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Elton Monteiro Júnior, de 30 anos, está preso e foi indiciado por estelionato, extorsão e lavagem de dinheiro. Sete vítimas denunciaram suspeito. Algumas chegaram a transferir carros e altos valores em dinheiro a golpista. Suspeito usava nome em japonês em aplicativo de relacionamentos
Reprodução RPC
“Lavo louça e não deixo toalha molhada na cama”, estes eram alguns itens da descrição descontraída que Elton Monteiro Júnior, de 30 anos, usava em um aplicativo de relacionamentos para atrair e enganar mulheres afirmando ser pai solo de autista para extorqui-las, segundo a Polícia Civil.
Nas redes sociais, ele se apresentava como Elton Kleinenberg, escrito em japonês, com 27 anos.
“Sei a diferença de ‘porque’ e ‘por quê’; vou dar risada das piadas ruins da sua tia; não tenho nome no Serasa; e ainda vou mentir para a sua família que a gente se conheceu na igreja”, dizia o homem em outros trechos na rede social.
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Elton foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de estelionato, extorsão e lavagem de dinheiro. Ele foi preso por não pagamento de pensão alimentícia e teve prisão convertida para preventiva após a polícia descobrir que ele era o mesmo suspeito procurado pelos golpes aplicados no app.
Por trás do perfil ‘inofensivo’, ele escondia o mesmo modo de ação: conquistava as vítimas, estabelecia relacionamentos simultaneamente e mentia para elas exigindo valores em dinheiro, segundo a delegada da Delegacia da Mulher de Cascavel, Raisa Scariot.
“Ele se apresentava como individuo bem sucedido, bastante sedutor e relatava que estava precisando de alguns valores, devido a questões de trabalho dele ou se utilizava do argumento de que era pai solo e tinha filho autista. Em razão disso, ele passou a pedir diversos valores dessas vítimas ou transferência de veículos”, relatou a delegada.
“Então não era um caso de um namorado que pede dinheiro emprestado para a namorada e em razão disso não paga. Não era uma simples situação. O relacionamento não se iniciava com intuito afetivo e sim com intuito financeiro para ludibriar essas vitimas e assim conseguir valores que era a forma como ele ganhava a vida’’, afirmou Scariot.
Das sete vítimas identificadas até o momento são de Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Curitiba e do estado de Santa Catarina. O inquérito foi concluído na sexta-feira (7) e segundo a polícia, reuniu elementos suficientes que indicam que Elton cometeu os crimes. Leia mais abaixo.
O g1 tenta identificar a defesa dele.
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Vítima relata ter transferido mais de R$ 35 mil ao longo do relacionamento
Suspeito e vítima fizeram viagens juntos
Reprodução RPC
Duas das vítimas, que preferiram não ser identificadas nesta reportagem, contaram em entrevista à RPC sobre como conheceram e se relacionaram com ele.
Uma delas, que é de Curitiba, contou que ao conhecer o suspeito, que ele não mencionava o sobrenome. Ela só descobriu o porquê depois: era justamente com o nome falso que ele fazia movimentações financeiras dos golpes. Os dois namoraram durante um ano, entre 2022 e 2023.
“A primeira palavra que eu falei pra ele pessoalmente foi, tu é muito galanteador. Por que ele realmente é. Ele sabe como tratar uma mulher”, afirmou a vítima.
Os dois fizeram viagens juntos e quando a confiança foi estabelecida, veio o plano de construir uma casa em Cascavel. Nas trocas de mensagens, era comum Elton cobrar dinheiro. Com o tempo, as cobranças foram aumentando consideravelmente.
Para a mulher, ele afirmava trabalhar com investimentos do pai, mas que ocorreu uma abriga entre os dois e que ele havia perdido a vantagem que tinha de trabalhar com o pai. Ela acredita que tenha transferido entre R$ 30 mil e R$ 35 mil para o golpista.
“Ele precisava sustentar a casa. Ele precisava que colocasse crédito no telefone ou então ‘ah, estou no interior, vim para o sítio, e preciso voltar para a cidade, mas não estou conseguindo sacar dinheiro, eu não estou com meu cartão'”, recordou a mulher.
Ela afirma que se sentiu usada, em especial, por ter se tornado apenas “dinheiro” para ele.
“Não existe uma palavra que possa dizer como eu me senti, porque vem tudo, vem a frustração por tu achar que está construindo um relacionamento com alguém, tu te sente usada porque é só isso que tu se torna para a pessoa, dinheiro, nada mais além disso”, relatou a vítima à RPC.
Nas trocas de mensagens com as vítimas era comum ele cobrar valores delas, segundo a polícia
Reprodução RPC
Passeio com lancha de outra vítima e fim de relacionamento com ameaças
Outra vítima contou que conheceu o suspeito em 2018. Nas mensagens trocadas com ele, muitas que exibiam fotos e vídeos de carros e dinheiro, eram enviadas em visualização única.
Ela contou ainda que Elton a convidou para uma viagem em Santa Catarina, onde andaram com uma lancha. Para a vítima, o golpista contou que a embarcação era da família dele, porém, algum tempo depois ela descobriu que a lancha era de uma outra mulher que ele enganava em Santa Catarina.
Ao começar a descobrir as mentiras, a vítima tentou terminar a relação, mas foi ameaçada por Elton.
“Eu sai da cidade que eu estava por conta dele, por conta de muitas ameaças.[…] Um ano depois, uma menina me contactou através do Boletim de Ocorrências (B.O.). Ela viu meu B.O. e foi onde a gente começou a juntar um pouco do que sabíamos e a gente foi entendendo o tamanho do farsante que ele era”, relembrou a vítima.
A Polícia Civil informou que a investigação apurou que uma terceira vítima chegou a passar um carro para o nome do golpista, enquanto outra transferiu, ao longo do relacionamento, cerca de R$ 160 mil.
Cobranças de valores eram comuns nas trocas de mensagem após ele estabelecer confiança com as vítimas
Reprodução RPC
Esposa do suspeito também pode responder por crimes
A Polícia Civil concluiu a investigação contra Elton na sexta (7). De acordo com a delegada Raisa Scariot, o crime de estelionato se encaixa neste caso, por diversos motivos.
“Por que que configura estelionato? Porque o relacionamento que ele estabelecia com essas mulheres era todo mentiroso. Ele mentia o nome, ele estabeleceu namoro com várias ao mesmo tempo, era simultâneo”, explicou a delegada.
A delegada afirma que o indiciamento também se estendeu a atual companheira de Elton.
“Ele tinha uma companheira que residia em Santa Catarina, que ao que tudo indica, ela sabia de todos esses intentos do seu companheiro’. […] Ela pode responder criminalmente por algum tipo de participação na ocultação de valores, já que ela recebeu valores nas suas contas correntes, de vítimas’’, disse a delegada.
A Polícia Civil reforçou a importância da denúncia e afirmou que o inquérito concluído foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que deve analisar de oferece denúncia contra Elton e a companheira.
“Hoje não é mais por mim, é por todas, é por todas as meninas que ele deu esse golpe. […] A gente vai realmente conseguir fazer com que a justiça seja feita’’, disse a primeira vítima citada nesta reportagem.
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