Minuta de golpe assinada por Bolsonaro foi destruída por militares, aponta PF

Mauro CidAgência Brasil

A Polícia Federal (PF) revelou informações que apontam para a destruição de um possível decreto de golpe de Estado assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o relatório da PF, a captura de telas de mensagens entre militares sugere que, em determinado momento, integrantes das Forças Armadas rasgaram o documento que teria sido assinado por Bolsonaro, em uma tentativa de golpe após as eleições presidenciais de 2022. A informação é da CNN Brasil.

“RIVA encaminha o que seriam informações da reunião do então presidente JAIR BOLSONARO com o seu vice, General Mourão e outros Generais. RIVA diz que Mourão negociou com outros generais a saída do JAIR BOLSONARO, chamado de ’01’, fazendo referência à tentativa de golpe de Estado no Peru. Em seguida, RIVA diz que os militares rasgaram o documento que JAIR BOLSONARO tinha assinado. Diz: ‘Rasgaram o documento que o 01 assinou’, possivelmente se referindo ao Decreto de Golpe de Estado. Em seguida, passam a atacar os integrantes do Alto Comando do Exército”, diz o relatório da PF.

Os diálogos, trocados entre o tenente-coronel Sérgio Cavaliere e um interlocutor identificado como “Riva”, foram encaminhados ao também tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

No diálogo transcrito pela PF, “Riva” menciona que, durante a reunião, Mourão teria discutido com os generais a saída de Bolsonaro, além de mencionar o possível envolvimento de militares de outros países.

A conversa segue com críticas a outros membros do Alto Comando do Exército, e “Riva” descreve a situação como uma traição à pátria. “No meu vago conhecido e entendimento isso se assemelha e traição à pátria, lesa pátria. #conhecimento. Isso independente da patente. Isso é de embrulhar o estômago”, escreveu.

Interações de Cavaliere e Cid

Após o envio das capturas de tela ao tenente-coronel Mauro Cid, Cavaliere questiona a veracidade da informação compartilhada por “Riva”. “Confere?”, perguntou.

Cid respondeu com uma mensagem afirmando que a história não ocorreu exatamente como descrita, mas que estava gravando um áudio que seria apagado em seguida. A PF não conseguiu recuperar os áudios, que foram apagados logo após serem enviados.

Nas mensagens subsequentes, Cavaliere e Cid discutem suas impressões sobre o ocorrido, com Cavaliere dizendo: “Fomos covardes, na minha opinião.” Cid concorda, dizendo: “Fomos sim…Do Pr e os Cmt F”, uma possível referência ao Presidente da República e aos Comandantes das Forças, conforme interpretado pela PF.

Transcrição do diálogo

Riva: Estou escutando a história do Mourão e estou abismadooooooo. Fora os outros GEN. Na REUNIÃO com o 01 e o que eles fizeram.

Contato: Diga.

Riva: O Mourão negociou com outros Generais a saída do 01, falando que o Peru era logo ali; Rasgaram o documento que o 01 assinou; Estava em reunião com o vice da China com relação a Huawei aqui no Brasil. Tinha informando do [emoji de ovo] de leva e trás.

Contato: Gen Stumph.

Riva: Sim. Outro amigo do FHC. Negociando cargos no governo para parentes inclusive.

Contato: Vergonha eterna esses integrantes do ACE.

Riva: No meu vago conhecido e entendimento isso se assemelha e traição à pátrica, lesa pátria. #conhecimento. Isso independente da patente. Isso é de embrulhar o estômago.

Contato: Decepção sem tamanho.

Em contato com Cid, Cavaliere questiona o colega a respeito da veracidade do relato feito por Riva. Após encaminhar as capturas de tela a Cid, Cavaliere questiona o militar: “Confere?”.

Cid responde: “Mais ou menos. A história não foi bem assim. Vou gravar um áudio e depois apagar.”

Conforme explica a PF no relatório, Cid encaminhou duas mensagens de áudio, que foram apagadas na sequência e não recuperadas pelos investigadores.

Em seguida aos áudios, Cavaliere afirma: “Fomos covardes, na minha opinião.”

Cid concorda: “Fomos sim…Do Pr e os Cmt F”; possivelmente uma abreviação para Presidente da República e Comandantes das Forças, indica a PF.

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