Em resposta a Trump, deputado quer barrar estrangeiros que ameacem autoridades no Brasil

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) apresentou, nesta quinta-feira (27), um projeto de lei para barrar estrangeiros que atentem contra instituições e autoridades brasileiras. O parlamentar justificou a proposta citando a decisão do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que aprovou um projeto que veta a entrada do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, no país.

Projeto de Paulinho da Força foi apresentado em resposta à medida do governo norte-americano contra Alexandre de Moraes – Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados; Isac Nóbrega/PR

Para o deputado, a medida do governo norte-americano representa uma “ameaça direta à soberania brasileira e à liberdade de expressão no país”. “Torna-se, assim, indispensável estabelecer mecanismos baseados no princípio da reciprocidade de modo que se responda proporcionalmente a atos legislativos de outros países que, em essência, possam constituir afronta à independência e à autoridade das nossas instituições”, escreveu.

Entenda projeto que quer barrar estrangeiros que ameacem o Brasil

O projeto do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) altera a Lei de Migração, incluindo um parágrafo na legislação sancionada em 2017 no País. Para passar a vigorar, o texto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal e então, sancionado pelo presidente Lula.

“A proposta visa salvaguardar a integridade institucional dos Três Poderes brasileiros e proteger a soberania do Estado diante de ações estrangeiras que venham a limitar, de modo unilateral e punitivo a livre circulação de magistrados, parlamentares e outros em virtude de decisões que proferem no exercício de suas funções”, explica Paulinho da Força.

Imagem de avião em território brasileiro, em alusão ao projeto que quer barrar estrangeiros que ameacem poderes nacionais

Projeto quer barrar ingresso de estrangeiros que ameacem poderes no Brasil – Foto: Usuario/ND

Entenda origem da proposta

O projeto que impede a entrada de Moraes nos Estados Unidos foi apresentado em setembro de 2024, depois que a rede social X foi bloqueada no Brasil por determinação do ministro, ao não cumprir exigências previstas na legislação brasileira para operar no país.

Nessa quarta-feira (26), o Comitê da Câmara dos Estados Unidos, que possui atuação semelhante à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara brasileira, aprovou o projeto.

O dispositivo “No Censors on our Shores Act” (Sem Censura em nosso Território, em tradução), prevê barrar estrangeiros que atuarem contra a liberdade de expressão de cidadãos americanos. Além de serem impedidos de ingressar nos Estados Unidos, a proposta determina que as pessoas também possam ser deportadas do país goverado por Donald Trump.

Moraes fez um discurso nessa quinta-feira, em defesa da soberania do Brasil e contra o “imperialismo”. “Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor”, afirmou na sessão do STF.

Alexandre de Moraes

Magistrado é acusado por violação da soberania norte-americana – Foto: Gustavo Moreno/STF/ND

Do que Alexandre de Moraes é acusado pelo governo Trump?

A rede social Rumble e a Trump Media & Technology, empresa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ingressaram com um processo contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, por violação da soberania norte-americana.

Na ação, as empresas afirmaram que, ao ordenar o bloqueio das contas do blogueiro Allan dos Santos nas plataformas, Moraes teria violado a legislação americana. A Justiça Federal da Flórida, no entanto, indeferiu a ação, dizendo que não há o conhecimento de que a Justiça brasileira tenha feito alguma ação “para domesticar as “ordens” ou pronunciamentos conforme protocolos estabelecidos”.

A juíza Mary S. Scriven citou ainda, na decisão, a Convenção de Haia e um tratado de assistência jurídica mútua assinado por Estados Unidos e Brasil. Também argumentou que a Rumble e a empresa de Trump não são obrigadas a cumprir as determinações nos Estados Unidos.

*Com informações do R7.

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