Por que a insegurança financeira ronda as mulheres


Para alcançar a mesma remuneração que um homem em posição semelhante recebeu no ano de 2023, elas tiveram que trabalhar até 12 de março de 2024 Projeto leva qualificação profissional e educação financeira a mulheres
Entre os dias 22 e 23 de janeiro, acompanhei mais um evento do centro de longevidade da Universidade Stanford. O tema da quinta edição do Century Summit era “Etarismo e o futuro intergeracional”, com especialistas de diversas áreas. Uma das questões mais debatidas foi o envelhecimento feminino, porque é o que reúne o maior número de desafios: as mulheres vivem mais, ganham menos, e, ao chegar à velhice, 50% delas vivem abaixo da linha de pobreza.
Envelhecimento feminino reúne o maior número de desafios: as mulheres vivem mais, ganham menos e, ao chegar à velhice, 50% delas vivem abaixo da linha de pobreza
Surprising Snapshots para Pixabay
Annamaria Lusardi, professora da escola de negócios de Stanford e uma referência mundial em educação financeira, foi incisiva: “as mulheres enfrentam mais barreiras profissionais e recebem menos promoções. Além disso, muitas interrompem a carreira para criar os filhos ou assumir o papel de cuidadoras de familiares. Mesmo as trabalhadoras qualificadas acumulam, em média, US$ 1 milhão (quase R$ 6 milhões) a menos que seus colegas homens. O sistema é pouco amigável para elas em todas as faixas etárias, em todos os países, por isso sempre aconselho às minhas alunas: aprendam a negociar e a pedir um salário maior!”
Lusardi lamenta que as mulheres tenham menos confiança em seus conhecimentos financeiros, ainda que, na prática, esse temor não se justifique. Se, por um lado, isso as torna mais cautelosas, também pode impedi-las de fazer investimentos com um risco maior, mas que tragam resultados mais significativos. JoAnne Moore, vice-presidente da Financial Corebridge, trouxe dados impressionantes sobre a diferença salarial entre gêneros:
“Para alcançar a mesma remuneração que um homem em posição semelhante obteve em 2023, a mulher teve que trabalhar até 12 de março de 2024. Se for negra, teve que trabalhar até 9 de julho!”
Moore lembrou que 85% dos centenários do planeta são do sexo feminino e compartilhou informações que dão a dimensão do desafio que as mulheres enfrentam para superar esse quadro de desigualdade:
Duas em cada três mulheres apontam três fatores quando pensam numa vida bem-sucedida: ser independente financeiramente (69%); manter o estilo de vida de sua preferência (67%); poder ajudar a família (62%).
As maiores preocupações são: inflação (53%); não ter recursos para se manter depois da aposentadoria (32%); não conseguir viver confortavelmente na velhice (25%); ter pouco ou nenhum dinheiro investido (23%).
Duas em cada três aposentadas relatam que teriam começado mais cedo se pudessem voltar no tempo; 38% teriam buscado a ajuda de um consultor financeiro; 31% teriam contribuído mais para o plano de previdência privada da empresa.
Poupar para a aposentadoria é crucial para as mulheres das gerações dos baby boomers (61%) e X (59%); construir uma carreira de sucesso é a meta de millenials (45%) e da geração Z (58%). Para lembrar, baby boomers são os nascidos entre 1946 e 1964; a geração X vai de 1965 a 1980; os millenials, ou geração Y, nasceram entre 1981 e 1996; e a geração Z compreende o período de nascimentos entre 1997 e 2010 – há ainda os caçulas, da geração alfa, que nasceram depois de 2010.
Sobre quanto tempo sua poupança – quando existe! – vai durar depois da aposentadoria, 19% afirmam que não têm a menor ideia, enquanto apenas 21% dizem que essa reserva é suficiente para mais três décadas de vida. A lição de casa: fazer com que o tema dinheiro/remuneração/promoções deixe de ser tabu e levar educação financeira para um número cada vez maior de mulheres.
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