Relatório aponta falta de profissionais para os empregos verdes

Relatório aponta falta de profissionais para os empregos verdes

Com o aumento das preocupações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade, os profissionais do segmento desempenham um papel vital na construção de um futuro mais ambientalmente favorável – Foto: Veolia/Divulgação

Nos últimos anos, o conceito de profissões da transformação ecológica, ou trabalhos verdes, ganhou destaque à medida que a sociedade vem se tornando mais consciente das questões ambientais.

O Brasil é responsável por 10% dos empregos verdes globais, posicionando-se como o segundo maior empregador na indústria de biocombustíveis, energia solar, hidrelétrica e eólica.

O país fica atrás apenas da China, que detém 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho verdes no mundo, conforme informações da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) reunidas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Com o aumento das preocupações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade, os profissionais do segmento desempenham um papel vital na construção de um futuro mais ambientalmente favorável.

Atentas a essa demanda, algumas empresas estão capacitando seus funcionários para que tenham as chamadas habilidades verdes. Para exemplificar, a Veolia, multinacional francesa presente no Brasil há mais de 30 anos, realiza treinamentos para todos os funcionários a respeito das questões de transformação ecológica.

“Essa valorização acontece em todos os níveis. Nossos funcionários que realizam a coleta de resíduos urbanos, por exemplo, também recebem treinamentos. Os coletores são extremamente relevantes para a redução de impactos ambientais no Estado de Santa Catarina e para a transformação ecológica que almejamos”, afirma Caroline Bonato, Diretora de Recursos Humanos da Veolia no Brasil. 

A variedade de carreiras verdes disponíveis demonstra que a sustentabilidade não é apenas uma questão de responsabilidade, mas também uma oportunidade de desenvolvimento econômico que não negligencie as demandas ambientais.

Habilidades e competências verdes

As habilidades e competências verdes são essenciais no contexto dos trabalhos verdes. Elas envolvem conhecimentos e atitudes que promovem a sustentabilidade e o uso eficiente de recursos.

As competências verdes referem-se ao conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que capacitam os indivíduos a contribuir para uma sociedade sustentável. Englobam, dessa forma, desde a capacidade de projetar edificações ecológicas até o conhecimento em novas tecnologias que promovam a eficiência energética.

Há uma ampla gama de competências aplicadas nas profissões da transformação ecológica. Um exemplo é o uso de técnicas de gestão de resíduos que permite uma melhor reciclagem e aproveitamento do lixo.

De acordo com o Global Green Skills Report 2023, divulgado pelo Linkedin Economic Graph, a transição ecológica envolve todos os setores da economia. Entre 2022 e 2023, o número de trabalhadores com habilidades verdes cresceu 12,3%, enquanto a demanda por essas habilidades aumentou 22,4%, o que reflete um déficit potencial de profissionais qualificados.

As quatro categorias de competências verdes

De acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, as competências verdes podem ser divididas em quatro categorias principais. A primeira é a técnica, que se relaciona com a construção e o design de edificações ecológicas, abordando aspectos como materiais sustentáveis.

A segunda categoria é a científica, que envolve inovações e aprimoramentos em serviços existentes, como o uso de energia renovável. A terceira categoria é o gerenciamento, que abrange a supervisão de atividades empresariais, visando a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida dos produtos e serviços.

A quarta são as competências de monitoramento, essenciais para avaliar e garantir a conformidade com normas técnicas e legais, assegurando que as atividades das profissões da transformação ecológica estejam dentro dos parâmetros sustentáveis exigidos.

Exemplos de aplicação dos empregos verdes

Relatório aponta falta de profissionais para os empregos verdes

A educação e o treinamento contínuo são relevantes para acompanhar os avanços tecnológicos – Foto: Veolia/Divulgação

As profissões da transformação ecológica abrangem diversas áreas que visam promover o desenvolvimento sustentável. O foco recai sobre práticas que minimizem o impacto ambiental e promovam a conservação dos recursos naturais. Confira a seguir algumas dessas áreas.

Manejo florestal sustentável

No caso do manejo florestal sustentável, os profissionais atuam na gestão de florestas de forma a garantir a continuidade da biodiversidade. Eles monitoram a saúde das florestas, promovendo práticas que evitam o desmatamento ilegal e incentivam o replantio.

Esses profissionais precisam ter conhecimento em ecologia, silvicultura e legislação ambiental. O uso de tecnologias, como drones e softwares de geoprocessamento, auxilia na coleta de dados e na tomada de decisões. Além disso, muitos desses especialistas trabalham junto a comunidades locais para promover a conscientização sobre a importância da conservação.

Produção de energias renováveis

Os trabalhos verdes na área de energias renováveis envolvem a instalação e manutenção de sistemas sustentáveis, como painéis solares e turbinas eólicas. Mas não apenas isso. Elas também são responsáveis pelos processos de valorização energética de resíduos.

A Veolia, por exemplo, emprega um processo chamado blendagem para coprocessamento. Neste método, os resíduos das indústrias e de comércios que geram grandes quantidades de lixo com alto poder calorífico – e que não podem ser reciclados, tais como plásticos mistos, tecidos, borrachas, couro, algumas espumas e madeira – são utilizados para gerar uma mistura chamada combustível derivado de resíduos (CDR), uma energia renovável para uso pela indústria de cimento que substitui o combustível fóssil normalmente utilizado nesse segmento. Com isso, são reduzidas significativamente as emissões de gases de efeito estufa e a dependência de combustíveis fósseis.

