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O presidente também disse que o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio contra a taxação de produtos brasileiros. Presidente Lula volta a defender princípio da reciprocidade como reação à cobrança de tarifas pelos EUA
Nesta sexta-feira (14), o presidente Lula voltou a defender o princípio da reciprocidade como reação à cobrança de tarifas pelos Estados Unidos.
O presidente Lula disse que o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio contra a taxação de produtos brasileiros:
“Agora, eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na Organização do Comércio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida. Haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil, que promove as relações entre os dois países, reforçou nesta sexta-feira (14) a necessidade de diálogo para buscar soluções negociadas e equilibradas, e afirmou que, embora a tarifa média brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média sobre as importações americanas é de 2,7%. Ainda segundo a Amcham, quase metade das exportações americanas para o Brasil entra sem tarifas, e 15% dos produtos americanos chegam no Brasil com alíquotas de no máximo 2%.
No caminho inverso, entre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, óleo bruto de petróleo foi o item mais vendido em 2024 – quase US$ 6 bilhões – sem a cobrança de tarifas. Produtos semimanufaturados de ferro ou aço vieram em segundo lugar com quase US$ 3 bilhões. A barreira americana aplicada foi de 7,2%. O café não-torrado em grão somou quase US$ 2 bilhões com tarifa de 9%.
Trump anuncia tarifas para países que cobram taxas de importação de produtos americanos e cita o etanol brasileiro como exemplo
A orientação do governo de Donald Trump para taxar parceiros comerciais vem preocupando os principais mercados no mundo. Na segunda-feira (10), o anúncio foi de uma taxação de 25% sobre o aço e o alumínio. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos.
Na quinta-feira (13), o memorando de Trump para impor tarifas sobre países que cobram taxas de produtos americanos, as chamadas tarifas recíprocas, cita outro produto brasileiro: o etanol. Em 2024, a venda de etanol aos americanos foi de US$ 180 milhões. Na outra mão, US$ 50 milhões em etanol vieram dos Estados Unidos para cá. No comércio do etanol, enquanto os americanos cobram uma tarifa de 2,5%, o Brasil tem uma taxa de 18%.
Lula volta a defender o princípio da reciprocidade como reação à cobrança de tarifas pelos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar explica que a tarifa mais alta foi determinada pelo Mercosul e é aplicada porque o etanol produzido no Brasil – a partir da cana de açúcar ou do milho – emite um terço dos gases do efeito estufa em comparação ao etanol produzido nos Estados Unidos. Isso porque as usinas brasileiras costumam usar biomassa como fonte de energia para a produção de etanol.
“Falar de reciprocidade diante de produtos, soluções tão diferentes como são o etanol brasileiro e o etanol americano. A Califórnia, especialmente, compra o etanol brasileiro porque o etanol brasileiro é mais limpo, ele é mais sustentável, pelo modo como a gente faz esse etanol”, explica Evandro Gussi, presidente da Unica.
Outro setor que observa os anúncios de Donald Trump é o de carnes. Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações de carne bovina brasileira. Em 2024, o Brasil exportou 229 mil toneladas aos americanos e importou apenas 66 toneladas. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne disse que os Estados Unidos já aplicam uma tarifa alta na importação de carne.
“Hoje, o que limita a exportação brasileira aos Estados Unidos é a tarifa de 26,4% que o governo americano já cobra da carne brasileira. A carne brasileira ainda não teve impacto, não foi anunciada nenhuma tarifa extra sobre a carne brasileira. Então, nós estamos acompanhando. Mas não dá para ter nenhuma ação e solicitação ao governo sem ter nenhuma medida que nos afete a princípio”, diz Roberto Perosa, presidente da Abiec.
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