O frete rodoviário é a principal opção de transporte no Brasil. A variação nos preços do combustível e as tarifas de pedágio impactam os custos finais das mercadorias – Foto: Divulgação
O frete rodoviário é uma modalidade de transporte de cargas que utiliza estradas e rodovias como principal via de deslocamento. Esse tipo de transporte é essencial para a logística no Brasil, já que cerca de 60% das mercadorias são movimentadas por caminhões.
A Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (PNPM-TRC) define as tarifas de frete com base na distância percorrida e nas operações de carga e descarga. Para o ano de 2025, os preços por quilômetro rodado estão entre R$ 2,7439 e R$ 10,4042.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) anunciou, em 7 de fevereiro, um reajuste nos pisos mínimos de frete para o transporte rodoviário de cargas, em resposta a um aumento acumulado de 5,57% no preço do Diesel S10, segundo o governo federal.
Esse ajuste é realizado conforme a Lei nº 13.703/2018, que exige a atualização da tabela sempre que o preço do combustível oscila mais de 5%. Entre 2 e 8 de fevereiro de 2025, o preço médio do Diesel S10 foi de R$ 6,44 por litro, comparado ao último valor de R$ 6,10.
Os novos coeficientes de reajuste variam conforme o tipo de operação: 2,13% para carga de lotação, 2,40% para veículos automotores de carga, 2,64% para carga de lotação de alto desempenho e 2,99% para veículos de cargas de alto desempenho.
Transporte rodoviário como principal modal logístico no Brasil
O transporte rodoviário desempenha um papel primordial na logística brasileira, respondendo por cerca de 60% da movimentação de cargas no país. Essa modalidade se destaca pela sua flexibilidade e abrangência geográfica, permitindo atender tanto áreas urbanas quanto regiões remotas.
Tal característica é especialmente importante em um país com dimensões continentais, onde a infraestrutura de transporte ferroviário e hidroviário é menos desenvolvida. Enquanto trajetos longos podem ser uma dificuldade para outros modais, um caminhão consegue realizar entregas apesar da distância.
Além disso, os custos gerados pelo frete rodoviário são muitas vezes mais baixos em relação a outras opções logísticas. Essas características tornam o transporte rodoviário um elemento-chave do sistema logístico brasileiro.
Principais fatores que afetam o custo do frete rodoviário
O custo do frete rodoviário é influenciado por diversos fatores inter-relacionados. Compreender esses elementos é essencial para empresas que buscam otimizar suas despesas de transporte e garantir eficiência operacional.
Preço do combustível
O preço do combustível é um dos principais fatores que impacta o custo do frete rodoviário. A variação nos preços do diesel e da gasolina pode ser significativa e representa uma parte vital das despesas operacionais.
Flutuações no mercado internacional de petróleo e políticas governamentais têm um papel essencial nesse cenário. Um aumento de R$ 0,50 por litro pode resultar em um acréscimo considerável nas tarifas de transporte.
Pedágios
Os pedágios são outra variável importante no cálculo do frete rodoviário. As tarifas cobradas em estradas e pontes podem variar enormemente de uma região para outra. Em algumas rotas, o custo pode ser fixo, enquanto em outras, pode depender de fatores como altura e peso do veículo.
Planejar a rota levando em conta os pedágios pode resultar em economias significativas. Além disso, as concessionárias revisam esses valores frequentemente, o que exige atenção constante.
Manutenção dos veículos
A manutenção dos veículos envolvidos no frete rodoviário é um fator que não pode ser negligenciado. Custos com pneus, sistemas hidráulicos, elétricos e reparos impactam diretamente as despesas operacionais.
Veículos mal conservados podem resultar em danos e atrasos, aumentando ainda mais os gastos. É recomendado que as empresas estabeleçam um cronograma regular de manutenção para evitar surpresas. O investimento em veículos novos, embora mais alto inicialmente, pode reduzir esses custos ao longo do tempo.
Distância percorrida
A distância percorrida entre o ponto de origem e o destino também influencia o custo do frete rodoviário. Quanto maior a distância, maior será o consumo de combustível e os custos com pedágios.
Além disso, viagens longas muitas vezes requerem paradas adicionais para reabastecimento e descanso dos motoristas. Portanto, ao planejar a logística, as empresas devem avaliar alternativas que possam encurtar distâncias ou otimizar as rotas.
