Deportação em massa, anistia aos acusados de 6 de janeiro e taxação: o que Trump anunciou que irá fazer


Republicano deve publicar mais de 100 ordens executivas nos primeiros dias de governo para dar início à agenda ‘América em primeiro lugar’. Trump toma posse nesta segunda-feira (20). O presidente dos EUA, Donald Trump, assina uma ordem executiva na Casa Branca no primeiro mandato
Reuters/Carlos Barria
O novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos deve começar com uma série de ordens para dar início à agenda “America first” (América em primeiro lugar) a partir desta segunda-feira (20). Nos próximos dias, são esperadas medidas para combater a imigração ilegal, anistiar manifestantes que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e taxar outros países como forma de pressão.
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Segundo a agência Reuters, mais de 100 ordens executivas preparadas pela equipe de Trump devem ser publicadas nos primeiros dias de governo.
Durante a campanha presidencial e após ser eleito, Trump fez uma série de promessas para melhorar a economia dos Estados Unidos e priorizar os interesses dos norte-americanos no cenário global.
As propostas do republicano foram vistas como conservadoras e protecionistas por parte da imprensa americana. Veja a seguir alguns temas:
Imigração: Ele promete retomar políticas migratórias da época em que era presidente. Afirma também que irá realizar a maior deportação em massa da história dos EUA. A medida tem potencial de afetar inclusive brasileiros em situação ilegal no país.
Economia: Trump foca seu plano econômico no corte de impostos e no aumento de tarifas para produtos importados. Ele também se posiciona contra incentivos para a transição energética.
6 de janeiro: O republicano afirmou que vai anistiar alguns manifestantes que invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Com isso, essas pessoas seriam soltas e teriam seus crimes perdoados.
Conservadorismo: Trump prometeu “deter a loucura transgênero” e declarou que deixará a questão do aborto sob responsabilidade dos estados.
Crise climática: O presidente quer retirar os Estados Unidos de acordos internacionais, reverter medidas de Biden para proteção ao meio ambiente e ampliar a extração de petróleo e gás natural.
Conflitos internacionais: Trump disse que vai promover a “paz através da força” para encerrar os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia. Por outro lado, sugeriu que pode adotar uma política expansionista e anexar territórios.
Confira detalhes dos planos de Trump seguir.
1. Imigração
O presidente dos EUA, Donald Trump, em imagem feita no muro construído na fronteira com o México
Alex Brandon/AP Photo
Trump anunciou que vai retomar políticas migratórias da época em que era presidente, entre 2017 e 2021. É esperado que ele declare a questão da imigração como uma emergência nacional, liberando recursos para ampliar a fiscalização e retomar a construção de um muro na fronteira com o México.
Trump também deve enviar tropas para as fronteiras e dar mais liberdade aos agentes de imigração federal para prender suspeitos. O governo pretende acabar com programas que autorizam a entrada de estrangeiros por questões humanitárias.
Cerca de 11 milhões de pessoas vivem em situação irregular nos Estados Unidos, entre eles brasileiros. O republicano pretende lançar um programa de deportações em massa para resolver o problema.
Para isso, Trump precisará do apoio da Procuradoria-Geral. Por esse motivo, o republicano escolheu a aliada Pam Bondi para o cargo. Enquanto isso, especialistas alertam que a expulsão generalizada poderia reduzir a mão de obra no país, prejudicando a economia.
Por fim, o presidente prometeu acabar com a cidadania automática para pessoas nascidas nos EUA com pais em situação irregular. Essa proposta é mais difícil de ser aprovada, já que Trump precisaria alterar a Constituição com o aval do Congresso.
A 14ª Emenda da Constituição dos EUA, ratificada em 1868 após a Guerra Civil, prevê a concessão de cidadania a “todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos”.
2. Economia
Trump: ‘Brasil cobra caro, e vamos fazer o mesmo’
Trump afirmou que pretende cortar impostos para vários setores da sociedade americana. Confira algumas medidas anunciadas durante a campanha presidencial:
Imposto sobre importações: Impor tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, além de tarifas de 60% ou mais sobre produtos vindos da China.
Imposto corporativo: Reduzir a alíquota de 21% para 15%, com o objetivo de incentivar a produção nacional.
Corte de impostos: Eliminar os impostos sobre horas extras e gorjetas, além de ampliar um corte de impostos para todas as classes, incluindo os mais ricos.
Analistas orçamentários afirmam que os cortes de impostos prometidos por Trump podem gerar um déficit entre US$ 3,6 trilhões e US$ 6,6 trilhões ao longo de 10 anos.
Quanto à aplicação de tarifas, Trump declarou que pretende elevar a taxação de produtos estrangeiros, inclusive de parceiros históricos dos Estados Unidos. Essa estratégia teria dois objetivos principais: proteger a indústria americana e pressionar outros países.
Trump ameaçou aplicar tarifas pesadas contra México e Canadá para forçar os dois países a resolver questões relacionadas à imigração ilegal e à entrada de drogas nos Estados Unidos. Além disso, o republicano indicou que pode taxar países do BRICS, como o Brasil, caso abandonem o uso do dólar.
Críticos alertam que a aplicação de tarifas sobre produtos importados pode gerar inflação e aumento na taxa de juros. Atualmente, o alto custo de vida no país é uma das principais reclamações dos americanos.
