Chegou ‘o grande dia’ para Trump, que imporá tarifas ao resto do mundo

Donald Trump na Casa Branca em 11 de fevereiro de 2025JIM WATSON

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O “grande dia” chegou para o presidente Donald Trump, que está determinado a assinar a ordem de tarifas “recíprocas” nesta quinta-feira (13), uma nova espiral na guerra comercial aberta com os aliados econômicos dos EUA.

Foram “três semanas fantásticas, talvez as melhores de todos os tempos, mas hoje é o grande dia: tarifas recíprocas!!!”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

Ele acrescentou: “Vamos tornar a América grande novamente!!!”, seu slogan de campanha.

Em seguida, ele anunciou que realizará uma coletiva de imprensa às 13h (15h em Brasília) no Salão Oval.

O presidente republicano quer impor o mesmo nível de tarifas sobre os produtos que entram nos EUA vindos de outro país que o aplicado aos produtos americanos exportados para lá.

A ideia é nivelar as tarifas alfandegárias, o que é um golpe para alguns países emergentes, como o Brasil ou a Tailândia, que impõem tarifas altas para proteger suas respectivas economias.

Por exemplo, a Índia, cujo primeiro-ministro Narendra Modi visitará a Casa Branca nesta quinta-feira, aplica uma tarifa de 25% sobre os carros americanos, o que significaria que os Estados Unidos poderiam fazer o mesmo com os carros indianos.

Trump já anunciou tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses e 25% sobre alumínio e aço. Uma política econômica agressiva com um único objetivo: “América em primeiro lugar”.

As taxas sobre esses dois metais afetam vários países da América Latina, mas especialmente o Brasil, o México e a Argentina.

A tarifa de 25% sobre o aço, o alumínio e os derivados será imposta sem exceções ou isenções, o que inclui nações que anteriormente estavam isentas, como o Canadá ou o México, seus parceiros no acordo comercial da América do Norte (T-MEC).

Ambos os países também estão em liberdade condicional por algumas semanas em relação a outras tarifas de 25% que ele imporá a eles se não chegarem a um acordo, para incentivá-los a combater a imigração ilegal e o tráfico de fentanil, um opioide sintético que causa estragos nos Estados Unidos.

O presidente diz que usa as tarifas como uma ferramenta para tornar o país “rico novamente”.

– Olho por olho –

Sua ideia é aumentar as tarifas para financiar parcialmente os cortes de impostos e absorver o crescente déficit comercial, mas também como um meio de pressão.

E ele está fazendo isso aplicando a lei da retribuição, “olho por olho, dente por dente”.

Uma abordagem “muito simples”, diz ele: “se eles nos fizerem pagar, nós os faremos pagar”.

“O pensamento do presidente Trump é que, pelo menos, todos nós podemos concordar que, se eles nos taxam em 20%, nós deveríamos poder taxá-los em 20%. Portanto, se eles reduzirem suas tarifas, nós reduziremos suas tarifas, essa é a ideia de reciprocidade”, disse seu assessor econômico Kevin Hassett à CNBC na segunda-feira.

Mas os economistas alertam que esse uso de tarifas pode irritar governos e empresas estrangeiras e prejudicar a economia dos EUA.

Eles não descartam uma possível retaliação ou até mesmo pedidos de boicote, como ocorreu no Canadá. E isso poderia enfraquecer setores já em dificuldades, como a agricultura.

“É possível que, no final, vejamos países tentando se desligar do mercado dos EUA. É um mercado enorme, muito lucrativo, mas também tão arriscado que pode acabar se tornando menos atraente do ponto de vista econômico”, diz o economista Maurice Obstfeld.

Muitos analistas também preveem preços mais altos para os americanos, já que as tarifas são pagas pelos importadores e geralmente são repassadas aos consumidores.

Um fator que deve ser levado em conta. Os especialistas atribuem a vitória eleitoral de Trump em novembro passado, em grande parte, à insatisfação do público com a inflação.

Após um pico de inflação de +9,5% na primavera de 2022 (de acordo com o índice CPI), o aumento dos preços continuou, embora em um ritmo mais moderado.

O índice do IPC publicado na quarta-feira lança uma nova sombra sobre o quadro: os preços ao consumidor aumentaram 3% em relação ao ano anterior em janeiro, mesmo antes da entrada em vigor das novas tarifas alfandegárias.

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