Mais jovens procuram a polícia para relatar abordagens após vereador ser preso por suspeita de abuso em MG


Vereador Marcelo Henrique de Mello Alves (PODE), de Nepomuceno (MG), foi preso suspeito de abusar de adolescente de 15 anos. Mais jovens procuram a polícia para relatar abordagens após vereador ser preso
Pelo menos outros dois jovens que teriam sido abordados pelo vereador Marcelo Henrique de Mello Alves (PODE), de Nepomuceno (MG), preso suspeito de abusar sexualmente de um adolescente de 15 anos, prestaram depoimento na delegacia. O vereador continua preso no Presídio de Lavras.
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Segundo o delegado responsável pelas investigações, Bruno Bastos, após a exposição do caso, outros adolescentes procuraram a polícia para dizer que foram abordados pelo vereador.
“Agora com a prisão do vereador, outros adolescentes que foram abordados por esse vereador, tomaram a iniciativa de procurar a Polícia Civil buscando relatar que foram abordados por esse vereador no mesmo sentido que ele buscava manter essa relação sexual com eles. Eles foram ouvidos na delegacia, foram formalizados seus depoimentos e esses depoimentos vão auxiliar a gente na conclusão desse caso que gerou a prisão do vereador”, disse o delegado.
Ainda segundo o delegado, esses adolescentes não são considerados vítimas, já que não houve a prática de crime.
“Nesses casos específicos não houve a prática de crime, então a gente não considera eles como vítimas, mas o depoimento dele serve para a gente embasar a investigação do caso à prisão do vereador porque demonstra a propensão dele a praticar esse tipo de conduta, de abordar adolescentes, tentar convencê-los a praticar relação sexual. Então isso auxilia a reforçar a investigação nesse sentido”, disse o delegado.
Vereador preso suspeito de abusar de adolescente de 15 anos em MG diz que relação sexual foi consensual
Reprodução EPTV
Ainda conforme Bruno Bastos, existe a suspeita de que outros menores possam ter sido vítimas do vereador.
“Sim, supostas vítimas, outros adolescentes que teriam sido abordados pelo vereador já foram informados à Polícia Civil. Então a gente busca agora identificar quem são esses adolescentes, porque as informações que chegam são de forma informal. A gente vai tentar agora trazer isso tudo para dentro do inquérito, tudo ser formalizado para que a gente possa usar isso no inquérito policial”, completou.
Ainda conforme o delegado, todas as pessoas que têm direta com o caso que gerou a prisão do vereador já foram ouvidas no inquérito policial, que deve ser concluída em breve.
Vereador disse que ato com adolescente foi consensual
O vereador Marcelo Henrique de Mello Alves (PODE) disse em depoimento à polícia que manteve relação sexual com o menino, mas afirmou que foi consensual. Segundo o delegado que investiga o caso, o vereador poderá responder por violação sexual mediante fraude.
“Durante seu depoimento ele confessou que manteve a relação sexual com o adolescente, porém, segundo ele, tudo teria sido de forma consensual. Ele negou que em qualquer momento o adolescente tivesse demonstrado ali alguma negativa no consentimento dele”, disse o delegado Bruno Bastos.
Segundo o delegado responsável pelo caso, a Polícia Civil acredita que ele ficará preso já que o nome dele também é vinculado a outros crimes.
“Ele vem tendo seu nome vinculado a vários crimes recentemente em Nepomuceno. Então é um indivíduo que em liberdade oferece risco à segurança pública de Nepomuceno, à ordem pública, porque vem tendo seu nome, como eu disse, vinculado a diversos tipos de crime aqui na cidade”, disse o delegado.
Relato de abuso
Segundo o boletim de ocorrência registrado sobre o caso, na última terça-feira (25), plantonistas da Santa Casa de Nepomuceno acionaram a polícia dizendo que havia dado entrada na instituição um adolescente vítima de abuso sexual. Conforme relato dos médicos, a vítima procurou a vice-diretora da escola onde estuda e relatou o abuso.
Segundo a polícia, o menor relatou que o abuso ocorreu após conversas pelo Whatsapp. Na data dos fatos, o vereador teria convidado o adolescente a ir até a casa dele para lhe entregar algo.
Vereador é preso suspeito de abusar sexualmente de adolescente em Nepomuceno
Reprodução / Redes Sociais
No entanto, ainda conforme relato da vítima, ao chegar na casa e entrar em um quarto, o vereador teria fechado a porta e cometido o ato sexual sem consentimento da vítima. Os sinais de abuso foram constatados pela equipe médica da Santa Casa.
Para a Polícia Militar, o vereador negou as acusações, dizendo que não recebeu ninguém em sua residência e que desconhecia o menor.
O g1 tenta contato com a defesa do vereador e vai atualizar esta reportagem assim que ela se manifestar.
Câmara e prefeitura se manifestam
A Prefeitura de Nepomuceno emitiu nota em que manifesta repúdio aos atos de “pedofilia e estupro de vulnerável”. Sem citar o nome do vereador, a nota assinada pelo prefeito Elias Natal Lima de Menezes também diz que “nos comprometemos a colaborar com as autoridades competentes para garantir que os infratores sejam devidamente responsabilizados, e que as vítimas recebam o apoio necessário para superar o trauma imposto por essas atrocidades”.
Também sem citar o nome do vereador, a Câmara Municipal publicou uma nota, afirmando que repudia quaisquer atos que atentem contra a dignidade e a integridade de crianças e adolescentes e que confia nas autoridades para a apuração dos fatos.
A nota não faz referência às atitudes que a Casa tomará em relação ao caso do vereador Marcelinho. Veja a íntegra da nota abaixo:
“Nota de repúdio
A Câmara Municipal de Nepomuceno, por meio de sua Presidência, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio a quaisquer atos que atentem contra a dignidade, a integridade física, psíquica e sexual de crianças e adolescentes.
A prática de crimes como a pedofilia e o estupro de vulneráveis configura grave violação aos direitos humanos, — afrontando — princípios — fundamentais consagrados na Constituição da República Federativa do Brasil, no Estatuto da Criança e do Adolescente e em tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.
A Câmara Municipal reafirma seu compromisso com a legalidade, a moralidade e a proteção integral da infância e da juventude, confiando plenamente nas instituições competentes para a apuração rigorosa dos fatos, com respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório.
Reitera, ainda, que a responsabilização de eventuais envolvidos deve ocorrer com base em provas e nos trâmites legais pertinentes, sendo inadmissível — qualquer —tipo de impunidade, especialmente quando se trata de crimes que geram tamanha repulsa social.
Por fim, esta Casa Legislativa reforça que continuará —atuando com responsabilidade e transparência, sempre em consonância com os valores democráticos e com o interesse público.
Tullio lan Marangoni de Morais Presidente da Câmara Municipal Nepomuceno”
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