3. 6 de janeiro
Apoiadores radicais de Trump invadiram o Congresso americano em 6 de janeiro de 2021 para interromper a certificação do presidente eleito, o democrata Joe Biden
Reuters via BBC
Trump afirmou que vai anistiar algumas pessoas condenadas ou acusadas de envolvimento no ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
Naquele dia, manifestantes tentaram impedir a oficialização da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. O episódio resultou na morte de cinco pessoas.
Para isso, Trump pretende conceder o perdão presidencial a alguns dos condenados pela invasão. A Procuradoria-Geral deve auxiliar o presidente nessa tarefa.
De acordo com as autoridades americanas, mais de 900 pessoas foram condenadas pelo ataque ao Capitólio. Trump acredita que algumas dessas pessoas estão presas injustamente e as chamou de “reféns”.
“Estou inclinado a perdoar muitos deles”, declarou Trump diversas vezes durante a campanha. “Não posso dizer que farei isso para todos, porque alguns, provavelmente, perderam o controle.”
4. Conservadorismo
Uma mulher segura um cartaz em apoio ao direito ao aborto durante um protesto no Dia Internacional da Mulher 2023 em Nova York, EUA, em 8 de março de 2023
REUTERS/Caitlin Ochs
Trump afirmou que vai “deter a loucura transgênero” nos Estados Unidos. O presidente declarou que não permitirá a entrada de pessoas trans nas Forças Armadas nem nas escolas públicas.
Ele também afirmou que pretende eliminar qualquer programa que ofereça auxílio médico para a transição de gênero.
“A política oficial dos Estados Unidos será que só existem dois gêneros: masculino e feminino”, afirmou.
Outro tema que gera grande debate no país é a liberação do aborto. Durante seu primeiro mandato, Trump nomeou juízes conservadores para a Suprema Corte, o que resultou na derrubada de uma lei que garantia o direito à interrupção da gravidez em todo o território nacional.
Desde então, o apoio ao aborto legal cresceu entre os americanos. A própria primeira-dama, Melania Trump, sinalizou apoio ao direito. Trump, no entanto, tenta se desvincular da responsabilidade sobre o tema, afirmando que a questão deve ser decidida por cada estado.
Durante a campanha, o republicano garantiu que vetaria uma proibição federal ao aborto. Além disso, ele afirmou que não pretende banir o acesso a medicamentos abortivos.
5. Crise climática
Tartaruga terrestre em rua na Califórnia, enquanto ventos fortes alimentam incêndios florestais devastadores na área de Los Angeles e forçam as pessoas a evacuar
Reuters
A equipe de Trump está preparando ordens executivas para revogar as regulamentações climáticas adotadas pelo governo de Joe Biden. Entre as medidas planejadas estão a ampliação de usinas de energia e a retomada das exportações de gás natural liquefeito.
“Drill, baby, drill” (“Perfure, querida, perfure”) tem sido um lema frequentemente repetido por Trump para incentivar a extração de combustíveis fósseis.
O presidente também deve reduzir o tamanho de alguns parques nacionais, considerados áreas protegidas, para permitir novas perfurações e atividades de mineração.
Outra medida esperada é a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, tratado internacional assinado para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Trump já havia retirado o país do acordo em seu primeiro mandato, mas a ordem foi revertida por Biden.
Além disso, o republicano pretende acabar com incentivos para a produção de veículos elétricos no país. Ele também deve bloquear a importação de carros e materiais para baterias provenientes da China.
Trump planeja ainda revogar isenções que permitem que a Califórnia e outros estados adotem regras de poluição mais rigorosas.
6. Conflitos internacionais
Foto tirada do lado israelense da fronteira com a Faixa de Gaza mostra nuvens de fumaça subindo de explosõesapós o anúncio do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
Menahem Kahana/ AFP
Trump assume o governo com o conflito no Oriente Médio e a guerra entre Rússia e Ucrânia no radar. O republicano nomeou dois enviados para encontrar soluções para ambos os casos, em uma estratégia definida por ele como “paz através da força”.
Em relação ao Oriente Médio, Trump escolheu Steve Witkoff para tratar do assunto. Mesmo antes da troca de governo, Witkoff participou das negociações para um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que entrou em vigor no domingo (19).
O presidente afirmou que, caso os reféns que estão sob o poder do grupo terrorista não fossem libertados até o retorno dele à Casa Branca, haveria consequências graves em Gaza.
Ao mesmo tempo, Trump indicou que poderia reduzir o apoio a Israel, apesar de ser um forte aliado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Sobre a Ucrânia, o presidente nomeou o general Keith Kellogg para discutir o conflito. O militar apresentou um plano para acabar com a guerra, com medidas que vão desde o congelamento das linhas de batalha até o adiamento da entrada da Ucrânia na Otan.
Kellogg defende que os Estados Unidos parem de fornecer armas à Ucrânia caso o país se recuse a participar de negociações pela paz. Por outro lado, ele afirma que aumentará o apoio militar caso a Rússia demonstre resistência em buscar um acordo.
Especialistas afirmam que o plano pode não agradar o governo ucraniano, pois o país provavelmente perderia territórios para a Rússia de forma definitiva sob os termos propostos.
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