Um tango para Bolsonaro

Ex-presidente protestou em Copacabana e defendeu os condenados pelos atos antidemocráticosReprodução/X

Um dos ritmos mais famosos do mundo, o tango é conhecido por sua forte carga emotiva, passional, dramática. Por força de tais características, é utilizado para descrever situações da vida igualmente intensas, extremas até. Um julgamento pode se encaixar em episódios dessa natureza, claro que sim.

Assim é que estamos com uma parte do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro marcado para o dia 25 de março próximo. É julgamento parcial porque não se analisará se é ele culpado ou inocente, porém apenas se há indícios suficientes de sua participação na chamada “trama golpista”, tramada ao final de 2022 e após as eleições presidenciais de outubro do mesmo ano.

Se a 1ª turma do STF, órgão responsável por tal julgamento, entender pela presença de tais indícios, Bolsonaro – e provavelmente os demais investigados –, saem da condição de indiciados para a condição de réus. Compõem dita turma Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux, Carmem Lúcia e Alexandre de Moraes.

Na turma julgadora da Suprema Corte Brasileira, acima mencionada, não estão nenhum dos indicados pelo próprio ex-presidente em foco. André Mendonças e Kássio Marques são da 2ª turma. Mesmo assim, especialmente Cristiano Zanin e Flávio Dino tem mostrado um perfil bastante técnico em suas decisões, de modo destacado Zanin, contrariando expectativas e até mesmo a própria esquerda que apoiou tais indicações.

Fux é bastante neutro em questões políticas, Carmem Lúcia foi decisiva para viabilizar o retorno de Lula à política, quando do julgamento do Habeas Corpus que, ao fim, julgou Sérgio Moro suspeito e abriu caminho para a anulação de

todo o processado contra Lula em Curitiba. Alexandre de Moraes é provavelmente o mais previsível. E no sentido de ser desfavorável a Bolsonaro.

Assim, o ex-presidente, líder da direita – ou da extrema-direita como alguns preferem qualificá-lo – começa a dançar o seu tango jurídico de modo mais intenso no próximo dia 25 de março. O STF por certo faz parte desse bailado. Claramente quer encerrar esse episódio o quanto antes, de olho no ambiente político de 2026 que, assim, deve estar o mais claramente definido possível.

Resta conferir se a dança será dramática, mas limpa, sem alguém pisando no pé de outro alguém. Ou se será extrema e até desleal, o que ninguém quer ver, no entanto, sabe que pode acontecer.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG
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