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Usina Nuclear de Angra dos Reis teve vazamento omitido – Foto: Alex Carvalho/Reprodução/ND
Um vazamento na Usina Nuclear de Angra dos Reis veio à tona recentemente e os gestores surpreenderam ao anunciar que só vão reparar o defeito na próxima manutenção, prevista para ocorrer em fevereiro de 2026.
Conforme revelado pela colunista do R7, Natália Martins, a usina nuclear Angra 2 funciona em um modo “estepe” há quase dois meses, disseram servidores ao portal sob condição de anonimato. Apreensivos com a decisão da nova gestão, alguns afirmam que “a segurança nuclear está em risco”.
A usina nuclear Angra 2 faz parte do Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, complexo formado ainda pelas usinas Angra 1 e Angra 3 (em construção), em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, às margens da BR-101.
O que aconteceria se houvesse um acidente na Usina Nuclear de Angra dos Reis?
Se houvesse um vazamento de material radioativo, poderia haver contaminação do ar, solo e água, principalmente na região da Costa Verde, incluindo Angra dos Reis e Paraty.
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Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/ND
Em moradores ou trabalhadores expostos à radiação, um vazamento poderia causar problemas de saúde como queimaduras, câncer e doenças genéticas.
No meio ambiente, a radiação afetaria toda a fauna e flora da região. Como a usina está próxima ao oceano, um vazamento poderia impactar a vida marinha, prejudicando a pesca e o turismo.
Conforme o PEE (Plano de Emergência Externo) da Eletronuclear, se ocorresse um acidente sirenes de emergência seriam acionadas para que a população em um raio de 5 km fosse evacuada imediatamente.
Pessoas que vivem em um raio entre 5 e 15 km devem permanecer em casa e vedar portas e janelas para evitar a radiação mais aguda, assim como desligar ventiladores e ares-condicionados.
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Imagem de satélite da Usina Nuclear de Angra dos Reis – Foto: Google Earth/Reprodução/ND
Todas as ações de emergência são conferidas regularmente pela Eletronuclear através de exercícios gerais integrados para avaliar a eficácia de resposta, validar planos existentes e identificar possíveis melhorias.
Esses simulados envolvem a participação de diversas instituições e ocorrem periodicamente para garantir a prontidão em caso de incidentes.
Embora a estrutura de segurança seja robusta, estudos apontam que áreas além do raio de 5 km, como o distrito de Mambucaba, podem estar vulneráveis em caso de acidente, o que poderia impactar negativamente o turismo local.
Chances de acidentes na Usina Nuclear de Angra dos Reis são mínimas
O Brasil tem apenas duas usinas nucleares, Angra 1 e Angra 2, ambas em Angra dos Reis, que são responsáveis pela produção de 3% da energia consumida no país. A primeira, entrou em operação comercial em 1985 e a segunda, em 2001.
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Acidentem em Chernobyl ocorreu em 1986 – Foto: Reprodução/ND
No entanto, as usinas brasileiras são diferentes da de Chernobyl, onde ocorreu o acidente em 1986. O reator usado em Angra 1 e Angra 2 é chamado PWR, o tipo mais utilizado no mundo, onde o processo de fissão é controlado com água pressurizada.
O reator de Chernobyl usava grafite para controlar o processo. Quando houve uma explosão de vapor, o grafite se incendiou e enviou radioatividade para atmosfera.
“São tecnologias completamente diferentes. O acidente que ocorreu em Chernobyl é impossível de ocorrer em um reator PWR, porque água não pega fogo”, explicou o físico e mestre em engenharia nuclear Luiz Pinguelli Rosa, em entrevista à BBC.
As usinas nucleares de Angra são projetadas com sistemas de segurança passivos que entram automaticamente em ação para prevenir acidentes, desligar e resfriar o reator em situações de emergência.
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Chance de acidente como em Chernobyl na Usina Nuclear de Angra dos Reis são mínimas – Foto: Reprodução/ND
Além disso, contam com duas barreiras físicas de proteção: uma externa de concreto e outra interna de aço. Essas estruturas protegem o reator contra fatores externos, como terremotos, maremotos, inundações e explosões, além de conter aumentos de pressão internos.
Conforme previsões das indústrias, as chances de um acidente nuclear é de uma em um milhão de anos.
“É muito mais provável que outras barragens no Brasil se rompam do que ocorra um acidente em Angra. Ainda assim, me assusta mais um acidente em Angra, devido à possível severidade”, relatou Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).