Caro (a) leitor (a)
Chegamos ao fim de mais um ano. Aproveitando o momento que é propício para reflexões, idealizações e desejos, e entrando na onda do cinema nacional e da maravilhosa Fernanda Torres à frente do lindíssimo “Ainda Estou Aqui”, onde personifica o ato de ser mãe, me peguei refletindo sobre o roteiro que escrevemos para nossas próprias vidas. Aí te pergunto caro (a) leitor (a): O filme da sua vida seria indicado ao Oscar?
Você é o protagonista da sua história, isso é fato. Mas, convenhamos, às vezes o filme da nossa vida é… ruim. Sabe aqueles filmes confusos, sem pé nem cabeça, sem começo, meio ou fim? Pois é, nesse caso, você é o roteirista.
Louco, né? Porque, além de roteirista e protagonista, você também é o diretor(a) desse filme. E, sendo bem sincero(a), quantas vezes você já viveu ou está vivendo um filme ruim? Aquele em que a iluminação pesa, a trilha sonora não faz sentido, o figurino não combina com você e os coadjuvantes parecem não desenvolver seus papéis, o que torna sua atuação ainda mais difícil. Um roteiro mal escrito, cheio de cenas desconexas, sem narrativa nem storytelling.
Mas a boa notícia é que sempre podemos reescrever a história. Quer um exemplo? O clássico “Feitiço do Tempo”. Na comédia romântica dos anos 90, Bill Murray interpreta um apresentador do tempo que é obrigado a reviver, repetidamente, o pior dia da sua vida. À primeira vista, parece apenas mais uma comédia fantasiosa, mas o filme vai além. Ele é uma metáfora poderosa sobre autoconsciência, autoconhecimento, autorrealização e, acima de tudo, transformação.
Agora, imagine: como seria sua vida se você estivesse preso(a) no tempo, tendo que repetir hoje exatamente como ele é? Você estaria no paraíso ou no inferno? Estaria em paz com suas escolhas ou viveria em guerra consigo mesmo(a) e com os outros? E, se percebesse que está preso(a) nesse loop temporal, será que enxergaria isso como uma oportunidade de mudar?
É aqui que a reflexão se torna interessante. Porque, assim como no filme, nossas vidas são uma jornada de autoconsciência. Somos roteiristas, diretores(as) e protagonistas ao mesmo tempo, e cada decisão que tomamos molda a história que estamos contando. “Feitiço do Tempo” nos lembra que o crescimento só acontece quando olhamos para dentro e desafiamos nossos próprios padrões.
Talvez você não seja indicado ao Oscar, mas quem disse que isso importa? O que importa é sentir que o filme da sua vida faz sentido. Que, mesmo com tropeços no roteiro, você está bem, e assim, quem sabe, ele pode ser indicado a uma das tantas categorias que celebram o esforço, a evolução e a superação. E isso, por si só, já é um prêmio: o sentimento de realização, reconhecimento e missão cumprida.
Portanto, faça do roteiro da sua vida uma história digna de aprendizado, emoção e significado. Viva cada dia como se fosse o único. Nem o primeiro, nem o último — mas o único. Porque, no fim das contas, é só isso que temos: o dia de hoje e talvez não ganhemos estatuetas douradas, mas uma história bem vivida é o maior prêmio que podemos conquistar. Feliz Ano Novo!