Cantor de pagode que morreu atropelado nunca bebeu álcool e ajudava vítimas de acidentes, diz mãe


Família de Adalto Mello pede justiça pelo atropelamento que ocorreu em São Vicente (SP). Vídeo mostra acidente de trânsito que matou cantor de pagode em São Vicente (SP)
A família de Adalto Mello, o cantor de pagode que morreu atropelado por um motorista embriagado em São Vicente, no litoral de São Paulo, afirmou que lutará por justiça para que outras pessoas não sejam vítimas da imprudência no trânsito. Ao g1, a mãe do músico revelou que ele nunca havia se envolvido em um acidente de trânsito nem ingerido bebida alcóolica.
“Não foi um acidente. Ele [motorista] assassinou o Adalto. […] O meu filho era um anjo que jamais arriscou. Ótimo piloto de moto, de carro, muito cuidadoso com ele e com os outros. Parava para o cachorro passar”, disse Carla Vanessa de Mello Almeida, de 62 anos.
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O artista, de 39 anos, pilotava uma motocicleta quando foi atingido por um carro na Avenida Tupiniquins, no bairro Japuí, na madrugada de domingo (assista no topo da reportagem).
Conforme apurado pelo g1 nesta quarta-feira (1º), o motorista, de 32 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia.
O caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo automotor. Porém, teve a natureza alterada para homicídio doloso com dolo eventual (quando se assume o risco de matar, apesar de não ter esse objetivo) após os trabalhos de investigação.
Adalto Mello era cantor e compostior
Redes sociais
Rotina
De acordo com Carla, o filho morava com ela e tinha o costume de retornar para casa durante a madrugada, pois trabalhava de noite cantando em comércios e eventos. Apesar disso, ele não bebia nada alcoólico.
“Acabava o show, ele vinha para casa, não ficava, no máximo para falar com algum amigo […]. Eu fumo, o meu filho nunca fumou. Meu filho nunca bebeu, ele abominava bebida”, afirmou Carla.
Segundo a dona de casa, o músico presenciou diversos acidentes de trânsito durante a madrugada e, apesar de nunca ter se envolvido em um, costumava ajudar as vítimas. “Uma vez, uma moça que ele socorreu morreu e ele foi ao enterro dela. Ela tinha sofrido um acidente de moto […] Lembro dele me contando e chorando pedindo para Deus para que ela vivesse”, afirmou.
Atropelamento
Carla contou que a família está muito abalada com a morte e revoltada com o atropelamento, que foi flagrado por câmeras de monitoramento. “No vídeo dá para ver meu filho vindo ‘na manha’ [devagar] de motinha. Ele falava: ‘Mãe, eu venho na manha’. E o cara pegou e chapou, ele voou”, lamentou a mulher.
Ela disse que, no dia do atropelamento, Adalto havia prometido ao filho, de 10 anos, que voltaria para casa perto das 3h da manhã. Desta forma, ela enviou uma mensagem para ele. “Mandei: ‘Filho, está tudo bem?’. Ele não respondeu e foi porque já estava morto”, relembrou.
“Não foi um acidente, quando é a gente consegue interpretar. Ali é nítido, é claro. Foi um homicídio”, disse.
Adalto Mello deixou a mãe e o filho de 10 anos
Arquivo pessoal
Justiça
Segundo a mulher, a família e os amigos de Adalto se unirão para garantir que o motorista permaneça preso. “Esse cara tem que ficar na cadeia, que é lugar de assassino. Não quero vingança, quero justiça”, relatou Carla.
Ela acrescentou que, se o homem for solto, pode acabar com outras vidas no trânsito. “Poderia ser uma velhinha andando, poderia ser uma criança com o pai, ele ia chapar quem fosse. Ele não estava em condição alguma de dirigir”, afirmou.
“A justiça lá de cima eu sei que será feita porque Deus, que eu creio, que eu acredito, que eu temo, vai fazer justiça. A justiça de Deus tarda, mas não falha”, finalizou.
Morte do artista
As imagens de câmeras de monitoramento, que circulam nas redes sociais e foram obtidas pela equipe de reportagem, mostram o momento do acidente em diferentes ângulos (assista no vídeo acima). O motorista do carro ultrapassou um outro automóvel e atingiu Adalto, que foi arremessado.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, encontraram um carro batido contra uma árvore, além de uma motocicleta caída no chão.
Segundo o Corpo de Bombeiros, uma equipe foi acionada por meio da central de atendimento 193 e auxiliou os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegaram antes e realizaram manobras de ressuscitação no cantor. A morte de Adalto foi constatada ainda no local.
Imagens fortes
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Cantor de pagode Adalto Mello, de 39 anos, morreu em um acidente de trânsito em São Vicente (SP)
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