Só existe no Brasil: projeto tenta salvar raposas-do-campo

Espécie é endêmica do Cerrado brasileiro.Frederico Gemesio Lemos/PCMC

A raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), menor canídeo do Brasil e única espécie endêmica do Cerrado, luta para sobreviver em meio a pastagens de gado e lavouras de soja. No entanto, sua população está em declínio devido à perda de habitat, atropelamentos, doenças e conflitos com humanos e cães domésticos. Um projeto na Fazenda Pontal, em Corumbaíba (GO), tenta reverter esse cenário.

Em uma área de 1.500 hectares, biólogos e veterinários monitoram raposas-do-campo com coleiras rádio-transmissoras para estudar seu comportamento, saúde e interações com outros carnívoros.

A Raposa-do-Campo é conhecida por se alimentar principalmente de cupins.Frederico Gemesio Lemos/PCMC

A iniciativa, chamada Raposinha do Pontal, é uma parceria entre o Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC) e o proprietário da fazenda, Juscelino Martins, que há quase 30 anos investe em práticas sustentáveis e conservação.

Conhecida por se alimentar principalmente de cupins, a raposa desempenha um papel crucial no ecossistema do cerrado, contribuindo para a dispersão de sementes e o controle de pragas.

A raposa enfrenta desafios como a expansão da soja, que reduz seu território e base alimentar, e o aumento de cães domésticos, que transmitem doenças e competem por recursos. Segundo análise do PCMC indica que há 80% de chance da espécie desaparecer em 50 anos.

O PCMC faz pesquisas focadas na conservação de canídeos silvestres.Frederico Gemesio Lemos/PCMC

O projeto já monitorou 28 raposas, além de outros carnívoros como cachorros-do-mato e lobos-guará. Os pesquisadores coletam dados sobre dieta, reprodução e saúde, além de promoverem educação ambiental com a comunidade local. A meta é expandir as ações, criando corredores ecológicos e um guia de boas práticas para fazendas.

O que é o Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC)

O PCMC é um grupo de pesquisa vinculado à Universidade Federal de Catalão que, desde 2009, que faz trabalhos de pesquisa e extensão em sobre as relações de algumas espécies, principalmente carnívoras, com áreas modificadas.

As informações geradas pelos projetos, incluindo o Raposinha do Pontal, dão base para tomadas de decisão de órgãos ambientais, como Ibama e ICMBio, e para criação de planos de ação estadual e federal na conservação de canídeos silvestres.

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