O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), já extraiu e começou a transcrever os áudios e dados das caixas-pretas do ATR-72-500 da Voepass que caiu na sexta-feira (9), em Vinhedo, no interior paulista. O desastre deixou 62 mortos, entre passageiros e tripulantes.
Segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, essa é a primeira fase do trabalho. “Os gravadores de vôo, normalmente conhecidos como caixas pretas, são dois: o de voz, Cockpit Voice Recorder, e o de dados, Flight Data Recorder. Nesta manhã, conseguimos, com 100% de sucesso, obter as informações de voz e dados que correspondem aos momentos que antecederam a esse trágico impacto, esse trágico evento para a sociedade”, destacou.
“Mas isso não quer dizer que o trabalho do nosso laboratório de análise e extração de dados de gravadores de vôo está terminado. Os dados foram obtidos, validados e, agora, aguardamos a linha de investigação de nossos investigadores, que ainda se encontram aqui comigo, regressarem a Brasília, para a gente começar a trabalhar na transformação desse número enorme de dados em informação útil para a sociedade”, destacou. O Cenipa estima que em um mês divulgará os primeiros resultados da investigação sobre o maior acidente aéreo em solo brasileiro em 17 anos.
O gravador de voz da cabine do avião e o gravador de dados de voo foram encaminhados ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo em Brasília, na manhã deste sábado (10). O próximo passo será a análise dos dados extraídos, quando as equipes vão se debruçar sobre as atividades do voo, o “ambiente operacional e os fatores humanos”. O Cenipa ainda vai fazer um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas e infraestrutura do avião que caiu. Os relatórios finais do Cenipa costumam levar em média dois anos e sete meses para serem divulgados.
As equipes de resgate finalizaram, na tarde deste sábado (10), a remoção das 62 vítimas do acidente. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal de São Paulo para a identificação e liberação às famílias.
Especialistas em segurança de voo suspeitam que a formação de gelo nas asas do avião teria levado a aeronave a estolar – perder a sustentação e entrar em queda livre, uma situação que é chamada de parafuso chato. A Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica emitiu um alerta com previsão de formação de gelo severo na região em que o avião da Voepass caiu. A empresa diz que a aeronave estava em boa condição e havia passado por manutenção. O modelo é considerado seguro.
A análise das caixas-pretas deve esclarecer principalmente a dinâmica dos últimos minutos do voo 2283. Também pode indicar se teria havido, ou não, alguma comunicação de emergência por parte da aeronave da Voepass. O Cenipa, afirmou que não foi registrado informe, entre os órgãos de controle, sobre problemas durante o voo.
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