Técnicos e engenheiros da área são essenciais para a transição energética. Eles realizam análises técnicas e financeiras que viabilizam a implementação de soluções renováveis. A educação e o treinamento contínuo são relevantes para acompanhar os avanços tecnológicos.

Esses profissionais também se dedicam a desenvolver estratégias que aumentem a eficiência energética de indústrias e pŕedios em geral, como hospitais, hotéis, shoppings e edifícios de escritórios, entre outros. Sendo assim, trabalham em projetos que visam otimizar o uso de recursos como energia e água.

Transporte limpo

No contexto do transporte limpo, as profissões da transformação ecológica se concentram na promoção de alternativas sustentáveis.

Engenheiros, planejadores urbanos e especialistas em mobilidade trabalham para desenvolver sistemas de transporte que reduzam as emissões de gás carbônico. Os projetos incluem a implementação de ciclovias, transporte público elétrico e veículos compartilhados.

Esses profissionais colaboram com governos e organizações para adotar ações que incentivem o uso de tecnologias verdes na mobilidade urbana. De acordo com o relatório Global Green Skills Report 2023, a mobilidade elétrica lidera a transição, com aumento de 61% em habilidades relacionadas a veículos elétricos entre 2018 e 2023.

Economia verde em Santa Catarina

O estudo Economia Verde no Estado, divulgado pelo governo catarinense este ano, aponta que a economia verde em Santa Catarina gerou mais de R$ 67 bilhões de receitas e quase 775 mil empregos.

Além dos resultados financeiros, o estudo também evidenciou a relevância do setor agropecuário, em que 90% das atividades são consideradas verdes. Para cada 10 empregos verdes criados em SC, 6 são oriundos da agropecuária verde, com 185 mil estabelecimentos rurais operando de maneira sustentável.

A Revista Economia Verde, do estado catarinense, aponta que as atividades de gestão de resíduos e descontaminação estão inseridas no setor industrial verde e contribuem significativamente para o PIB verde de Santa Catarina, representando aproximadamente R$ 5,5 bilhões. O documento destaca que, a cada 10 empregos verdes existentes no estado, 1 é da indústria verde.

Além disso, em SC a maior parte do PIB do setor da indústria verde é gerada pelo segmento de eletricidade, gás, água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, que representa 20,1% do total.

A ciência e o ciclo sustentável nas empresas

As profissões da transformação ecológica são fortemente fundamentadas em conhecimentos científicos. Profissionais em áreas como biologia ambiental, ecologia e engenharia ambiental utilizam dados e pesquisas para desenvolver soluções que minimizem os impactos negativos ao meio ambiente causados pela ação humana.

Esses especialistas desempenham papéis primordiais na concepção de tecnologias limpas e na reabilitação de ecossistemas. Aplicam, portanto, métodos científicos para avaliar riscos ambientais, promovendo práticas que respeitem os limites naturais.

Além disso, a gestão nas profissões da transformação ecológica é vital para garantir que as práticas empresariais estejam alinhadas com os princípios de sustentabilidade. Por exemplo, é possível utilizar o conceito de ciclo de vida para analisar todos os impactos ambientais de um produto, desde a extração de matérias-primas até o descarte final.

Os gestores devem criar estratégias que minimizem os impactos dos resíduos e promovam a eficiência energética. Além disso, educar e engajar colaboradores sobre a importância de práticas sustentáveis contribui para uma cultura corporativa orientada para a sustentabilidade.

Iniciativas de destaque no contexto das carreiras verdes

A Veolia, com uma equipe de mais de 220 mil colaboradores globalmente e cerca de 3 mil no Brasil, se posiciona como uma líder na transformação ecológica. A companhia se dedica à descarbonização, despoluição e regeneração de recursos, oferecendo soluções para indústrias e municípios.

“Acreditamos que oferecer empregos verdes é uma das formas de agirmos em benefício das pessoas que vivem neste planeta. Eles nos possibilitarão contribuir para a proteção dos recursos naturais, da qualidade da vida das pessoas e na despoluição do planeta, alcançando o propósito da transformação ecológica que nos move aqui na Veolia”, complementa Caroline Bonato. 

Os colaboradores da companhia são conhecidos como “resourcers”, e essa comunidade valoriza uma cultura de trabalho que promove a defesa do meio ambiente. Entre 2020 e 2023, o tempo médio de treinamento por funcionário no Brasil aumentou de 22 para mais de 27 horas anuais, um indicativo do investimento em capacitação, totalizando mais de 57 mil horas de formação oferecida pela Veolia aos seus funcionários no País

Além disso, a Veolia Academy oferece treinamentos, atendendo a diversas necessidades, desde questões técnicas até desenvolvimento de habilidades sociais.

Os programas de treinamento, como a Academia de Líderes, que surgiu no Brasil, são uma estratégia para reter e desenvolver talentos de todas as idades, reconhecendo que as profissões da transformação ecológica são acessíveis a todos, unidos em uma meta comum de um futuro mais sustentável.

Para saber mais sobre a Veolia, acesse o site oficial e as redes sociais.

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