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Igor Peretto, de 27 anos, foi encontrado morto no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, em Praia Grande (SP). A parente, Rafaela Costa (viúva) e Mario Vitorino (cunhado) foram presos acusados de envolvimento no homicídio. Rafaela é viúva de Igor, que foi morto no apartamento da irmã em Praia Grande (SP)
Reprodução/Redes sociais
A defesa de Rafaela Costa, viúva do comerciante Igor Peretto, assassinado a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande, no litoral de São Paulo, pediu à Justiça que a cliente compareça presencialmente à audiência. O advogado fez a solicitação alegando que os equipamentos usados durante os atendimentos telepresenciais apresentaram falhas.
O trio formado por Mario Vitorino (cunhado), Rafaela Costa (viúva) e Marcelly Peretto (irmã) foi preso por envolvimento no homicídio. O Ministério Público (MP-SP) concluiu que os três premeditaram a morte de Igor, de 27 anos, uma vez que ele era considerado um “empecilho no triângulo amoroso”.
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Na solicitação protocolada em 10 de fevereiro, o advogado Marcelo José Cruz pediu que Rafaela seja encaminhada ao Fórum de Praia Grande para acompanhar a audiência de instrução que, até então, está marcada para o dia 20 de março.
Segundo o advogado, diante da dificuldade apresentada pelos equipamentos, Rafaela tem interesse em acompanhar, de forma segura, as provas mencionadas pelo juiz.
“Com o fito de evitar eventual alegação de nulidade e garantir que a acusada Rafaela acompanhe, de forma clara e inquestionável, a oitiva judicial das testemunhas para posteriormente exercer devidamente sua autodefesa”, declarou o advogado.
Na mesma data, a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) Patricia Manzella Trita declarou que não havia “qualquer regularidade ou prejuízo na realização de audiência por teleconferência”. Apesar disso, ela não se opôs ao pedido.
“Desde que seja determinada a presença dos três acusados em audiência, em um mesmo dia”, concluiu a promotora. A partir disso, a solicitação feita pela defesa de Rafaela aguarda a decisão do juiz Felipe Esmanhoto Mateo.
Posicionamento
O advogado de Rafaela afirmou que, para garantir a autodefesa da cliente e evitar o programa telepresencial, que depende de inúmeros fatores para o bom funcionamento, foi feito o pedido do comparecimento presencial dela na audiência.
Cruz afirmou que aguarda o deferimento do juiz. Segundo ele, o pedido trará “plena segurança ao exercício regular e concreto da defesa”.
“Em relação a audiência, o juiz ficou de decidir qual sistema adotará, segundo despacho nos autos, após a apresentação das Respostas à Acusação. Até o presente momento não consta como será”, disse o advogado.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), em busca de mais informações sobre o pedido, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Últimas palavras
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
De acordo com as testemunhas, Igor declarou amor pela esposa, Rafaela Costa, minutos antes de ser morto a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande. As últimas palavras constam em um inquérito da corporação e em uma denúncia do MP-SP.
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada”.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor também demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)
Redes Sociais
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, complementou.
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.
Sobre o crime
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.
Prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
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