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Empresa promete a maior montanha-russa da América Latina, com estreia prevista para os próximos três anos. Em entrevista ao g1, o fundador Alê Costa explica por que a empresa decidiu investir tanto no setor de entretenimento. Projeção gráfica em 3D do Cacau Park
Cacau Show/ Divulgação
O anúncio de que todas as marcas e ativos do Grupo Playcenter foram comprados pela Cacau Show pegou muita gente de surpresa. Afinal, não era novidade que os grandes parques de diversões brasileiros enfrentavam dificuldades e não tinham um histórico muito inspirador no país.
O próprio Playcenter é um exemplo disso. Um marco no coração de São Paulo, o parque viu seu público minguar e acabou fechando as portas em 2012. Desde então, a marca passou a operar miniparques em shopping centers pelo país, sem a mesma grandiosidade.
A ocorrência de acidentes foi um dos principais fatores que mudaram a história do Playcenter, mas as tentativas fracassadas de reestruturação e contenção de gastos pioraram a situação. Com um cenário cada vez mais desafiador e dívidas, a GP Investments — que possuía parte das ações do grupo — optou por desfazer-se do investimento💸.
Espaço do antigo Playcenter, na Zona Oeste de São Paulo, fechou as portas em 2012
Divulgação/Grupo Playcenter
Caso semelhante ocorreu com o Hopi Hari, que desde 2012 — ano em que uma adolescente de 14 anos morreu ao cair de um brinquedo que estava com uma cadeira quebrada — enfrenta sérias dificuldades financeiras. Em 2016, a empresa chegou a entrar com um pedido de recuperação judicial.
A exceção talvez seja o Beto Carrero World, localizado em Santa Catarina, que parece não enfrentar grandes problemas — ainda que em 2019 os rumores davam conta de que o parque poderia ser vendido à rede de restaurantes Madero ou à própria Cacau Show.
Com um negócio consolidado no varejo de chocolates, fica a pergunta: o que a Cacau Show pretende ao partir para o ramo do entretenimento?
➡️ Para especialistas em marketing ouvidos pelo g1, a resposta é mais simples que parece: a criação de um “universo” para a marca faz com que o cliente a associe a bons momentos, e crie lembranças positivas associadas à empresa.
E o próprio fundador da Cacau Show, Alê Costa, admite que “capturar a atenção das pessoas e dar esse gatilho” é parte de seu propósito com o projeto.
Cacau Park
Cacau Park terá a maior montanha-russa da América Latina
Cacau Show/ Divulgação
A Cacau Show já deu seus primeiros passos no setor no ano passado, quando lançou dois miniparques temáticos. O momento é propício, já que as franquias do ramo tiveram um aumento de 16,6% em 2024, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O Cacau Park, porém, é muito mais ambicioso🔮. Trata-se de um parque de diversões completo, com a maior montanha-russa da América Latina, trilhas no meio da floresta e vilas temáticas.
🎢 São mais de 100 atrações, além de hotéis e um boulevard a céu aberto com lojas, restaurantes e espaço para shows. A inauguração está prevista para daqui a três anos.
O empreendimento será construído em Itu, a 100 km de São Paulo, e promete ser maior que o Beto Carrero World. Tudo ao impressionante custo de R$ 2 bilhões.
De acordo com Alê Costa, a ideia é dar aos consumidores uma experiência prolongada da marca, que vão além dos poucos minutos que se leva para degustar um bombom.
“Queremos capturar a atenção das pessoas e proporcionar um dia inteiro. É um projeto de vida, não apenas um negócio”, diz Alê Costa.
Não é de hoje que empresas investem em criar conexões com os usuários por meio de novas experiências. Em 2017, a Natura & Co, empresa de cosméticos e perfumes, inaugurou a Casa Natura Musical, uma casa de eventos na capital paulista.
Já a Granado, outra marca do ramo, apostou em uma rede de gelaterias que une os ingredientes usados nas fragrâncias à gastronomia. No ano passado, a marca lançou duas lojas, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.
🧠 O especialista em branding Marcos Bedendo reforça que, além de oferecer experiências diferentes, essas ações visam criar valor e memórias duradouras nos clientes.
“Não se percebe qualidade só no produto, sabor ou fragrância, mas também nas conexões emocionais. Isso faz com que a marca seja lembrada positivamente. Para isso, é necessário ter uma interação significativa. Um parque de diversões faz isso”.
