Pesquisa aponta que 65% dos brasileiros não usam protetor solar diariamente, e farmacêutico alerta também para uso incorreto: ‘Pior que não utilizá-lo’


Responsável pelo estudo do Instituto de Cosmetologia de Campinas (SP) afirma que o uso incorreto do produto pode ser tão nocivo quanto não o aplicar. Protetor solar é obrigatório
Kindel Media no Pexels
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Cosmetologia de Campinas(SP) apontou que, em 2024, 65,5% dos brasileiros declararam não passar filtro solar diariamente.
Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico do IC, explicou ao g1 que o percentual está acima do ideal, mas alertou que usar o produto incorretamente “pode ser tão nocivo quanto não o aplicar”.
“O uso incorreto é pior do que não utilizá-lo. Se a pessoa não usar [protetor solar], ela não irá sair no sol, pois sabe que está desprotegida. Mas caso ela ache que passou corretamente, terá uma falsa sensação de segurança e vai abusar [da exposição solar]”, explica o farmacêutico.
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📈 O estudo qualitativo investigou a fotoproteção, entrevistando 1.057 pessoas de 27 estados brasileiros. O instituto monitora o uso diário de filtro solar desde 2015, em oito edições.
Os entrevistados também afirmaram que não aplicavam protetor solar em dias nublados e chuvosos (23,3%), não o reaplicavam durante o dia (46,1%), e que não sabiam qual é quantidade correta para receber a fotoproteção indicada no frasco (36%). Confira os resultados obtidos neste ano, abaixo:

Textura incomoda, preço elevado e ‘não preciso’
Ao serem questionados do porquê do não uso, os entrevistados justificaram que o produto tem um preço elevado, ou que não gostavam da textura e, até mesmo, não achavam que a aplicação era necessária. Veja o percentual de respostas:
Textura incomoda: 24,5%
Preço alto: 21,1%
Não acha que precisa: 12,5%
Não tem tempo: 9,1%
Alergia: 2,3%
Outros: 29,2%
Portilho confirma que, realmente, um frasco de protetor solar “não tem um preço acessível à população com menor poder aquisitivo”, e que isso se torna uma barreira para que elas o usem.
“O custo dos protetores impacta bastante. As pessoas, principalmente a população mais pobre, têm outras prioridades na vida, e o protetor solar não será uma delas […] O mercado nacional conta com opções mais baratas, que podem ter uma qualidade mais baixa, mas protegem igual’, conta Portilho.
Os entrevistados também tiveram que justificar por qual razão passam o filtro solar.
A saúde foi a principal razão apontada (53,3%), seguida da prevenção ao câncer (36,9%) e da indicação médica (6,3%). Portilho reafirma que preocupação é condizente, já que ‘a falta de proteção solar pode impactar no desenvolvimento de câncer de pele’.
Não é preciso passar protetor solar para ficar em ambientes fechados pois a luz emitida pelas telas não é capaz de causar estrago nas células da pele, diferente da luz do sol.
Reprodução/Freepik
Câncer de pele
Ediléia Bagatin, professora associada do Departamento de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o protetor solar não se restringe a evitar queimaduras na praia, mas o produto é protagonista (e essencial) na prevenção ao envelhecimento precoce e ao câncer de pele.
“A exposição crônica à radiação solar causa manchas na pele, manchas escuras, manchas brancas, e ao longo do tempo, o aspecto envelhecido da pele […]. O efeito da radiação solar é cumulativo: ele vai gerando gradativamente mutações das células, vai envelhecendo a pele, até que acontece o câncer”, diz
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele não melanoma é considerado o tumor mais frequente no país, correspondendo a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil.
🧬 Em estimativas para o triênio de 2023 a 2025, o INCA apontou que o período pode registrar 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma, sendo 56.140 apenas no estado de São Paulo. Já para o câncer de pele melanoma, os números podem chegar em 8.980 em todo território nacional, e 3.120 no estado paulista.
Protetor solar: o maior aliado na prevenção contra o câncer de pele.
Unsplash.
Envelhecimento precoce
⛲ Se engana quem pensa que a fonte da juventude é o botox! O uso diário do protetor solar, além de ser mais barato e indolor, preserva a jovialidade da sua pele, evitando o surgimento e a progressão de manchas e rugas.
“O dia todo nós somos expostos a radiação UVA, que é a mais relacionada ao envelhecimento da pele. Ela penetra mais profundamente e danifica camadas mais profundas da pele.”, explica Ediléia Bagatin
Mulher utilizou filtro solar no rosto durante 40 anos, mas não no pescoço
Foto: C. Posch/ Journal of The European Academy of Dermatology and Venereology
Idosa passou filtro solar por décadas no rosto, mas não no pescoço
🤔 Ok, mas como eu sei que estou aplicando a quantidade ideal?
Bagatin diz que o corpo precisa de duas gramas de produto a cada centímetro quadrado de pele, mas é completamente inviável fazer um cálculo exato.
Então, o ideal é garantir que o seu corpo tenha uma camada generosa e uniforme de protetor por todas as áreas que serão expostas ao sol.
“Você tem que enxergar que você passou, que a pele está com certo brilho, que você realmente está com aquela substância na sua pele. Que você não passou uma coisa que sumiu”, diz a professora.
Portilho reforça que a quantidade ideal para a proteção corporal não é a mesma para todo mundo, já que “cada pessoa tem um tamanho e formato de corpo diferente”.
Mas é possível fazer uma medição para a aplicação no rosto, calculando a quantidade ideal com uma colher ou com os seus próprios dedos:
Se o produto for fluído, você pode despejar o produto em linhas bem generosas em todo o comprimento de três dedos (no indicador, no do meio e no anelar);
Caso seja uma loção, despeje o produto em uma colher de sobremesa rasa.
Calcule a quantidade de protetor solar no rosto usando três dedos.
Maria Fernanda Masetti/g1
🔃 Um tempo depois da primeira aplicação do produto, o usuário deve reaplicá-lo para que o protetor mantenha um bom desempenho. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), recomenda-se que o produto seja reaplicado a cada duas horas.
Portilho, por sua vez, acredita que fora da praia o intervalo do reforço pode ser maior e que o hábito pode variar segundo o “o nível de contato com o sol de cada um”. Isso porque, a reaplicação deve ser feita a cada nova exposição a radiação solar.
“Por exemplo, se você sai na hora do almoço pra rua, tem que reaplicar pelo menos no rosto, nos braços e nas mãos. Porque, das oito da manhã até o meio-dia, a pessoa já está desprotegida”, diz Ediléia Bagatin
A professora Bagatin afirma que o uso do protetor e a reaplicação devem ser mantidos mesmo em dias chuvosos e nublados, porque a radiação passa pelas nuvens. “As pessoas acham tudo isso muito chato. E de fato, é chato no dia a dia ter que fazer isso, mas é preciso”.
Você sabe a diferença entre filtro solar e protetor solar?
gpointstudio/Freepik
*Sob supervisão de Fernando Evans
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