Etanol: demanda aquecida com entressafra mais prolongada e vendas no período de festas sustenta cotações, aponta USP


Cotações médias dos etanóis hidratado e anidro fecharam em R$ 2,67 e R$ 3 o litro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada de Piracicaba (SP). Prejuízo na safra e benefício para colheita: entenda como onda de calor por impactar o cultivo da cana-de-açúcar no interior de São Paulo
Claudia Assencio/g1
A demanda por biocombustível se mostrou aquecida no início de 2025 e a reposição das vendas do etanol durante as festividades de Natal e Réveillon tiveram papel importante para o cenário positivo, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), o campus da USP em Piracicaba (SP).
“Além da expectativa de preços firmes nos próximos meses com a entressafra mais prolongada no Centro-Sul, a reposição das vendas do período de festividades do ano passado também deu suporte às cotações”, analisam os pesquisadores do setor para o Cepea.
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O estudo aponta que, de 30 de dezembro/24 a 3 de janeiro/25, o volume de etanol hidratado negociado no mercado Spot do estado de São Paulo quase dobrou frente na comparação com o período anterior.
⛽Entre 30 de dezembro e 3 de janeiro: o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou em R$ 2,6712/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), avanço de 0,99% frente ao período anterior. No caso do anidro, o indicador subiu 0,82%, a R$ 3,0339/litro, valor líquido de impostos (sem PIS/Cofins).
Cadeia
A cadeia da soja e do biodiesel desbancou a estimativa de queda, recuperou os preços com a demanda aquecida nos mercados doméstico e externo e poderá atingir R$ 598,4 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O desempenho equivale representando a 23,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Brasil.
Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o setor apresentou de melhora na renda e superou o nível pré-pandemia. A marca também equivale 5,1% do PIB nacional em 2024.
Chuvas
De acordo com o professor e pesquisador Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o período de crescimento das lavouras e pastagens, incluindo também a soja, milho e a cana, vem sendo beneficiado pelo volume de chuvas.
“Novembro e dezembro foram muito bons, acima da média prevista. Em dezembro, o volume de chuvas em Piracicaba, por exemplo, foi de 225, 3 milímetros. A média para o período é 195 mm. O que é bem interessante para o crescimento das lavouras, com temperatura e radiação solar adequadas, e oferece boas perspectivas de recuperação, especialmente para a safra da cana, predominante na região, que deverá ser colhida a partir de abril de 2025”, comentou.
Alta em outubro após movimento de queda
Depois de movimentos de quedas nas cotações devido às queimadas registradas em canaviais em agosto, incluindo o interior de São Paulo, os preços médios dos etanóis hidratado e anidro iniciaram alta. As usinas já estavam atentas à chance de crescimento da demanda, na época.
⛽De 14 a 18 de outubro, o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou em R$ 2,51 o litro, líquido de impostos como ICMS e PIS/Cofins). O valor equivale à elevação de 1,43% na comparação com a semana anterior. Para o anidro, o aumento foi de 4,62%, com o Indicador a R$ 2,88 o litro, também livre de impostos.
“O suporte veio da postura firme de muitas usinas, atentas ao encerramento da moagem e ao possível aquecimento na demanda nos últimos meses do ano, como típico para o período”, avaliam os pesquisadores do Cepea.
🌱3º maior volume da safra
📈O volume de etanol comercializado na última semana no mercado spot do estado de São Paulo foi o terceiro maior da safra 2024/25, conforme apontam pesquisas do Cepea.
“Distribuidoras de diferentes portes participaram de maneira mais ativa das aquisições, e vendedores se mostram otimistas com os próximos meses do ciclo atual”, aponta o Centro. “Além da proximidade do fim das atividades no campo e na indústria, a pressão de tancagem está menor e a boa diferença entre os preços dos combustíveis nas bombas nos principais estados consumidores da região Centro-Sul também segue dando suporte aos valores na usina”, conclui.
Setembro
De 2 a 6 de setembro, conforme levantamento do Centro da Esalq-USP, a procura por etanol hidratado esteve baixa e chegou ao menor volume do biocombustível comercializado por usinas paulistas na temporada 2024/25. O valor no período fechou em R$ 2,5081/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), o que representa recuo de 1,88% frente à semana anterior.
O preço do etanol na primeira semana de setembro também já apresenta novos recuos. O Indicador Cepea/Esalq para o anidro na segunda semana de setembro subiu 0,65% e fechou em R$ 2,9358 o litro, considerando valor líquido de impostos, segundo a pesquisa.
“A a safra de cana-de-açúcar 2024/25 caminha cheia de incertezas, relacionadas especialmente ao volume a ser processado e às produções de açúcar e de etanol, por conta dos impactos da seca e de incêndios no final de agosto”, afirma o Cepea em boletim mais atualizado.
Queimadas
O tempo seco e queimadas fizeram os preços dos etanóis hidratado e anidro caírem entre as usinas paulistas e as exportações de açúcar remunerarem mais que vendas internas em agosto.
As queimadas que atingiram as áreas de cana-de-açúcar no interior de São Paulo geraram apreensão no setor – 👇Veja mais detalhes, abaix
Indicador Cepea/Esalq do hidratado registrou alta de 1,37% em relação à primeira semana de junho e fechou em R$ 2,3378/litro.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
🧑‍🌾Clima prejudica volume e qualidade da cana
As atenções de agentes do mercado, segundo análises do Cepea, se voltam ao volume e à qualidade da cana-de-açúcar do ciclo seguinte (2025/26), foram prejudicados pelo clima seco em agosto.
Somado ao clima seco, as queimadas em áreas de cana em pé e/ou em fase de rebrota que dariam origem à próxima colheita também geram apreensão sobre o setor. “Algumas usinas ainda computam os prejuízos no campo”, conforme levantamento do Cepea.
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Claudia Assencio/g1
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