Irã executou pelo menos 975 pessoas em 2024, denunciam organizações

O número de execuções em 2024 no Irã foi o mais elevado desde 2008, segundo duas organizaçõesSTEFANIE LOOS

STEFANIE LOOS

Pelo menos 975 pessoas foram executadas no Irã em 2024, informaram nesta quinta-feira (20) duas organizações de defesa dos direitos humanos, que denunciam uma “escalada terrível” do uso da pena capital.

O número é o mais elevado desde 2008, quando a organização Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, começou a registrar as execuções na República Islâmica.

O número “revela uma escalada terrível no uso da pena de morte por parte da República Islâmica em 2024”, afirmou a organização em um relatório elaborado em conjunto com o grupo francês Juntos Contra a Pena de Morte.

No documento, as organizações acusam o Irã de usar a pena capital como “ferramenta central de opressão política”.

“Estas execuções fazem parte da guerra da República Islâmica contra seu próprio povo para permanecer no poder”, declarou o diretor da IHR, Mahmood Amiry Moghaddam.

“Nos últimos três meses do ano foram executadas, em média, cinco pessoas por dia, à medida que a ameaça de guerra entre Irã e Israel se intensificava”, acrescentou.

Os números do ano passado representam um aumento de 17% na comparação com as 834 execuções registradas em 2023, destaca o relatório.

Das 975 pessoas executadas em 2024, quatro foram enforcadas em público e 31 eram mulheres. O número de mulheres executadas também é o mais elevado nos últimos 17 anos.

As organizações de defesa dos direitos humanos acusam as autoridades iranianas de usar a pena de morte para espalhar o medo entre a população, em particular após os grandes protestos registrados em todo o país em 2022.

A pena de morte é um pilar fundamental do sistema judiciário estabelecido após a revolução de 1979, que derrubou o xá apoiado pelas potências ocidentais.

Os crimes punidos com a pena capital incluem homicídio, estupro, crimes relacionados com drogas e acusações mais complexas como “corrupção na terra” e “rebelião”.

Os ativistas afirmam que estas duas últimas infrações são utilizadas contra os dissidentes.

As organizações de defesa dos direitos humanos citam indícios de que o Irã pode ter executado mais 39 pessoas no ano passado. Porém, não conseguiram confirmar os números para o relatório.

Pelo menos 121 pessoas foram executadas desde o início de 2025 no Irã, segundo a contagem da IHR.

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