Museu em Campos do Jordão reconta momentos da história brasileira com carros que já levaram Elizabeth II e papa João Paulo II


Além de combinar tecnologia, arte e design, exposição de carros icônicos capacita jovens da região em projetos sociais e escola restauração automotiva. O mais novo museu do Brasil abriu as portas esta semana em Campos de Jordão, no interior de São Paulo. Ele percorre um século de história do Brasil e do planeta enquanto acompanha a evolução dos automóveis.
No meio de uma obra da natureza, um espaço para a arte. O cartão de visita já está na rampa de entrada. Dentro, máquinas raras atraem não só apaixonados ou colecionadores, mas todo mundo que tem uma ligação afetiva com um item que há muito tempo faz parte da vida dos brasileiros.
Muita gente tem na memória o tipo de modelo de carro que o avô tinha, o pai, um tio, uma tia. Este museu traz essas lembranças de volta e ainda ajuda também a contar um pouquinho da história do Brasil através desses modelos.
Cada sala representa um período ou estilo. Os automóveis usados por autoridades em mais de um século da nossa república estão aqui.
Tem modelos que levaram a rainha Elizabeth II e o papa João Paulo II pelas ruas brasileiras. E aqueles que já foram os mais desejados em outros tempos. Os esportivos de marcas famosas e modelos de competição também ganharam um espaço para exposição.
Mesmo quem já conhece outros museus pelo mundo se impressiona.
“Eu gosto da história, eu gosto da arte em si, em rodas, e outras artes também”, afirma o colecionador de carros Angelo Cendon. “Já é o melhor da América Latina e, com certeza, o mundo precisa ver isso aqui.”
Museu em Campos do Jordão reconta momentos da história brasileira
Reprodução
Aqui, passado e presente se encontram para retratar a história de quem viu o futuro antes de qualquer outra pessoa. As instalações desafiam a imaginação e a lógica.
A tecnologia ajuda nesta tarefa de recontar nossa trajetória, mas nada como um toque de brasilidade.
“Nós temos os assuntos ligados à historia do Brasil, ao design, à arte no Brasil, à cultura, à música. Tudo isso foi feito como um mix para que seja apresentado ao público um pouco daquilo que é a identidade do nosso país de uma forma sintetizada e passando por diversos períodos da história”, diz Luis Goshima, curador do museu.
Esta sala é o coração do museu. Não é a toa que é tão colorida. Ela conta sobre um período pós guerra, a partir dos anos 1950, quando os jovens estavam em busca de novos tempos, novas aventuras e passaram a ter voz ativa.
Todo o conceito visual do museu foi desenvolvido durante dois anos pelo designer e cenógrafo Gringo Cardia. O projeto foi pensado para mexer com os sentidos e despertar emoções a partir da arte. Ela que faz a ligação entre obras de pintores como Cândido Portinari e Di Cavalcanti com máquinas também desenvolvidas por artistas da tecnologia e do design.
“Você começa a ver que o carro é uma obra de arte também. É uma obra de arte feita por um artista também. Como um utilitário, ele não é um objeto, ele foi construído. Tem um artista que desenhou ali.”
Quem guia os visitantes por esse circuito são jovens de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Eles fazem parte de um projeto social da fundação Lia Maria Aguiar e se preparam com aulas de história, mecânica e artes.
“Apresentar um museu completamente novo, com histórias novas, histórias que aconteceram no nosso país é totalmente diferente”, afirma Luiz Gabriel Berthoud. “Dá um medinho no começo, mas a gente treinou bastante. A gente estudou pra isso, tá todo mundo bem informado para passar a melhor informação para todos.”
O projeto também inclui uma escola de restauração automotiva. O Bruno é da primeira turma de 25 moradores que foi selecionada para aprender uma nova profissão.
“Eu sinto um dever cumprido porque a gente tem todo o processo de restauração e a gente tá dando vida a alguns carros que estão aqui, a relevância, a história deles, tudo isso acrescenta na vida da gente e de quem vai visitar aqui também.
Todo dinheiro arrecadado com ingressos do acervo vai ser destinado à manutenção do acervo e a projetos sociais da Fundação Lia Maria Aguiar.
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