
Entidades que representam os agentes da Segurança Pública de Santa Catarina elaboraram, em reunião realizada na quarta-feira (29), uma carta aberta com reivindicações. Os policiais penais e agentes de segurança socioeducativos estão em greve desde o dia 22 de janeiro.

Entidades representativas dos policiais penais de Santa Catarina elaboram carta e criam fórum estadual para diálogo da categoria – Foto: Divulgação/ND
A reunião ocorreu na sede da ABVO (Associação Barriga Verde dos Oficiais Militares Estaduais de Santa Catarina). A carta critica a falta de diálogo com o governo estadual.
“Por razões desconhecidas, o governo do estado tem se recusado a estabelecer diálogo com as associações que representam a totalidade do efetivo dos órgãos de segurança pública”, diz o documento.
O grupo afirma ainda que há “indiferença” às reivindicações apresentadas e pede o reconhecimento da categoria. Uma nova reunião foi agendada para a próxima segunda-feira (3). A carta é assinada pela ABVO e por mais dez entidades.

Carta assinada por 11 entidades critica falta de diálogo com o governo estadual – Foto: RICARDO WOLFFENBUTTEL/SECOM-SC/ND
Além disso, foi anunciada a criação do Fórum Estadual de Segurança Pública, um espaço para diálogo e colaboração que reúne diversas entidades.
“Este fórum tem como objetivo discutir e propor soluções para os desafios enfrentados na segurança pública do Estado”, afirmam as entidades na carta.
Em nota enviada ao ND Mais, a Sejuri (Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social) afirma que não foi procurada pela associação para uma conversa e está à disposição, “reforçando seu compromisso com a transparência e a responsabilidade na gestão do sistema prisional e socioeducativo”.
“O governo do estado segue investindo em equipamentos para os policiais penais e agentes de segurança socioeducativos. A Sejuri segue com seu compromisso de trazer segurança para a sociedade catarinense”, informa.
Greve dos policiais penais foi aprovada em assembleia
A greve dos policiais penais e agentes de segurança socioeducativos foi aprovada em assembleia-geral da categoria. Votaram a favor da greve 98,8% dos participantes.
Ferdinando Gregório, presidente da Ageppen Brasil (Associação dos Policiais Penais do Brasil), explicou à reportagem do ND Mais que a categoria enviou as solicitações ao governo em 22 de outubro de 2024, em frente ao Centro Administrativo.

Greve dos policiais penais foi aprovada em assembleia-geral no dia 22 de janeiro- Foto: Eduardo Valente/Secom-SC/ND
“A gente está com muito problema de fornecimento de material para trabalhar. O servidor não está recebendo uniforme, está faltando luva para a gente fazer revista nas celas. Estamos com baixo efetivo, os policiais estão sobrecarregados, muita gente tem adoecido”, disse o presidente.
Segundo a APPS-SC (Associação dos Policiais Penais e Agentes de Segurança Socioeducativos de Santa Catarina), as principais reivindicações são a reestruturação da carreira e a recomposição salarial.
Santa Catarina conta com cerca de 3,6 mil policiais penais e 600 agentes socioeducativos, distribuídos em 56 unidades prisionais e 39 unidades que atendem adolescentes infratores.
O governo estadual tem um prazo de 30 dias para se manifestar, contados a partir de quinta-feira. Caso não haja retorno, uma nova assembleia será realizada ao final de fevereiro ou início de março para deliberar o início da “greve de zelo”.

Governo estadual tem prazo de 30 dias para se manifestar sobre a greve – Foto: Eduardo Valente/Secom-SC/ND
Durante a greve de zelo ou Operação Legalidade, todas as atividades são realizadas estritamente dentro do horário de expediente, sem serviços extras, como escoltas para audiências e procedimentos médicos. Se as reivindicações não forem atendidas, os policiais penais podem entrar em greve total no dia 22 de maio.