Entenda como polarização de Lula e Bolsonaro invadiu a posse de Topázio Neto em Florianópolis

A posse do prefeito reeleito Topázio Neto (PSD), da vice-prefeita Maryanne Mattos (PL) e dos 23 vereadores de Florianópolis, na noite de quarta-feira, ficou marcada por momentos em que aflorou a rivalidade que política nacional entre os defensores do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Posse em Florianópolis teve clima de polarização política

Topázio Neto discursa após a posse como prefeito de Florianópolis com parte das galerias da Alesc ocupadas por militantes de esquerda – Foto: Germano Rorato/ND

Concentrados à direita da galeria superior da Assembleia Legislativa, militantes do PT e do PSOL saudaram a eleição de cinco vereadores na nova legislatura e trocaram provocações com bolsonaristas. O clima se estendeu ao próprio plenário em que eram empossados os novos representes da Capital.

Em seu juramento de posse, o vereador Leonel Camasão (PSOL) acrescentou ao regimental “eu prometo” a frase “Bolsonaro na cadeia”. Por sua vez, Bericó (PL) fez o gesto de empunhar armas, uma marca do ex-presidente. Cada manifestação de vereadores alinhados a um lado ou a outro recebia ovação de parte das galerias.

Esquerda e PL ganharam espaço na Câmara de Florianópolis em 2024

A polarização nacional saiu reforçada pelas urnas em Florianópolis na eleição para vereador, o que ajuda a explicar o clima de fla-flu nas galerias da Alesc – cuja sede foi cedida para a posse municipal.

O PSOL manteve as três cadeiras, mas reforça a postura combativa com a chegada do jornalista Leonel Camasão, com forte atuação nas redes sociais, e da ativista Ingrid Sateré Mawé, da causa indígena. Eles se somam ao experiente Afrânio Boppré, que inicia seu quarto mandato consecutivo.

Pelo PT, foi reeleita a vereadora e suplente de deputada federal Carla Ayres e chega como novidade o sindicalista Bruno Ziliotto, ligado a uma das correntes mais radicais do partido.

Mas ao mesmo tempo que a esquerda se fortaleceu, o PL conquistou cinco cadeiras na Câmara – a maior bancada ao lado do PSD. Na posse, Bericó e Gemada mostraram disposição para o confronto. Após as manifestações contra Bolsonaro vindas da galeria, o Bericó escreveu “Lula Ladrão” em papel e o colocou sobre a mesa no plenário.

Disputa pela mesa da Câmara de Florianópolis opôs esquerda e governistas

O clima continuou tenso após a posse dos eleitos, quando a Câmara de Vereadores realizou a primeira sessão do ano para eleições dos integrantes da mesa diretora. Antes do evento, ainda existiam articulações para desfazer o acordo na base governista que daria a reeleição a João Cobalchini (MDB) e as duas vagas remanescentes da mesa para PSD e PL – sem sucesso.

Bericó e Carla Ayres disputaram no voto cargo na mesa diretora

Bericó (PL) e Carla Ayres (PT) disputaram a primeira vice-presidência em votação que opôs base governista a bancadas do PSOL e do PT – Foto: Ana Schoeller/Divulgação/ND

Com isso, Carla Ayres apresentou-se como candidata à presidência contra Cobalchini e à vice-presidência contra Bericó. Ao subir à tribuna, a petista criticou a condução do emedebista e listou nomes de vereadores que teriam articulado por uma candidatura alternativa.

Ao final, Cobalchini foi eleito com 21 votos contra apenas dois de Carla. A votação aberta causou constrangimento aos vereadores do PSOL, que haviam acordado o voto em Cobalchini. Na disputa pela vice-presidência, Bericó venceu com 18 votos contra 5 da petista – desta vez, PT e PSOL votaram alinhados.

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