
De acordo com as investigações da 5ª DP (Mem de Sá), João Victor integra um grupo que marca encontros em hotéis da região central da cidade e na Zona Sul do Rio. João Victor Cordeiro Barboza, conhecido como “Kevin Muniz”, foi preso por agentes da 5ªDP (Mem de Sá)
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Vítimas de uma quadrilha de garotos de programas que extorquia dinheiro de homossexuais relatam agressões por longas horas como forma de fazer com que cedessem senhas e realizassem transferências bancárias. Eles chegavam aos alvos por meio de um aplicativo de encontros para gays.
João Victor Cordeiro Barboza, conhecido como “Kevin Muniz” ou “Rei do Grindr”, foi preso pela polícia nesta quarta-feira (12) por participação nos crimes. Uma das vítimas que procuraram a Polícia Civil alegou ter perdido mais de R$ 20 mil.
De acordo com as investigações da 5ª DP (Mem de Sá), João Victor integra um grupo que marca os programas com as vítimas em hotéis da região central da cidade e na Zona Sul do Rio. Ele foi preso em casa.
As informações obtidas pelos investigadores com base no depoimento das vítimas é que ele sempre agia em grupo. Em um dos casos, por meio do aplicativo de encontros, um homem marcou um encontro pago com um integrante da quadrilha em Copacabana.
Lá, o homem convenceu a vítima a fazer um encontro a três em um imóvel no Centro. O alvo do grupo identificou João Victor como o parceiro dele. Após o pagamento do encontro, por Pix, o homem passou a ser ameaçado.
“Sou mafioso, conheço muita gente por aqui. Você vai fazer o que eu mandar”, disse João Victor, segundo relato da vítima.
Polícia prende integrante de quadrilha especializada em roubar e extorquir homossexuais
O homem contou aos policiais que, após uma série de ameaças, eles tentaram realizar transferências bancárias, mas não conseguiram por causa do horário. Eles o mantiveram dentro do apartamento até o amanhecer para que pudessem extorqui-lo. Ele perdeu R$ 20 mil.
O homem conta que foi colocado em um carro que o deixou em Santa Cruz, a mais de 60 quilômetros de distância.
Ele só conseguiu voltar para casa no fim da tarde do dia seguinte ao encontro marcado pelo aplicativo.
De acordo com o delegado Uriel Alcântara, da 5ª DP (Mem de Sá), João Victor responde por roubo e extorsão, além de já ser réu em duas ações.
“A vítima foi roubada após o programa realizado, e agredida e torturada. Foi colocada em um veículo e permaneceu por horas em um veículo em cárcere até que o dia ficasse claro para que fossem possíveis novas transferências bancárias”, explicou.
Em outro depoimento que ajudou os policiais a desvendar a existência do grupo, um turista marcou um programa com uma mulher trans em um hotel no Centro. Lá, ela disse que, além dos R$ 150 combinados pelo programa, ele teria que desembolsar mais dinheiro para o hotel.
A vítima chegou a dizer que poderiam resolver, mas foi questionado por um deles: “Tem quanto para perder?”
O homem conta que ele foi agredido e ameaçado por duas horas. No fim, ele fez duas transferências: uma no valor de R$ 1 mil e outra de R$ 800. Os valores foram passados para João Victor, que foi identificado por ele como um dos homens que o agrediram.
Mesmo com a prisão, o delegado afirma que as investigações seguem em busca de mais dados.
“As investigações continuam no sentido de identificar a participação dele e de outros integrantes em outros fatos criminosos e responsabilizá-los pelos crimes cometidos”, finalizou o delegado.
A TV Globo não conseguiu contato com a defesa de João Victor.
O g1 entrou em contato com o Grindr, mas ainda não teve retorno.