Como exemplo, Bedendo menciona a Hershey, multinacional fabricante de chocolates, que teve sucesso ao se aventurar no ramo do entretenimento.
O Hersheypark tem mais de 10 montanhas-russas e recebe cerca de 3 milhões de visitantes por ano
Hersheypark/ Divulgação
O parque de diversões da marca foi inaugurado há 118 anos na cidade de Hershey, nos Estados Unidos. A ideia era criar um lugar mais agradável para os trabalhadores da fábrica de chocolates e para os moradores da cidade, que era bem industrial na época.
Hoje, o parque recebe cerca de 3 milhões de visitantes por ano, de acordo com o site Queue Times, que oferece dados sobre filas em estabelecimentos
💰 É importante ressaltar que nem sempre o alto investimento tem por base obter grandes retornos financeiros. “É um acessório. O foco é reforçar a interação com os consumidores. Imagina passar um dia no parque, é uma magia que não é comum, ainda mais em um país que há escassez de parques”, completa Bedendo.
⚠️ O que está em jogo?
A aposta arriscada pode ser um tiro pela culatra. Na busca por gerar conexão e inovar, muitas marcas acabam fracassando e enfrentando um efeito rebote.
Marcos Bedendo cita como exemplo a Colgate, empresa de cuidados pessoais e limpeza, que uma vez apostou no setor gastronômico, com uma lasanha de carne congelada. O lançamento ocorreu nos anos 1980, nos EUA, mas entrou para a história como um desastre empresarial.
No caso da Cacau Show, o especialista em branding acredita que o projeto está mais alinhado, pois a marca já explora o apelo emotivo e lúdico em suas campanhas. Ele ressalta que essa estratégia poderia não funcionar tão bem para empresas mais “racionais”, como fabricantes de eletrônicos.
Por outro lado, apesar do alinhamento aparente do projeto Cacau Park com a imagem da Cacau Show, Bedendo alerta que problemas como atendimentos falhos e acidentes podem prejudicar a imagem da empresa-mãe e causar grandes prejuízos.
“Experiências ruins podem afetar negativamente toda a história da marca. É preciso criar um ambiente legal com brinquedos, enredo nos espaços e funcionários bem treinados para cuidar das pessoas”, alerta Bedendo.
🍫 Qual o futuro da Cacau Show?
A Cacau Show foi fundada em 1988 por Alexandre Tadeu da Costa, então com 17 anos. A empresa iniciou suas atividades com a produção artesanal de chocolates e, em 2001, abriu sua primeira loja física.
“É uma típica história do empreendedor brasileiro. Com poucos recursos, colocando a mão na massa e com US$ 500 emprestados do meu tio.”
Hoje, a marca é a maior rede de chocolates finos do Brasil, contando com mais de 5 mil lojas em todo o país.
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Nos últimos anos, a Cacau Show tem investido em quiosques, gelaterias e hotéis, com o objetivo de se posicionar como uma marca de experiências.
“Cacau é a nossa base, mas o show fica mais relevante para dar essa experiência, aumentando nossa relevância na vida das pessoas. Quem ia a uma loja pequena e ficava alguns minutos, agora pode ir a uma hiper store e ficar por 3 horas, ir ao parque e passar o dia, ou ir ao hotel e ficar por um final de semana”.
O Cacau Park é a aposta mais ambiciosa da nova fase. Será construído entre Itu e Sorocaba, ocupando 7 milhões de metros quadrados. A construção envolverá 2,8 mil trabalhadores, com três mil funcionários diretos e seis mil indiretos.
🪇 O parque terá espaços temáticos como o City Walk, com lojas e restaurantes, e a Fábrica Show, que contará a história do chocolate. Alguns espaços levarão o nome de produtos da marca, como a Vila LaCreme, equipada para shows e atrações especiais.
🧙♂️ Em meio ao espaço verde do parque, os visitantes percorrerão trilhas, encontrando personagens e conhecendo mais sobre a flor do cacau. O local terá um apelo à “magia”, com figuras como fadas e bruxas.
🛐 O ambiente será cercado por pirâmides e atrações interativas, onde o cacau será apresentado como item de rituais sagrados de uma civilização perdida. Haverá ainda um espaço com temática futurista.
Os cenários até lembram o filme A Fantástica Fábrica de Chocolate, mas Alê Costa adverte: “Não é uma imitação do Wonka [dono da fábrica tema do filme] até porque tem outras referências”.
Lojas espalham QR codes com supostas fotos de traição para atrair clientes