de 3 dias, 7 e 14 dias, para gente ver até quanto tempo essa tecnologia consegue manter a proteção da planta. Já conseguimos ver que dessas nove tecnologias avaliadas, quatro produtos têm se destacado em melhorar a temperatura da planta e a fotossíntese”, avaliou Sara.
Medição de troca gasosa e energia gerada
Pesquisadores testam eficiência de ‘protetor solar’ em pés de cafés em São Mateus, no Espírito Santo, para evitar impacto das altas temperaturas.
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Os bioinsumos testados já existem no mercado, registrados como biofertilizantes ou fertilizantes orgânicos e comprados para a pesquisa. O que os pesquisadores querem saber é o nível de proteção que eles oferecem.
Todos eles são tecnologias que combinam a utilização de aminoácidos e cálcio, combinando a reflexão de luz e proteção interna da planta.
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Após a aplicação do ‘protetor solar’, os pesquisadores medem diretamente nas folhas a troca gasosa, ou seja, a entrada e saída de CO2; e a quantidade de energia gerada. Para isso são utilizados dois aparelhos que fazem a avaliação.
“Com o primeiro aparelho, a gente consegue colocar uma quantidade de CO2, fornecer a luz e fazer a medição da fotossíntese, para ver como a planta está, e avaliar qual vai ser a produtividade, se a planta está respondendo bem aos tratamentos que estão sendo aplicados. Com o segundo equipamento, a gente mede a eficiência da absorção de luz pela planta”, explicou a coordenadora de pesquisa, Janyne Soares Pires.
Encerrado o período de testes e levantamento de dados, os resultados são analisados no laboratório do Incaper. A intenção é que a pesquisa indique para o agricultor qual produto no mercado é mais eficiente.
Números do café conilon no estado
Café conilon produzido na fazenda experimental da Ufes, em São Mateus. Espírito Santo.
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De acordo com dados do Incaper, o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. É responsável por até 20% da produção do café robusta do mundo.
O conilon é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes.
Atualmente, existem 283 mil hectares plantados de conilon no Estado. São 40 mil propriedades rurais em 63 municípios, com 78 mil famílias produtoras. O café conilon gera 250 mil empregos diretos e indiretos.
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