O Ministério da Saúde diz que em 2023 houve um problema com o fornecedor do imunizante mas que estoques devem ser repostos entre janeiro e fevereiro. A vacina deve ser aplicada em duas doses: com 1 ano e 3 meses e aos 4 anos
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Um levantamento com Secretarias de Saúde mostra que os estoques de vacinas contra catapora estão em falta ou abaixo do necessário em 16 estados e no Distrito Federal.
Liliane faz questão de proteger o filho e ter o cartão de vacinas completo. Mas uma ficou faltando: varicela.
Era para o Arlon ter tomado a dose com um ano e três meses. O posto disse que não tinha o imunizante. Sete meses depois, Arlon pegou catapora.
“Ligava, mandava mensagem: está em falta. Eu fiquei muito revoltada. Eu ficava triste, chateada”, conta a técnica em saúde bucal Liliane Pereira de Lima.
A catapora é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zóster, que provoca lesão na pele e coceira, principalmente das crianças.
São aplicadas 2 doses: com 1 ano e 3 meses e depois, aos 4 anos.
“A vacina é uma forma bastante importante para prevenção dessa doença que se transmite muito fácil. A gente sempre diz: vacinar-se perpassa a dimensão individual, é uma responsabilização coletiva. A catapora pode resolver-se facilmente, mas também pode agravar-se e, dependendo do indivíduo, ocasionar inclusive a morte”, afirma a epidemiologista e líder do Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação da UFMG Fernanda Penido.
O Jornal Nacional fez um levantamento: em 17 estados e no Distrito Federal os estoques estão baixos ou zerados.
Sem doses em muitos postos de saúde do País e com muita procura, a luta contra a catapora está longe do esperado.
O Ministério da Saúde recomenda que 95% das crianças estejam imunizadas. Mas pouco mais de 71% estão protegidas contra a doença.
Em Contagem, cidade vizinha de Belo Horizonte, 20 mil crianças estão com o cartão incompleto.
Os postos de saúde costumam receber 6 mil doses contra catapora todo mês. Desde o meio do ano passado, chegaram só 4 mil.
No começo de dezembro vieram tão poucas, 220, que a prefeitura concentrou tudo num posto só, que fica dentro de um shopping.
“Como está em período de férias, os shoppings ficam bem lotado, os pais trazem nesse período de Natal, a gente centralizou pra facilitar também para os pais trazerem”, conta Clarissa Castro, diretoria de Vigilância Epidemiológica de Contagem.
Quando a Ana Carolina soube que a vacina chegou, deu um tempo no passeio. As duas filhas estavam sem proteção contra catapora.
“Agora o sentimento está de felicidade, porque elas vão ficar protegidas. Porque vacina é proteção”, comemora a dona de casa Ana Carolina Souza Prates.
O Ministério da Saúde diz que em 2023 houve um problema com o fornecedor do imunizante, o que provocou o desabastecimento. Mas que tem estoque estratégico para suprir a demanda e contratou outros laboratórios.
“As entregas estão acontecendo. O problema é que nós precisamos de mais vacina para dar conta da demanda reprimida, e, mesmo assim, a gente vai ter completamente a distribuição regularizada ao longo do mês de janeiro e fevereiro. Então a gente vai esperar que nos meses subsequentes, essa demanda que ficou reprimida, seja completamente atendida”, afirma Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.