Familiares e colegas de escola se despedem de jovem atropelada por carro do governo em faixa do BRT; ‘Dor que vai ficar pra sempre’, diz mãe


Fernanda Vitória, de 17 anos, foi atingida por um carro do Governo do RJ que passava irregularmente pelo corredor exclusivo do BRT. Motorista é investigado e responde por homicídio culposo. ‘Quero que esse homem seja preso, porque ele tirou a minha filha dos meus braços’, diz mãe. Familiares e colegas de escola se despedem de jovem atropelada por carro do governo em faixa do BRT
O corpo da estudante Fernanda Vitória Cavalcante Alves foi enterrado na tarde desta quinta-feira (27) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
A jovem de 17 anos foi atingida por um carro do Governo do RJ que passava irregularmente pelo corredor exclusivo do BRT, na manhã de terça-feira (25). Ela tinha acabado de sair da escola.
Abraçada a flores, a mãe foi ao cemitério se despedir da filha adolescente.
“Mãe nenhuma quer perder seu filho dessa maneira. Ao contrário, filhos que têm que enterrar a mãe. E hoje tô enterrando minha filha. Essa dor vai ficar pra sempre na minha vida”, disse Daniele Alves.
Daniele Alves, mãe de Fernanda Vitória
Reprodução/TV Globo
O velório reuniu familiares, professores e muitos colegas de escola. O enterro, pago pelo estado, teve orações e homenagens.
Fernanda Vitória sonhava em fazer faculdade de moda. Ela era vaidosa e dedicada aos estudos. Amava os livros e a família.
Fernanda Vitória Cavalcante Alves tinha 17 anos
Arquivo pessoal
Parentes contaram que todos os dias, quando terminava a aula, ela volta a pé para casa. A caminhada durava pouco mais de 10 minutos.
A jovem passava a tarde cuidando dos três irmãos mais novos para que a mãe pudesse trabalhar.
“Orgulho imenso. É o meu amor da minha vida. Se eu pudesse, eu estaria no lugar dela agora. Faria de tudo por essa garota. Nunca deixei faltar nada. Eu fui mãe e pai dela sozinha”.
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Enterro de Fernanda Vitória, de 17 anos
Reprodução/TV Globo
Motorista foi exonerado
Carro que atingiu estudante de 17 anos era do Governo do RJ
Reprodução/TV Globo
O carro oficial, da Secretaria de Estado da Casa Civil, estava a serviço da Secretaria de Cultura do Estado, e não tinha autorização para circular no corredor exclusivo.
Segundo o artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro, transitar pela faixa de uso exclusivo, regulamentada aos veículos de transporte público coletivo, é infração gravíssima, com multa de R$ 300, sete pontos na carteira, além da apreensão e remoção do veículo.
As exceções, previstas em lei, ficam para veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, ou seja, bombeiros, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e ambulâncias.
O caso é investigado pela 28ª DP (Campinho).
O motorista, Marco André Pinho Vargas, foi exonerado poucas horas após o incidente. Ele vai responder por homicídio culposo — quando não há intenção de matar. Nesta quarta (26), a secretaria disse que o motorista estava sozinho no carro.
O conteúdo do depoimento ainda não foi divulgado.
Mas aos policiais militares que chegaram ao local do acidente logo depois do atropelamento, ele disse que a vítima atravessou repentinamente no meio da pista. Ele contou que buzinou e tentou frear, mas não conseguiu parar o carro a tempo.
A delegacia informou ainda que realizou perícia, ouviu testemunhas e que agentes ainda analisam câmeras de segurança para concluir a investigação.
A mãe da jovem tenta encontrar no luto forças para cobrar uma resposta.
“Quero que esse homem seja preso, porque ele tirou a minha filha dos meus braços. Eu tô sem ela, e ele tá na rua, tá aproveitando. E ela? Enterrei ela hoje. É justo isso?”, questionou Daniele.
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