Contagem regressiva para tarifas dos EUA a México, Canadá e China

Fábrica da SMK Electronics em Tijuana, México, em 20 de fevereiro de 2025Guillermo Arias

Guillermo Arias

Salvo uma reviravolta de último minuto, as tarifas que o presidente Donald Trump ameaça impor a México, Canadá e China até que, segundo ele, “se detenha ou se limite” a entrada de drogas nos Estados Unidos, entram em vigor logo depois da meia-noite local.

A essa hora (2h da terça-feira, 4, em Brasília) expira a pausa de um mês que o republicano concedeu em 3 de fevereiro com a intenção declarada de se chegar a um acordo.

Caso não mude de opinião, o presidente americano vai impor tarifas de até 25% às exportações de México e Canadá, mesmo com os dois países sendo seus parceiros no tratado de livre-comércio T-MEC.

Trump também anunciou uma tarifa geral adicional de 10% sobre as importações oriundas da China, além dos 10% iniciais que estão em vigor desde o início de fevereiro.

“As drogas seguem entrando em nosso país por México e Canadá a níveis muito altos e inaceitáveis”, explicou o mandatário na semana passada em sua rede Truth Social.

Ele faz alusão, sobretudo, ao fentanil, um opioide sintético que mata milhares de pessoas de overdose por ano nos Estados Unidos.

O presidente americano também acusa seus vizinhos de não fazerem o suficiente para deter a migração irregular.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, pede “coragem, serenidade e paciência”, mas alerta que seu país está preparado. “Qualquer que seja a decisão, temos um plano”, disse a mandatária nesta segunda-feira, em sua habitual coletiva de imprensa matinal.

O México entregou aos Estados Unidos alguns dos narcotraficantes mais conhecidos na semana passada e enviou milhares de militares para a fronteira nas últimas semanas, entre outras medidas, em uma tentativa de evitar a imposição das tarifas.

Provavelmente, as tarifas aduaneiras terão implicações nas cadeias de suprimento de setores-chave como o automotivo e a construção.

Os consumidores poderão sentir os efeitos nos preços, complicando, assim, as promessas de campanha de Trump de baixar a inflação.

Para Ryan Majerus, ex-funcionário americano da área comercial, a administração republicana tenta resolver problemas com os quais o país sofre há tempos: o fentanil e a imigração.

“E essas tarifas deram à administração uma vantagem, como vimos com a reposta de Canadá e México até agora”, declarou ele à AFP.

Além disso, tenta reequilibrar os laços comerciais e melhorar as condições para as empresas americanas, acrescentou.

Mas a forma de fazer, por decisão presidencial, é inédita “e ainda não se sabe como tudo isso se desenvolverá em possíveis ações judiciais”, alertou Majerus, sócio do escritório de advogados King & Spalding.

– Depende de Trump –

No fim de semana, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou à Fox News que, embora México e Canadá tenham feito um trabalho razoável para lidar com as preocupações fronteiriças de Trump, haverá tarifas sobre as importações.

Ele, no entanto, deixou a porta aberta para possíveis mudanças: “Exatamente em que consistem, vamos deixar isso para que o presidente e sua equipe negociem.”

Lutnick acrescentou que as tarifas sobre a China serão impostas a menos que Pequim deixe de produzir, segundo ele, as substâncias conhecidas como precursores para a fabricação de fentanil, mas que também têm usos médicos legais.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, argumenta que menos de 1% do fentanil e dos migrantes que entram iregularmente nos Estados Unidos o fazem através da fronteira canadense.

No domingo, Trudeau disse que Ottawa seguirá trabalhando para garantir que não haja novas tarifas mas, assim como o México, tem prevista “uma resposta” que é “forte, inequívoca e proporcional”.

O governo canadense tomou uma série de medidas para lidar com as preocupações de Trump, como um plano para melhorar a segurança fronteiriça e a nomeação de um “czar” para coordenar a luta contra o fentanil.

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