Homem com tumor no pescoço sofre com sangramentos após não conseguir trocar cânula de traqueostomia enferrujada


Família alega que a troca da cânula, que está enferrujada e quebrada, foi recusada em uma unidade de saúde de São Vicente (SP). Morador de São Vicente (SP) pede por troca de equipamento da traqueostomia
Arquivo Pessoal
Um homem com um tumor no pescoço alega que sofre com sangramentos e dores por conta da cânula da traqueostomia, equipamento que possibilita a respiração, estar enferrujada e quebrada. Ao g1, a família dele afirmou que a troca do aparelho foi recusada em uma unidade de saúde em São Vicente (SP), no litoral de São Paulo. “Qualquer dia, podemos encontrá-lo morto”, desabafou a mãe.
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Ediangelo de Barros Torres, de 40 anos, mora com a mãe, Elisangela de Barros Torres, de 60, na Vila Margarida. Segundo ela, o tumor foi identificado há aproximadamente oito meses, no entanto, a família ainda não sabe se é benigno ou maligno por conta da demora na realização da biópsia.
Elisangela relatou ter levado o filho ao Pronto-Socorro Central de São Vicente para fazer a troca do equipamento há aproximadamente duas semanas, porém, de acordo com ela, o procedimento foi ‘recusado’ no local.
“Falaram que não podem fazer nada por ele”, afirmou a mulher. “Está sangrando. Limpo todos os dias e consigo ver que está infeccionado. [O equipamento] está se soltando e a qualquer movimento pode sair. Ele [Ediangelo] fica nervoso e diz que sente muita dor”.
Tumor e traqueostomia
Homem com tumor no pescoço reclama de equipamento da traqueostomia quebrado
Arquivo Pessoal
Elisangela afirmou que um médico especializado em cirurgia de cabeça e pescoço do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santos (SP), cidade vizinha, indicou a troca do equipamento no PS Central de São Vicente.
O aparelho, de acordo com a mãe, foi colocado em Ediangelo desde a identificação do tumor. “Está com a garganta ‘fechada’ e [sem o equipamento] não tem como respirar”, disse ela.
Por fim, a mulher ressaltou o sentimento de preocupação com o caso do filho. “Não dormimos com medo de acontecer alguma coisa, como ele ter uma parada respiratória. Se não corrermos atrás das coisas dele, qualquer dia, podemos encontrá-lo morto dentro de casa”, afirmou.
Especialista
Ao g1, o cirurgião oncologista Fernando Yaeda explicou que tumores de faringe ou laringe podem obstruir as vias aéreas do paciente, tornando necessária a “confecção de uma traqueostomia”.
O procedimento, segundo o médico, se baseia em fazer um orifício na traqueia, permitindo que o ar entre e vá para os pulmões. “Colocamos o aparelho para não fechar o ‘buraco'”, comentou ele.
Ainda de acordo com o especialista, equipamentos de plástico ou metálico podem ser utilizados nesses casos. “Para uso domiciliar, o paciente vai com o aparelho metálico e, realmente, é necessário ter bastante cuidado. Por ser de metal, pode enferrujar ou acabar obstruído”, disse.
Yaeda complementou que a ferrugem pode gerar infecções locais. “É necessário uma manutenção frequente. Quando está enferrujando é uma indicação absoluta de troca do aparelho. O procedimento é bem simples e pode ser feito no pronto-socorro”.
Prefeitura de São Vicente
Em nota, o município informou, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), que o procedimento da visita a domicílio citado acima também é considerado “imprescindível para constatar o tipo de aparelho necessário para atender o paciente da melhor forma”.
A Prefeitura de São Vicente (SP) informou ter entrado em contato com o Programa Melhor em Casa, do sistema de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o município, o órgão solicitou à cuidadora do paciente o histórico e o agendamento para uma visita a domicílio, que vai determinar se a troca do aparelho pode ser feita em casa ou se há necessidade de cirurgia.
Governo de SP
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo explicou, também por meio de nota, que a troca da cânula de traqueostomia é de responsabilidade municipal.
Ainda de acordo com a pasta, o Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista confirmou que o paciente realizava acompanhamento no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Santos na especialidade de cirurgia de cabeça e pescoço.
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