O Natal já está batendo à porta e, com ele, toda a magia dessa época, acompanhada de tradições que encantam diferentes gerações. Entre os principais símbolos da festividade está o panetone, que se tornou um verdadeiro clássico nas mesas ao redor do mundo. Com sua massa fofa e recheios que variam entre frutas cristalizadas e chocolate, a delícia é considerada presença obrigatória para quem deseja viver o espírito natalino.
Diante de tanta popularidade, uma dúvida paira em relação a origem do produto. O panetone tem suas raízes na Itália, mais especificamente em Milão, onde surgiu como uma receita ligada a histórias e tradições da corte renascentista. A lenda mais popular diz que o inventor do panetone foi Toni, um ajudante de cozinheiro do duque de Milão Ludovico Sforza, chamado “Il Moro”, no final do século 15.
Na véspera de Natal, durante um banquete da nobre família Sforza, um incidente quase arruinou a celebração: o cozinheiro queimou a sobremesa. Para contornar o problema, Toni, seu ajudante, recorreu a um pão fermentado que havia reservado para as festividades. Com um toque de criatividade, ele acrescentou farinha, ovos, passas, frutas cristalizadas e açúcar, criando uma massa leve e saborosa.
O resultado foi tão surpreendente que encantou a família Sforza, que decidiu batizar a nova iguaria de pan di Toni. Com o tempo, o nome evoluiu para o famoso panetone. Ao longo dos séculos, o prato típico de Natal cruzou fronteiras, incorporando adaptações e novos sabores, mas mantendo sua essência como símbolo de união e celebração.
Outra versão sobre a origem do panetone envolve Ughetto degli Atellani, um jovem milanês que se apaixonou por Adalgisa, filha de um padeiro. Para conquistar a amada e ajudar a salvar o negócio da família dela da falência, Ughetto teria criado um pão especial, enriquecido com manteiga, mel e frutas. A receita fez tanto sucesso que trouxe prosperidade à padaria e garantiu o amor de Adalgisa. Outra narrativa credita a criação a Irmã Ughetta, uma freira de um humilde convento nos arredores de Milão. Ela teria inventado uma nova receita de pão, com frutas e mel, para alegrar as irmãs em uma celebração de Natal, dando início à tradição.
Como o panetone se popularizou no Brasil
No Brasil, a popularização do panetone é creditada a Carlo Bauducco, que desempenhou um papel fundamental na difusão do produto no país. A trajetória começou em 1952, com a abertura da Doceira Bauducco no bairro do Brás, em São Paulo, uma região marcada pela forte presença da comunidade italiana.
Carlo Bauducco, empresário italiano, chegou ao Brasil em 1949 trazendo consigo a receita original do panetone italiano, cuidadosamente escrita à mão, e o segredo da massa madre — um fermento natural feito de farinha e água, essencial para o preparo do tradicional doce de Milão. Ciente do potencial de sucesso entre a vasta comunidade italiana em São Paulo, Carlo decidiu investir na produção local da iguaria natalina, apostando em um mercado promissor.
Junto de sua esposa e seu filho, ele fundou a empresa que, anos mais tarde, se tornaria uma das mais reconhecidas do Brasil. Além de consolidar o panetone como um clássico nas festas de fim de ano, a família Bauducco também revolucionou o mercado ao criar o Chocottone, uma versão inovadora com gotas de chocolate substituindo as tradicionais frutas cristalizadas.
A ideia surgiu de Massimo Bauducco, neto de Carlo, ao observar que muitos de seus amigos adoravam o panetone, mas evitavam as frutas. O produto foi um sucesso imediato, conquistando especialmente o público jovem. O termo Chocottone é registrado e exclusivo da marca, mas sua popularidade inspirou o surgimento de versões similares por outras empresas, ampliando ainda mais o mercado desse tipo de doce.
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