Tipo de carga
O tipo de carga transportada também impacta o custo do frete rodoviário. Cargas perigosas, perecíveis ou que exigem condições especiais de transporte podem demandar veículos específicos e cuidados adicionais. Isso se reflete em tarifas mais altas.
O tipo de carga transportada também impacta o custo do frete rodoviário. – Foto: Divulgação
Por outro lado, cargas que podem ser transportadas em plataformas comuns tendem a apresentar custos inferiores. É interessante observar como o tratamento diferenciado de cargas pode influenciar a escolha do método de transporte.
Tempo de entrega
A urgência na entrega também é um fator relevante. Fretes que necessitam de entrega rápida geralmente possuem custos mais elevados. Isso se deve à necessidade de priorizar certos veículos, usar rotas mais diretas ou até mesmo contratar serviços extras, como escoltas.
Para atender a necessidade do cliente, as transportadoras devem equilibrar a rapidez da entrega com a viabilidade econômica.
Condições das estradas
As condições das estradas afetam a segurança e a eficiência do frete rodoviário. Estradas mal conservadas resultam em riscos maiores para os veículos, aumentando a probabilidade de acidentes e danos à carga.
Isso pode levar a custos extras com manutenção e seguros. Por outro lado, estradas em boas condições garantem uma viagem mais rápida e menos desgaste do veículo. A infraestrutura disponível influencia, portanto, o planejamento logístico.
Impostos
A carga tributária relacionada ao transporte rodoviário também tem um papel significativo no custo do frete. Impostos como ICMS e ISS variam de acordo com a localidade e atividade, impactando o preço final para o cliente. Esse fator deve ser considerado no cálculo da logística para evitar surpresas.
Taxa de gerenciamento de risco (GRIS)
A taxa de gerenciamento de risco (GRIS) é um fator importante nos custos do frete rodoviário. Esta taxa reflete o valor destinado à cobertura de eventuais riscos, como roubo ou acidentes.
Trata-se de um encargo incluído no valor do frete para o transporte de cargas, aplicado pelas transportadoras para cobrir despesas relacionadas à segurança e à gestão de riscos. O GRIS é calculado como uma porcentagem do valor da nota fiscal ou da carga e faz parte do Ad Valorem, que representa o custo total dos seguros sobre a carga.
Entre os investimentos financiados pelo GRIS estão sistemas de rastreamento de veículos via GPS, seguros e salários dos profissionais responsáveis pelo monitoramento dos equipamentos de rastreamento.
Tendências e possíveis soluções para otimizar o custo do frete
O setor de transportes enfrenta desafios constantes em relação ao controle de custos, mas algumas iniciativas podem ajudar a otimizar esse cenário.
Transportadoras com boa reputação e prazos de entrega confiáveis podem impactar significativamente a economia nos custos de transporte. Além disso, ao negociar contratos, é vantajoso discutir prazos e volumes de carga, pois garantir um maior volume ou prazos mais flexíveis pode resultar em descontos.
Verificar se a transportadora oferece opções personalizadas, como carga fracionada, também pode influenciar positivamente os custos. Além disso, a tecnologia tem um papel vital na redução dos custos de frete.
A utilização de softwares de gestão logística que ajudam a otimizar rotas e calcular distâncias, além de plataformas online que permitem comparar preços. A consolidação de cargas, agrupando diferentes produtos em um único transporte, não só melhora a utilização do espaço, mas também contribui para a sustentabilidade ao reduzir a emissão de CO₂.
Outra estratégia a considerar é a contratação de motoristas autônomos, que pode oferecer uma alternativa econômica e flexível, reduzindo custos com folha de pagamento e manutenção de frotas.
Essa abordagem permite que as empresas se adaptem rapidamente à demanda, evitando custos fixos excessivos. Adicionalmente, diversificar as transportadoras para diferentes etapas do transporte pode resultar em melhores preços, especialmente na última milha.
Ao negociar preços sob demanda para rotas com alta frequência de entregas, as empresas podem garantir condições mais vantajosas, otimizando ainda mais seus gastos com frete. Essas abordagens se mostram importantes na busca contínua por economia e eficiência no frete rodoviário, proporcionando um cenário mais competitivo para as empresas do setor.