A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (26), uma ofensiva para desarticular um grupo formado por três fintechs, que teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos para “diversas organizações criminosas”.
O sistema bancário paralelo era mantido entre pessoas e empresas, proporcionou ganho, entre crédito e débito, R$ 120 bilhões de reais. O líder do grupo, sozinho, teria movimentado em R$ 800 milhões apenas em 2024.
Segundo a PF, as fintechs investigadas montaram um “complexo sistema bancário paralelo e ilegal” movimentando bilhões de reais dentro do país e a partir, ou para países, como EUA, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e especialmente Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
Cerca de 200 agentes foram às ruas para cumprir 16 ordens de prisão preventiva e 41 ordens de busca e apreensão. A ofensiva mira supostos crimes contra o sistema financeiro, ocultação de capitais, organização criminosa e evasão de divisas.
A Operação foi batizada Tai-Pan em referência a uma obra chamada chefe supremo. Segundo a PF, o livro é ambientado no século XIX, e conta a história de um empresário responsável pelo transporte e comercialização de mercadorias chinesas para o mundo.
Operação cumpre mandados na Grande Florianópolis e outras 10 cidades
As ordens foram expedidas pela Justiça Federal e são cumpridas em endereços residenciais e comerciais, nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Ceará e Bahia, além do Distrito Federal.
As diligências, contra o sistema bancário paralelo, ocorrem nas cidades de Campinas, Cajamar, Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Paulo, Brasília, Vila Velha, Foz do Iguaçu, Fortaleza, Florianópolis, São José e Feira de Santana.
Segundo a PF, novos modelos e instrumentos de lavagem e evasão de divisas permitiram que o crescimento das movimentações do grupo, que saltaram da casa de milhões de reais para valores na casa de bilhões de reais. Por essa razão, a Justiça Federal ainda determinou o bloqueio de bens e valores de mais de R$ 10 bilhões contra mais de 214 pessoas jurídicas.
Entenda como operava sistema bancário paralelo
As investigações sobre o sistema bancário paralelo tiveram início em 2022 e apontaram que, para o funcionamento do “robusto e ilícito sistema financeiro”, o líder da organização criminosa abria empresas e contas bancárias com capacidade de movimentação de R$ 2 milhões por dia.
A Polícia Federal indica que o esquema investigado conta com a participação de dezenas de pessoas, “envolvendo estrangeiros e brasileiros nas mais variadas funções e atividades como policial militar e civil, gerentes de bancos e contadores”.
“O objetivo desse sistema era atender um fluxo constante de dinheiro para o território chinês, mas atendia a qualquer pessoa que quisesse ocultar capitais, lavar dinheiro ou enviar ou receber dinheiro do exterior, havendo indícios de envolvimento de grupos criminosos voltados ao tráfico de drogas, tráfico de armas, contrabando, descaminho e outros crimes”, dizem os investigadores sobre ofensiva.
A PF identificou algumas estratégias usadas pela quadrilha para a lavagem de dinheiro, como boletagem, uso de empresas de fachada, terceiros como laranjas e testas de ferro, falsificação de documentos de importação e exportação, pulverização de operações bancárias, operações de câmbio fraudulentos, coleta de dinheiro em espécie em estabelecimentos comerciais de varejo e dólar-cabo, fintechs, contas bolsões e transposição de recursos para criptoativos, especialmente stablecoins (USDT e USDC).