
Estado é um dos pioneiros na iniciativa. No local, são cultivadas espécies como a jueirana-facão, desconhecida até 2017. Desde a sua descoberta apenas 100 unidades foram encontradas. Mudas de árvores ameaçadas de extinção são produzidas em viveiro da Ufes em São Mateus
Um viveiro localizado no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em São Mateus, no Norte do estado, é a aposta de pesquisadores para devolver à natureza árvores raras e que estão na lista de extinção.
Mudas de doze espécies são produzidas no local, após coleta de sementes nas regiões onde são identificados exemplares da planta. Depois de cada unidade ser acompanhada e crescer saudável, é feita a reintrodução de cada uma em unidades de conservação do Norte do estado.
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O professor Carlos Eduardo Molinario Poloni destacou a importância da conservação ex situ, ou seja, a proteção das espécies fora de seu habitat natural.
“O principal objetivo do projeto é justamente a fazer a conservação ex situ, ou seja, a proteção de espécies fora do seu habitat natural. A gente traz ela pra cá, para fazer o processo de propagação, de produção de mudas, para depois a gente fazer a restauração desses ambientes degradados”, explicou.
Jueirana-facão é encontrada nos municípios de Sooretama e Jaguaré. Espírito Santo.
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Entre as espécies que estão sendo estudadas e cuidadas no projeto, a jueirana-facão se destaca, por ser uma recém conhecida dos pesquisadores, descoberta apenas em 2017.
Essa árvore pode atingir até 30 metros de altura e só ocorre em fragmentos de Mata Atlântica no Norte do Espírito Santo, mais especificamente entre os municípios de Sooretama e Jaguaré.
Com menos de 100 indivíduos encontrados na natureza, a árvore é extremamente rara e sua preservação é uma prioridade.
O aluno de agronomia da Ufes, Michael Douglas, relatou as dificuldades enfrentadas no manejo dessa planta, devido ao pouco tempo de contato com a espécie.
“A gente tá tendo muita dificuldade, tanto na germinação, que 50% se perde, como depois dela adulta. Às vezes já está acontecendo o amadurecimento e ela acaba morrendo. A gente ainda não conseguiu elucidar o porquê disso”, afirmou Michael.
Outras espécies
Braúna preta é uma das mudas cultivada em viveiro da Ufes, em São Mateus. Espírito Santo
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Outra planta do viveiro da Ufes, também em extinção, porém mais conhecida, é a braúna preta. Por ser considerada uma madeira duradoura, esse é o motivo atribuído para a extração em excesso do ambiente. É uma planta de difícil propagação e tem crescimento lento.
“Ela tá dentro de um viveiro, com todas as condições ideais, e ainda está com baixo crescimento, uma baixa taxa de crescimento vegetativo. É uma planta que vai demorar mais de um ano para ir para campo”, apontou o aluno.
Entretanto, no viveiro também há também mudas com desenvolvimento acelerado, o que anima os pesquisadores. É o caso da palmito jussara. A espécie faz parte da lista de raras desde 2014 e passou a ser considerada extinta por causa da extração de palmito.
No caso dela, o registro no viveiro é de baixa mortalidade e quase todas germinam.
Mudas de árvores em extinção são cultivadas em viveiro da Ufes, em São Mateus. Espírito Santo
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Pioneirismo
Além da Universidade Federal do Espírito Santo, o projeto acontece em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e a Embrapa Agrobiologia.
A iniciativa coloca o Espírito Santo na vanguarda da conservação ambiental no Brasil, sendo um dos primeiros estados a produzir mudas de espécies ameaçadas para reflorestamento.
Produtores rurais interessados nas mudas podem procurar a Ufes, que também mantém aberto o Jardim Botânico do campus São Mateus para visitação pública.
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