Pesquisa revela que 75% das escolas de Florianópolis têm áreas verde para alunos brincarem

Uma pesquisa inédita do Instituto Alana revelou que 75% das escolas de Florianópolis têm áreas verdes. Somente 31,4%, no entanto, ficam próximas a praças ou parques que as crianças e adolescentes podem acessar.

As áreas verdes são importantes porque, para muitas crianças, a escola representa o principal local para brincar e aprender ao ar livre – Foto: Reprodução ND

O recorte de Florianópolis faz parte de um amplo estudo realizado pelo Instituto Alana a partir de dados levantados pelo MapBiomas e analisados conjuntamente com a ONG Fiquem Sabendo. Foram pesquisadas 20.635 escolas públicas e particulares, de educação infantil e fundamental, em todas as capitais.

De acordo com o instituto, as áreas verdes são importantes porque, para muitas crianças, a escola representa o principal local para brincar e aprender ao ar livre. Considerando que 80% das crianças e adolescentes no Brasil vivem em centros urbanos, a natureza pode não fazer parte de suas vivências se não for pela escola.

O contato com áreas verdes melhora os indicadores de saúde e bem-estar dos alunos, como imunidade, memória, sono, alívio do estresse, capacidade de aprendizado, sociabilidade e desenvolvimento motor. Em cidades cada vez mais cimentadas e inseguras, os jovens têm se confinado em espaços internos com excesso de telas.

“A natureza deve ser fonte de saúde e aprendizado, e não uma ameaça. Por isso, o papel das escolas é central para promover acesso a áreas verdes e adaptação às emergências climáticas”, afirma JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana.

O contato com áreas verdes melhora os indicadores de saúde e bem-estar dos alunos, como imunidade, memória, sono e alívio do estresse – Foto: Escola Agrícola Municipal Carlos Heins Funke

Segundo Amaral, é preciso desconcretar a infância e adotar soluções baseadas na natureza. “Jardins de chuva, captação e tratamento de água, restauração da vegetação nativa e compostagem ajudam a prevenir enchentes, equilibrar o calor, aumentar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, trazer benefícios para a saúde física e mental das crianças”, completa.

A situação é pior na educação infantil, com 43,5% das escolas sem áreas verdes no país. Nas capitais, 20% das escolas também não têm praças e parques no entorno de 500 metros, o que impacta mais de 1,5 milhões de alunos de 4.144 escolas.

O levantamento ainda aponta que a educação pública está à frente da particular nesse quesito. Somente 9% das escolas particulares brasileiras têm mais de 30% de áreas verdes no lote, enquanto nas públicas o percentual é de 31%.

Falta de áreas verdes nas escolas é agravada por desigualdades raciais e econômicas

Cerca de 90% das escolas brasileiras em áreas de risco estão dentro ou em um raio de até 500 metros de favelas e comunidades urbanas. – Foto: Divulgação Instituto Alana

Segundo o Instituto Alana, a pesquisa evidencia o racismo estrutural na educação. Cerca de 90% das escolas brasileiras em áreas de risco estão dentro ou em um raio de até 500 metros de favelas e comunidades urbanas, e 51% delas tem maioria de alunos que se declaram negros.

A falta de áreas verdes nas escolas é maior para estudantes que vivem em favelas e comunidades urbanas, bem como para alunos negros. Eles também estudam em áreas mais quentes.

Cerca de 36% das escolas com maioria de alunos negros estão em territórios com temperaturas 3,57°C acima da média da capital, enquanto 16,5% das escolas com maioria de alunos brancos se encontram na mesma situação.

“Ter a natureza como centralidade e dar às crianças oportunidades para brincar e aprender com ela contribui com a educação ambiental e climática, fomentando o protagonismo necessário para que crianças e adolescentes possam participar efetivamente da transição verde de nossas sociedades”, aponta Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana que esteve à frente da pesquisa.

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