O tradicional presépio da Praça XV de Novembro, em Florianópolis, é muito mais do que uma representação natalina. É uma verdadeira obra de arte viva, carregada de história, cultura e simbolismo.
Criado originalmente em 1973 pelo pesquisador e artista Franklin Cascaes, o presépio conquistou o título de Patrimônio Imaterial da Capital e se tornou um marco cultural. Em 1993, a responsabilidade pela montagem foi passada ao artista plástico Jone Cezar de Araújo, que desde então preserva e inova na criação dessa peça icônica.
“O presépio da Praça XV é mais do que uma celebração do Natal; ele é um elo entre a cultura de Florianópolis e a mensagem universal do nascimento de Jesus”, afirma Jone Cezar de Araújo, responsável pela obra.
Uma história que atravessa gerações
A história do presépio começou em 1973, quando Cascaes, incentivado pelo museólogo Peninha, montou o “Presépio Natural” no campus da UFSC. A obra, feita com materiais naturais e adereços como rendas e conchas, causou polêmica e admiração. No ano seguinte, o presépio foi transferido para a Praça XV, onde se tornou oficialmente parte do patrimônio cultural da cidade.
Desde então, o presépio evoluiu. Hoje, ele não apenas celebra o nascimento de Cristo, mas também homenageia a rica herança cultural de Florianópolis. As figuras, criadas com cabeças de cerâmica e adornadas com materiais típicos, como sementes de garapuvu e conchas do litoral, são um exemplo da dedicação em manter viva a tradição.
Planejamento e materiais únicos
A criação do presépio é cuidadosamente planejada e envolve uma equipe dedicada. “Nós começamos a planejar com um a dois anos de antecedência, sempre com muita pesquisa para garantir que o resultado final seja fiel à cultura local”, explica Jone. O processo inclui desde a escolha dos materiais até a execução meticulosa das peças, cada uma pensada para contar parte da história.
Materiais artesanais e naturais são protagonistas, como cestarias, rendas, gamelas, pilões e sementes de garapuvu, árvore símbolo de Florianópolis. “Esses materiais valorizam o trabalho de artesãos locais e destacam a identidade cultural de Florianópolis. Até as conchas, recolhidas há décadas, são reaproveitadas para preservar a tradição e o meio ambiente”, ressalta Jone.
Uma obra em constante evolução
O presépio da Praça XV se renova a cada ano, mantendo a essência de sua história, mas incorporando novas técnicas, materiais e interpretações. “Ele é dinâmico, une a tradição à inovação, envolvendo artistas, artesãos e a comunidade em um trabalho que vai além da representação estática”, explica Jone. O resultado é uma peça que celebra o passado, mas dialoga com o presente, reforçando sua relevância cultural e social.
Diferenciais no Natal de 2024
Neste ano, o presépio traz novidades marcantes. As figuras, que antes tinham cabeças de cabaças, agora possuem cabeças de cerâmica, pintadas em tons de terra para remeter à ancestralidade e à conexão com a terra. Além disso, a obra busca lembrar a importância do legado de Franklin Cascaes, cujas 3.000 peças em cerâmica figurativa estão preservadas no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC.
“O objetivo é lembrar que o presépio é mais do que uma peça decorativa; ele é um documento cultural que conecta passado, presente e futuro”, destaca o artista.
A mensagem central do presépio
Apesar das inovações, a mensagem do presépio permanece intacta: celebrar o nascimento de Jesus e seu papel na humanidade. “O presépio da Praça XV é o único no mundo que destaca Jesus como rei e sumo sacerdote, que voltará para buscar os seus. Essa é a essência da nossa obra”, conclui Jone.
Com sua riqueza de detalhes e a profunda mensagem de fé, o presépio da Praça XV segue encantando moradores e visitantes, reafirmando Florianópolis como um dos maiores ícones culturais e religiosos do país.
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